Posted by : Testarossa
quarta-feira, 4 de julho de 2018
Em algum momento, criou-se a ideia de que clichês são elementos malignos de uma obra. Hoje demonizar obras que usam clichês é a norma, falando como se todo clichê fosse a mais pura falta de criatividade, ignorando todo o processo criativo da obra e como tudo funciona de fato. Mas existe uma contradição nessa narrativa que muitos convenientemente tentam manipular para não parecerem estarem errados: Todas as obras usam clichês. Uma obra "não-clichê" nada mais é que uma grande farsa adotada normalmente por pessoas que acreditam que clichês são aquelas meia dúzia de elementos que acontecem em animes de um determinado gênero.
É claro, se você quer odiar clichês, admitir que sua obra favorita usa vários clichês seria estranho, certo? Por isso muitas pessoas simplesmente consideram os clichês que elas não gostam como clichês e os que elas gostam como algo "não-clichê", o que é uma mentalidade até que meio infantil se me perguntassem.
Clichês nada mais é que um elemento narrativo usado diversas vezes, então é impossível não existirem clichês em uma obra. O que realmente separa as coisas são as obras que sabem usar seus clichês de maneira positiva ou na medida certa e as obras que não tem nada mais para oferecer além dos clichês ou os usam da pior maneira possível.
O desafio hoje é abrir a mente e aceitar este fato: Toda obra é composta por seus próprios clichês, alguns que você gosta, outros que você não gosta. Ao invés de fazer o que todo mundo faz, que é só falar mal de clichê e fingir que eles não existem nas obras que essas mesmas pessoas gostam, aqui eu estou os desafiando a postarem 5 clichês que vocês gostam e 5 clichês que vocês não gostam.
Evidentemente, também estarei fazendo a minha parte, então chega de enrolar e vamos a minha lista:
Clichês que gosto
- Poder da Amizade
Começando já com um polêmico! Com uma grande ajuda de Fairy Tail, o poder da amizade se tornou um dos clichês mais odiados da era moderna, muito pela péssima maneira com que foi usado em animes mainstream, criando a ilusão de que usar esse clichê automaticamente faz ser um erro. No entanto, tendo visto diversas vezes esse clichê não só ser bem utilizado, como criando cenas realmente bonitas e/ou impactantes bem convincentes. Demonstrar o quão longe os laços de amizade podem levar uma pessoa é incrível quando não é usado de forma incoerente e superficial igual nosso amado Fairy Tail fez.
- O último a chegar
Quem nunca viu uma cena onde você esperava a chegada de um personagem, mas ele só apareceu no último momento? Esse é um clichê bem interessante, pois é sempre usado para aumentar o drama de uma certa cena, a não ser que seja uma obra de corrida.
Quando bem feito, consegue gerar cenas realmente emocionantes, ou realmente tensas caso realmente consiga te deixar na duvida de "ele vai conseguir chegar à tempo?". É um clichê muito usado, mas que costuma me agradar quase sempre.
- Importante sacrifício
Em muitas obras existem personagens que precisam de um baque emocional para tomarem o rumo certo ou mesmo reagirem a uma situação difícil. Um dos clichês que exploram isso é o sacrifício de um personagem importante para o protagonista ou algum outro personagem. É um clichê que quando bem usado pode abrir diversos caminhos diferentes para a história e tornar a obra uma coisa completamente diferente do que era antes. É um clichê tão legal, na minha opinião, que quando um autor decide optar por não matar um personagem no momento perfeito, você até fica fantasiando como a obra poderia ter ficado caso tivesse seguido aquele rumo.
- Felizes para sempre
Em um passado muito distante as obras costumavam ser trágicas, mas isso mudou com o tempo e o final feliz, ou "o bem sempre vence no final" se tornou a norma. No entanto, nos tempos atuais mais e mais pessoas parecem adorar o que é trágico, finais ruins é uma receita de sucesso fácil com uma parte das pessoas atualmente, independente da real qualidade da obra. Eu gosto de finais felizes, contanto que sejam bem feitos, eles me trazem uma sensação de satisfação bem maior do que finais trágicos, principalmente quando a obra pede por um final feliz. No fim, entre clichês de finais felizes bem feitos e clichês de finais tristes bem feitos, eu preferiria os finais felizes (Na verdade dependeria da obra em si, com o que cairia melhor com a mesma).
- Conversão
Em incontáveis obras os vilões e antagonistas não são monstros sem coração, mas sim pessoas com suas próprias circunstâncias. A conversão de vilões e antagonistas é sempre algo que acho interessante de se ver. Acima de tudo é o tipo de personagem que quando troca de lado tem a chance de ter o maior desenvolvimento e acaba sendo um dos que tem mais história por trás.
Clichês que não gosto
- Romance nunca deve ser fácil!
Obras de romance focadas só no casal em si, sem terceiros envolvidos em algum momento, são difíceis de achar dentro do gênero. É um clichê que muito me incomoda pois em praticamente 100% dos casos é algo completamente inútil em todos os aspectos, quase um filler. Só tá ali pra enrolar a trama e estender a obra até chegar no final óbvio. A não ser que você busque surpreender fazendo algo diferente do padrão, é sempre um incomodo ter que lidar com isso.
- O pervertido
Personagens que se resumem a perversão são extremamente irritantes para mim. Parece que dá sempre pra ir além, chegando em um ponto que até a lógica é deixada de lado pelo personagem só pela perversão. Consigo fazer vista grossa para um ou outro momento, mas quando é isso o tempo todo tira até minha boa vontade com a obra em si.
- Crianças
Quando se trata de crianças, é sempre acerto ou erro. Crianças costumam seguir certos padrões específicos de personalidade e quando são o foco, costumam gerar momentos bem incômodos na obra. Existe a criança extremamente perturbada e a criança extremamente revoltada. O clichê principal que segue essas duas personalidades é o problema familiar, algum problema na família faz ela ficar daquela forma (E muitas vezes nem faz sentido ela ficar daquela forma) e cabe aos personagens principais mudarem o comportamento dessa criança, o que sempre rende típicos momentos que até irritam.
- Todos estão errados, só eu estou certo.
Esse é um caso um pouco mais complexo. Que o protagonista normalmente é favorecido pelo roteiro todo mundo já sabe, o que muitos não percebem (Só quando vai contra algo que elas acreditam) é que isso vai bem além do que o padrão. Existem muitos casos onde o protagonista se vê em uma situação onde seu ponto de vista ou opinião é totalmente o oposto do resto das pessoas e muitas vezes é algo absurdo que você até acha difícil de aceitar. Porém, costuma acontecer muito em casos assim de haver uma situação clichê onde o roteiro mexe todas as peças para que algo que prove que todos estavam errados e o protagonista certo desde o começo aconteça. É difícil de engolir tamanha conveniência de roteiro às vezes.
- O primeiro a chegar leva!
Algo que muito me incomoda nos romances, principalmente os que possuem mais de uma parte envolvida, é que no fim das contas o(a) protagonista sempre termina com a primeira pessoa que encontra na obra e isso me deixa muito agoniado. Imagina você começar uma obra relativamente longa e uma das suas primeiras cenas é a obra te dizendo o final. Você vai a jornada inteira sabendo como vai terminar o romance, então é como se você já tivesse visto o final isoladamente e agora voltou para ver "como aquilo aconteceu". O pior é quando a obra não parece que tenha espaço para o romance entre os personagens principais, mas como se fosse lei, o autor dá um jeito de fazer o clichê mesmo que da pior maneira possível.
No final, vale lembrar que todos os clichês que gosto podem ser horríveis se mal utilizados, assim como os clichês que eu não gosto podem ficar legais se bem feitos, tudo depende de como é executado.
A ideia desse quadro é tirar as pessoas um pouco da sua zona de conforto, desafiar as pessoas a listarem coisas que elas não costumam pensar sobre (Ao menos do lado positivo dessa lista atual). É um quadro muito específico que dificilmente conseguirei trazer várias edições em pouco tempo, mas pode ser interessante se posicionar em aspectos que você normalmente não fala ou nem sequer pensa, certo?
Hoje escolhi 5 bons e 5 ruins, mas não quer dizer que são os únicos, poderia listar mais de cada em uma possível parte dois do desafio ou apenas mais clichês que gosto para aumentar a dificuldade.
Mas e aí, quais são os 5 clichês que você gosta? E os 5 que não gosta? Liste-os aí. Saraba Da!