• Posted by : Testarossa segunda-feira, 2 de julho de 2018


    Alguma vez na vida você já deve ter visto alguém falar, ou você mesmo ter dito, esse argumento. Assim como vários outros, esse é um argumento que levanta muitos questionamentos, positivos ou negativos, de quem o ouve/lê e de quem o usa. Existe muitas variáveis para isso, e esse será o tema da discussão de hoje.

    Apesar de nunca ter usado esse argumento em uma discussão antes, admito que já me passou pela cabeça dizer isso para algumas pessoas. É uma situação complicada, pois você obrigatoriamente precisa das peças certas para que dizer algo assim faça sentido e não pareça uma maneira barata de sair de um debate.
    Pois sim, existem diferentes lados nesse argumento que vão desde sensato até desonesto. Vamos a exemplos.
    Supondo a seguinte discussão:

    Pessoa A: "Não gostei da obra, criou diversas pontas na trama e não amarrou nenhuma delas, os personagens foram muito contraditórios e a reta final foi anti-climática e mal resolvida."
    Pessoa B: "Você não gostou porque não entendeu, assista de novo."

    Aqui temos um exemplo de uma pessoa desonesta, que usou o argumento para fugir da discussão sem necessariamente estar errado e ainda colocar a culpa na outra pessoa. Muitas pessoas pegam esse argumento e usam dessa forma para se saírem bem, o que acontece com muitos outros argumentos. Basicamente explorando loopholes em coisas supostamente sensatas para tirar vantagem em um debate. Se tornaram argumentos prontos, por isso isoladamente não deveriam ser levados a sério, pois a pessoa do outro lado provavelmente só não sabe como contra-argumentar.
    No entanto, não significa que esse argumento é inválido em qualquer instância, para isso, vamos ao segundo exemplo:

    Pessoa A: "Não gostei do final. Quando parecia que o protagonista caminhava sozinho e seria o fim, os personagens que haviam morrido foram trazidos de volta a vida sem nenhuma explicação."
    Pessoa B: "Você não gostou porque não entendeu a cena. Os personagens mortos não voltaram a vida, foi o protagonista que morreu e encontrou aqueles que ficaram para trás."

    Nesse segundo exemplo, vemos uma cena um pouco mais simbólica onde no final da obra o personagem principal, o único a sobreviver, caminha sozinho até que encontra todos aqueles que morreram. A pessoa levou tudo de forma literal demais e acabou se confundindo, nesse caso ela não gostou porque não entendeu a cena em si. Usar o argumento nesse caso se torna válido, pois a outra pessoa explicou onde está o erro na argumentação da primeira pessoa.
    É notável onde a diferença está, no primeiro exemplo o argumento é usado isoladamente e em tese nem um argumento pode ser considerado, pois ele não diz nada basicamente. No segundo exemplo, além do argumento em si, a pessoa forneceu uma explicação do seu ponto de vista, mostrando para o outro que ele estava errado.
    Debate é isso, discutir dois pontos de vista diferentes apresentando cada um o seu lado. Quando um dos lados não tem absolutamente nada a oferecer, o debate não existe, só existe uma pessoa com um ponto de vista e outra querendo que o mundo pense como ela.

    Não é porque a pessoa não gostou de algo que você gosta que ela não entendeu o mesmo, da mesma forma, existe a possibilidade sim de você não ter entendido uma obra e não ter gostado por causa disso e não vai ser nenhuma vergonha admitir isso e procurar outras respostas, muito pelo contrário, será um favor ao seu intelecto. No entanto, também sempre existe a chance da pessoa ter entendido e mesmo assim não ter gostado, o que é totalmente normal também. Opinião não existe e nem deve existir apenas uma.

    Pode parecer estranho o que vou dizer agora, mas toda obra é diferente uma da outra, criada por pessoas diferentes ou mesmo quando pela mesma pessoa, criada com uma mentalidade diferente. Faço essa óbvia afirmação pois muitas pessoas costumam olhar as obras de maneira errada, o que leva a um possível mal entendido de muitas coisas. Cada obra deve ser vista individualmente, acredito ser o jeito mais fácil de ter um maior entendimento da mesma.
    Algumas das minhas obras favoritas já foram muito injustiçadas por isso, e são casos onde as pessoas reclamando teriam uma opinião completamente diferente em outras circunstâncias, se tivesse mais atenção, mais boa vontade e refletisse mais sobre, ao invés de descartar a obra imediatamente. Mas são apenas casos onde uma mente fechada acaba prejudicando o entendimento da obra em si, e isso não só pode acontecer, como acontece frequentemente.
    Quanto a quem usa o argumento para conveniência própria, bem... Se você não consegue nem sequer compreender as críticas ou reclamações da pessoa ao lado, será mesmo que você entendeu a obra que está defendendo? Fica a dúvida.

    E você? O que acha disso tudo? Deixe aí sua opinião. Espero que tenha entendido o que eu quis passar com esse post, pois no fim das contas tentar entender as coisas, seja elas obras, argumentos ou as próprias pessoas em si, não é só uma qualidade, como uma necessidade. Sair dessa bolha onde só você e sua opinião importam é algo que ajudará e muito a criar um ambiente melhor para todos nós, você incluso. Saraba Da!

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