• Posted by : Testarossa terça-feira, 12 de julho de 2022

     


    Tsuzuki Masaki, o criador de Mahou Shoujo Lyrical Nanoha e Dog Days, enfim decide criar uma nova obra, ou um novo IP, se preferir. Extreme Hearts é um anime que eu não sabia o que esperar. Talvez por não ler sinopses ou assistir PVs? Talvez. Mas o ponto é: O episódio de estreia me surpreendeu de algumas maneiras diferentes. Em tese, a premissa da obra é misturar esporte com idols. E como alguém que não é muito fã nem de animes de esporte, nem de animes de idols, eu devo dizer que o grande motivador pra mim acabou sendo mesmo o Tsuzuki Masaki. Nesse caso, aparenta ter sido uma escolha correta, porque o fator "criador de Nanoha/Dog Days" afeta drasticamente a forma que esse episódio foi apresentado. 



    Comparar Extreme Hearts com Nanoha e Dog Days pode não parecer fazer muito sentido, mas existe uma série de elementos bem específicos do estilo do Masaki que se destacam e dão um significado a essa comparação. Por exemplo, o anime tem uma pitada de sci-fi que só faz parte do cotidiano das personagens naturalmente. Aqui falamos de equipamentos como sapatos e luvas mecânicos que permitem as pessoas a realizarem feitos físicos além do comum, como uma alta velocidade ou força. Se trata de um Japão futurista, com inteligências artificiais avançadas e tudo mais. Algo similar ao que foi feito em Nanoha, até por essa tecnologia parecer um pouco com algo mágico por trás.

    A protagonista, Hiyori Hayama, é uma garota atlética que parece trabalhar entregando correspondências. Mas seu sonho, na verdade, é ingressar na carreira musical, algo que ela já tentou antes, mas acabou não dando certo. Eu admito que eu já estava comprando a ideia da obra aqui no começo, pois a forma que a Hiyori foi caracterizada não só foi bastante crível, como bastante humana também. Muito graças aos seus monólogos, onde ela reflete sobre sua carreira no mundo da música. Querer se lançar como um artista é um caminho complicado, às vezes depende de sorte, muitas outras vezes depende de contatos. Quebrar essa barreira por conta própria só dependendo do seu talento é insano, a não ser que você seja um gênio, o que não é o caso da Hiyori.



    Apesar de estar em um ramo diferente da arte, eu me identifiquei bastante com a Hiyori. E não é por causa da história dela em si, pois há varias similares, mas sim pela forma que os diálogos foram escritos. Comentários como o baixíssimo número de vendas que a música dela teve e como ela achava que a maioria que acabou comprando, comprou por dó. Eu sei que se eu vier a lançar um livro para vender, provavelmente estarei na mesma situação. Então eu consigo mesmo me colocar nos sapatos dela e dizer que é uma personagem escrita de uma maneira bem interessante. Mesmo nas inúmeras falhas e nos monólogos até melancólicos, a Hiyori não fica no estado de espírito que normalmente um personagem de anime ficaria, ela segue a vida e continua tentando. É um comportamento muito natural, auxiliado bastante também pela direção do Junji Nishimura, que consegue intercalar as ações, emoções e pensamentos da protagonista através de diversos takes que acrescentam aos monólogos dela. Seja ao receber mais uma rejeição em uma audição e transitar entre séria, sorridente, respirar fundo e comer com mais disposição (Perseverança). Seja ao mostrar seus instrumentos musicais e o calendário com uma foto da estreia dela como cantora (Amor à música). Seja ao mostrar um problema matemático no quadro enquanto ela comenta sobre suas inúmeras falhas (Solução de um problema). O diálogo entrega a trama, mas são cenas assim que dão credibilidade para a personagem.




    Uma das coisas que motiva a Hiyori é ela ter uma fã. Saki Kodaka é uma menina um pouco mais jovem que adora as músicas da Hiyori, com elas até se encontrando ocasionalmente para que a Saki ouça a Hiyori tocar pessoalmente. Eu posso afirmar que, quando você ama o que faz, mesmo que seja só um ou dois admiradores do seu trabalho a princípio, já é um baita motivador. Saber que tem alguém que genuinamente quer te incentivar a continuar fazendo o que você gosta é algo que precisa ser apreciado. É por isso que a súbita rescisão de contrato que a Hiyori recebeu da sua produtora visivelmente deixa ela abalada. Porém, com a introdução do Hyper Sports surge mais uma alternativa. A perseverança realmente é a característica principal dela e, se tem um ambiente em que pessoas perseverantes são bem-vindas, esse ambiente é o esporte. E no caso de Extreme Hearts, pelo visto, são os esportes. Aparentemente passaremos por vários, o que pode ser bom ou ruim, só vai depender de como vão explorar isso. 




    A Saki se apresenta como um polar oposto à Hiyori, no sentido de ter sido emocionalmente muito ferida pela frustração. As duas garotas formam um paralelo por passarem por grandes frustrações e usarem a música como uma forma de terapia. No caso da Hiyori, a música é quase um escudo que blinda ela da vontade de desistir. Enquanto para Saki, a música é como uma cura, que ajudou ela a superar a dor. No caso dela, a música em questão era a da Hiyori, o que explica a conexão das duas. Como um amante da música, acho o papel dessa arte na narrativa do anime algo muito bonito, mas que não foge da realidade. A música realmente tem uma força enorme sobre o nosso emocional, seja para empolgar, para deixar feliz ou até mesmo triste. Em todo caso, a Hiyori buscar divulgar sua música no Hyper Sports foi um gatilho para a Saki. O que gerou um pseudo-conflito que levou a introdução da última (?) protagonista, Sumika Maehara, amiga de infância da Saki e alguém bem capaz nos esportes que decide ajudar a Hiyori.




    Chegando aí, eu já estava achando o ritmo do episódio um tanto quanto acelerado. Já havia acontecido muita coisa e ainda aconteceria muito mais. Oras, só olhar o tamanho dessa análise destrinchando o episódio e já dá para ter uma noção. Acho que dava para ter esticado algumas cenas e ter terminado antes, mas hoje em dia já tem que ter a "ação" no primeiro episódio para que o público volte para o segundo, né? Eu não sei como a competição vai conseguir durar até o final do anime, ainda mais nesse ritmo, mas pode ser que tenham outras surpresas por aí, quem sabe.

    A inclusão dos androides alugados foi outra surpresa, mas como o anime é vago em relação a datas, facilita para fazerem coisas mais ousadas. Só não tão ousadas quanto criar uma competição onde você tem que aprender a jogar diversos esportes diferentes para competir. Daí até me lembro de Dog Days, onde guerrear se tornou um esporte (Ninguém realmente se machuca lá). A Sumika parece ser engenhosa e bem mais madura. Quando ela se prontifica a fazer a inscrição da equipe da Hiyori no Hyper Sports, dá a entender que o plano sempre foi incluir a Saki e a si mesma devido ao seu comportamento e diálogos meio vagos sobre a situação. Mas claro, para que a Saki entrasse de cabeça na competição, ela precisava quebrar esse medo de reviver seus antigos traumas. Que inclusive também é bem interessante como ela trás a questão de que o trabalho duro muitas vezes não é o suficiente e que só termina em frustração. Esse seria o caminho da Hiyori se as duas não tivessem entrado em campo, já que só a Hiyori com os androides estava sendo um baile do time adversário.




    Só acho que foi bem injusto as duas entrarem em campo sem nenhum aviso prévio haha. Tudo bem que a entrada triunfal é bacana, mas nesse caso acaba soando antidesportivo. Agora é ver a provável vitória delas e como o anime seguirá daí. No mais, apesar do Junji Nishimura ser um bom diretor, o anime tem uma animação bem limitada. É agradável aos olhos porque o design é bonito, os cenários são bem feitos, apesar de simples. Mas a animação em si é só ok. Realmente achei um bom episódio de estreia, com muito mais altos do que baixos. Uma ótima apresentação da protagonista, uma apresentação suficientemente boa das outras duas personagens principais e uma introdução a trama bem eficaz, embora um tanto quanto apressada. 

    Tem potencial esse Extreme Hearts, hein? Acho que poderia ter um ritmo menos acelerado, mas em termos de narrativa foi feito tudo o que um episódio de estreia pede. Não sabia o que esperar antes de assistir, continuo sem saber o que esperar dos próximos episódios, mas agora estou bem mais interessado no anime do que estava antes de começá-lo. Como o esperado do Masaki (Por enquanto). Saraba Da!


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