• Posted by : Testarossa sábado, 13 de agosto de 2022

     


    O episódio 5 de Extreme Hearts tinha o grande potencial de me perder no meio do caminho por eu ser completamente ignorante sobre beisebol, que é o esporte em foco dessa vez. No entanto, vejam só, havia uma agradável surpresa me aguardando. A missão de recrutar um novo membro para o grupo aponta diretamente para a Yukino Tachibana, a protagonista desse episódio. Quem é Yukino? Ao longo de múltiplas etapas que acompanhamos nesses 20 minutos, obtivemos uma resposta mais do que satisfatória. Ainda assim, a resolução da sua trama só acontecerá no episódio seguinte, o que é uma escolha acertada pois permitiu que houvesse um aprofundamento decente no drama pessoal da personagem. 




    A investida da Hiyori foi firme, talvez até um pouco invasiva, uma postura completamente distinta do que vimos no primeiro episódio, onde ela aceitou o desafio impossível de competir no Hyper Sports sozinha. Já no início o anime deixa margem para entendermos que há uma questão mal resolvida que faz a Yukino ficar hesitante em aceitar o convide da Hiyori. Cheguei a pensar que fosse ser um problema além do alcance da própria Yukino, mas eventualmente descobriria que é uma questão inteiramente só dela com ela mesma. Ainda assim, ela aceita assistir as meninas treinarem por livre e espontânea pressão. Acho inclusive um detalhe muito legal a comunicação da Hiyori com a Sumika e a Saki. Uma cena que pode parecer pouco, dela ligando para contar para as duas o contato que teve com a Yukino e seus planos, mas que acrescenta para a dinâmica delas como uma equipe. Tanto é que a Sumika pensa "bom trabalho, capitã!", pois amigas a gente já sabe que elas são, mas mostrar elas como uma equipe unida fora das quadras e campos também é relevante.




    Durante os treinos, podemos observar como a Yukino é uma potência. Extremamente capaz como rebatedora e como apanhadora, um talento que justifica a insistência e expectativa das meninas em recrutá-la, pois sem dúvidas seria uma jogadora que mudaria completamente as condições da partida complicadíssima contra a Banshee que as aguardam. Se quiserem ser mais dramáticos, podem até dizer que ter ou não a Yukino com elas vai ser o fator que vai decidir o futuro profissional delas. E nisso, lembramos que desde o episódio 1 o anime nos mostrava sobre como o beisebol é a especialidade da Sumika também, tal como o futebol é a da Saki. Então o embate entre a Sumika e a Yukino desperta um espírito competitivo nelas que faz o treino ser algo muito mais realizador do que o normal. As duas podem se soltar e dar o seu melhor em um esporte que elas parecem amar, esportivamente conversam no mesmo idioma. Uma das coisas que mais pode aproximar facilmente dois estranhos, sem dúvidas, é o esporte.




    É bacana quando uma cena que poderia ser básica ao ponto de só servir para mostrar como a Yukino é talentosa, também ter o propósito de mostrar a dualidade que a personagem cria nesse episódio: Por um lado, claramente gosta do esporte, das meninas e de estar ali, mas por outro também está claramente hesitante de se considerar parte da equipe por motivos pessoais. Esse é um ponto chave que, na hora que assistimos, não dá para percebermos pela falta de informação, mas ao terminar o episódio, dá para ver que é um conflito clássico do lazer contra o dever. Mas é interessante pensar que a Yukino diz que não tem tempo para praticar com as garotas, mas ao longo do episódio não demonstra ser tão ocupada assim. Isso porque o grande compromisso dela é puramente emocional, não algo concreto. O que faz com que ela provavelmente se sinta culpada de estar dedicando seu tempo ao seu hobby. 




    Claro que a Hiyori iria arrastar a Yukino para o karaokê, até por ela ter parecido ser receptiva a ideia de entrar para a RISE. Ali elas descobrem que estão diante de uma possível integrante que simplesmente subiria o patamar da RISE como grupo. Além das capacidades atléticas, a Yukino também é uma ótima cantora. Vale lembrar que no segundo episódio, quando a Sumika e a Saki cantam pela primeira vez, o anime faz questão de transparecer as limitações técnicas delas. Já aqui é o contrário e nos é mostrado alguém com bastante potencial nessa área também. Enka é um estilo músical bem impactante, na minha visão, o que faz o momento ser até encantador. Ela tem uma voz mais profunda, o que dá um contraste forte em comparação com as outras três. Só não imaginava o quão significativo era a escolha de música dela ser inspirada pelo seu pai, que logo após essa cena viríamos a descobrir sobre sua trágica história.




    Afinal, quem é Yukino Tachibana? Uma jovem de uma família tradicional que perdeu o pai e o irmão em um acidente de carro, restando uma família apenas com o avô debilitado dela, a mãe e, claro, ela mesma. A mãe segura a barra sozinha, uma situação terrível, visto que os negócios da família precisam continuar, a casa (mansão) tem que ser mantida em ordem e tem que cuidar da saúde do avô da Yukino, nem tempo para o luto de ter perdido o marido e o filho ela deve ter tido. As condições adversas inevitavelmente impactam o emocional da Yukino, que era uma menina que tinha uma vida comum e muita margem para se tornar uma grande atleta. Não existe espaço para o egoísmo, tal qual a Yukino então prefere abdicar do seu ser para buscar assumir a posição de chefe da família, tocar o dojo e tudo mais. Em respeito a mãe, ao avô, mas inevitavelmente as memórias do seu pai e irmão. Uma missão de vida, envolto de honra. Por isso o título do episódio é "Coração de Samurai". 




    Mas, como eu disse mais acima, é um conflito dela, com ela mesma. Pois nasceu em uma família ótima que entende o mais óbvio dessa trama: A Yukino não tem idade para carregar um fardo desses. É tornar adulto alguém que nem terminou a adolescência ainda. Acho vital as palavras da mãe, que diz que ela precisa ir viver a vida, fazendo as coisas que gosta, aproveitar uma fase da vida que ninguém deveria perder. Seria um peso nas costas à menos para a família, caso a Yukino assumisse a liderança, a própria mãe diz isso. Mas se o custo para isso for ver a filha jogar sua juventude fora, então não vale a pena. A Yukino, no entanto, parece ter na sua mente um caminho bem definido, começando até a ignorar as mensagens e ligações das meninas. Quase como se seguisse o bushido. "Seguir o bushido é dar ênfase à lealdade, fidelidade, auto sacrifício, justiça, modos refinados, humildade, espírito marcial, honra e, acima de tudo, viver e morrer com dignidade".




    As garotas não podem, no entanto, ficarem presas tentando quebrar essa disciplina de auto sacrifício da Yukino. O tempo é um fator independente, que estará sempre se movendo não importa o que aconteça. Elas precisam se preparar para enfrentar a Banshee com ou sem a Yukino. O que significa uma possível nova entrada triunfal durante uma partida? Afinal, que a Yukino vai entrar para a RISE a gente já sabe desde que a abertura do anime apareceu pela primeira vez. E sabemos que é até um clichê dos próprios esportes a virada heroica após a entrada de um jogador durante a partida. No fim, a Yukino pode representar um futuro mais feliz que infinitas pessoas nunca puderam ver, pois no mundo o que não falta é história de jovens que precisaram largar suas juventudes para assumirem responsabilidades que não cabiam a eles naquela altura da vida. A oportunidade está aí, um grupo honesto e do bem para se fazer parte, uma família que te dá todo o apoio. O ideal da Yukino é nobre, sem dúvidas, mas é um ideal que deveria ser cogitado 5 ou 6 anos mais tarde. Por hora, a Yukino escolheu pegar o bastão errado, veremos no próximo episódio. Saraba Da!

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