• Posted by : Testarossa sábado, 9 de julho de 2022

     


    Após 20 anos desde o lançamento da primeira adaptação, Tokyo Mew Mew ganha um novo capítulo como franquia, com uma nova adaptação modernizada. Como alguém que nunca assistiu o antigo anime e só parou para ler o mangá há alguns anos, esse novo anime está longe de ser uma forma de reviver algo nostálgico para mim, o que eu particularmente sempre considero algo positivo como alguém que realmente gosta de analisar as obras. Afinal, a tendência é a pessoa se tornar saudosista quando se trata da sua própria nostalgia, o que automaticamente colocaria qualquer coisa nova como ruim em comparação com o antigo. E eu digo isso porque esse episódio de estreia trouxe algumas surpresas bem agradáveis, de forma geral.



    Tendo lido o mangá, me surpreendeu o fato do início do anime ter sido bem diferente do início da obra original. Não dá para afirmar as intenções, mas o resultado foi um começo muito mais coeso do que era no mangá, tendo não só um roteiro melhor trabalhado, mas também com algumas mudanças que talvez nem fossem necessárias, porém são mudanças bem-vindas. Em todo caso, posso fazer uns comparativos no fim do texto a fim de curiosidade, mas não vou ficar misturando as duas obras.

    Diria que não é novidade para ninguém, mas a Ichigo é uma exemplar protagonista de mahou shoujo. Expressiva, jovial e, sobretudo, com muito espaço para o amadurecimento. Ter um teor de coming-of-age para sua protagonista é um elemento mais comum em mahou shoujo do que as próprias cenas de transformação. Quando a Ichigo demonstra, em um diálogo com suas amigas, que não sabe exatamente o que quer para o seu futuro, mostra um potencial para o desenvolvimento. Como as próprias amigas da Ichigo disseram: "Foque no Aoyama-kun", pois afinal, o interesse romântico da protagonista serve como um norte até para a própria série em si.



    O Aoyama-kun, que eu vou chamar só de Masaya mesmo, é revelado ser um rapaz muito preocupado com o meio ambiente e os animais, que no fim é o ponto principal de toda a narrativa de Tokyo Mew Mew. É através desse tópico que a Ichigo consegue convidar o Masaya para um encontro em uma exposição de animais em extinção, assim como isso está diretamente conectado aos novos poderes que a nossa heroína viria a ter. Pois bem, após ganhar ingressos de uma menina misteriosa e conseguir um encontro, Ichigo e Masaya nos oferecem o grande momento sério do episódio: A conversa sobre espécies ameaçadas e suas causas. 

    Em 2022 talvez essa conversa esteja até clichê, mas também não é como se estivéssemos fazendo muito para resolver o problema. E é esse o ponto chave, o Masaya demonstra um certo desgosto para com a humanidade por todo o dano que nós causamos no planeta. Essa conversa não fica batida porque estamos sempre causando mais problemas, do desmatamento à poluição, continuamos caminhando para a autodestruição. Porém, a Ichigo tinha uma perspectiva um pouco diferente, mais positiva, de que nós humanos também temos o poder de melhorar a situação. De certo isso daria muita discussão entre céticos e idealistas, então nem entro nesse mérito, mas foi uma situação que extraiu um pouco a mais da protagonista do que só o que ela sente pelo Masaya.



    Acontece que a garota que deu os ingressos para a Ichigo tinha um plano, que era conceder novos poderes tanto para a protagonista quanto para outras três garotas que estavam na exposição. E aí temos o confronto com o rato gigante, que tem toda a pinta de ser bem no estilo "monstro da semana" costumeiro do subgênero. Digo até que é certo que seguirão nessa formula, mesmo com o anime tendo apenas 12 episódios confirmados até então. Foi divertido ver todo o curto processo da Ichigo se transformando e entendendo que tem a capacidade de lutar. Aliás, todo o episódio foi uma demonstração bem crível das reações dela para cada situação. São pequenas cenas entre uma situação e outra que ajudam muito a caracterizar a personagem. Eu gosto que ela para pra se preocupar com sua aparência antes de chegar na exposição ou entra em pânico por estar dentro de um veículo junto de dois caras estranhos. 



    Eu admito que não tinha muita expectativa em termos de produção e isso talvez tenha afetado minha forma de enxergar o episódio, mas achei tudo até que bem feitinho. Os designs estão bem bonitos, teve algumas cenas com um acabamento muito bom e animação no geral estava ok. Claro, a cena de transformação estava ótima, mas se tratando de mahou shoujo é até melhor considerar como algo à parte, afinal, essa cena de transformação provavelmente vai estar presente em vários outros episódios e é um aspecto que os fãs dão muita importância, então é comum estar em um nível acima do resto do episódio. Estou gostando de como todos os personagens, principalmente a Ichigo, são bem expressivos visualmente, então mesmo que a animação venha a decair com o decorrer da série, torço para que esse aspecto se mantenha. 



    Foi uma estreia divertida e até promissora, eu diria. Acho que foi um episódio que tem tudo para agradar fãs do anime antigo, do mangá e até novos fãs que não conheciam Tokyo Mew Mew. Se vai se manter assim até o final já não posso dizer, mas eu honestamente torço muito para que esse projeto seja digno de elogios. Não só para termos mais um bom mahou shoujo nos tempos modernos, mas para que também seja uma grande homenagem para a Mia Ikumi, a ilustradora do mangá que infelizmente nos deixou cedo demais e não vai poder acompanhar essa nova jornada da franquia. 

    Sendo apenas um anime de 12 episódios, eu não sei realmente o que irão fazer nessa adaptação, visto que é um anime muito curto para adaptar o mangá inteiro. Mas acho que só iremos descobrir quando todas as garotas forem formalmente introduzidas ao elenco principal. Até lá, vamos curtindo a boa vibe que esse episódio de estreia passou!



    Bom, a análise do episódio já acabou, agora vou só comentar alguns devaneios que tive vendo o episódio e me lembrando do mangá.

    O anime optou por um começo bem mais elaborado do que o mangá, que já começa direto na exposição de espécies ameaçadas. Eu achei uma mudança bem positiva, visto que o mangá é meio forçado no início. Não nos é explicado muita coisa em relação ao casal principal e tudo ocorre como uma grande coincidência (Grande demais até para a nossa suspensão de descrença). Colocar toda essa etapa da Ichigo se interessando pelo Masaya e eventualmente conseguindo um encontro com ele foi um bom acerto, na minha opinião. Agora, fazer a Mint já ser parte do Projeto Mew Mew e arquitetar toda a situação para que as garotas recebessem os novos poderes foi uma sacada bem inteligente, pois eliminou o fator "coincidência demais para ser viável" e tornou a trama bem mais coesa. Embora agora exista uma necessidade de explicar como ela virou parte do Projeto Mew Mew para início de conversa.



    Algumas mudanças comportamentais me agradaram muito também, tipo o Masaya ser um pouco mais emotivo. Mas o mais importante foi fazer a Ichigo ser impactada pela realidade sobre o meio ambiente e os animais. No mangá ela não dá a mínima para o tópico e só queria aproveitar o encontro mesmo. Dessa forma nova ela se encaixa muito melhor na trama e no papel de heroína em si.

    Por fim, modernizar todo o cenário da obra foi essencial. Na época do mangá eram mais de 2,500 espécies ameaçadas de extinção no planeta, hoje esse número já é maior que 15,000. Bem ou mal quando se trata do estado do planeta, é necessário atualizar a obra para que a mensagem seja não só correta, como também honesta. Mas não para por aí, outro detalhe que eu curti foi terem inserido os óculos de realidade virtual no museu, uma tecnologia mais recente que serve como uma ótima desculpa para o anime nos mostrar aquelas várias cenas legais de vários animais diferentes. 



    Ademais, coisas como a Mint já ter sua transformação mesmo sem ter tido um episódio dedicado a ela ainda são mudanças que só dará para opinar melhor mais para frente. Até porque o próximo episódio, que em tese seria o da Mint, será o da Lettuce. Visto todas as mudanças que fizeram, é bem possível que venham mais pela frente. Até aqui, e sei que é cedo para dizer isso, foram mudanças bem conscientes e que podem indicar um anime bem amarrado, mesmo que não termine a trama nesses 12 episódios (E nem pode, pois se tentarem ir por esse caminho, vai faltar episódio para desenvolver a história direito). Acho que tem alguns pontos do mangá que seria realmente uma boa se fosse diferente nessa nova adaptação, o começo era um deles e acertaram na adaptação. Por hora, ficamos por isso mesmo, mas animado para ver o que vem por aí. Saraba Da!



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