• Posted by : Testarossa sábado, 6 de agosto de 2022

     


    Era visível que a Mint precisava de um episódio foco, visto que ela seria a única que não teria um "episódio de introdução", e aqui está ele em toda sua plenitude. De fato, tanto em termos de narrativa quanto em termos de construção de personagem, o episódio se sai muito bem. O impacto das breves palavras da Zakuro para a Mint eram notáveis, é basicamente a famosa expressão "indo do céu ao inferno" sendo colocada em prática. Quanto maiores as expectativas, mais devastador é uma possível decepção. E nesse caso é algo que conversa com os tempos em que vivemos hoje, a imagem do ídolo perfeito está no imaginário de muita gente nas redes sociais. Só que no fim das contas a pessoa não conhece realmente o seu ídolo, apenas o que ele se propõe a mostrar ao público.



    Tanto a forma quanto a Mint enxerga a Zakuro quanto a forma que o grupo das Mew Mew se comportam em batalha foram coisas que citei que seriam empecilhos no recrutamento da Zakuro. O argumento fica muito enfraquecido quando essas relações são tão bagunçadas. Nesse episódio essas duas frentes foram trabalhadas, o que foi ótimo para o contexto geral da trama. As meninas irem até a casa da Mint para tentar animá-la estreitou os laços de amizade entre elas ao ponto de se aproximarem mais do que pode ser uma equipe confiável. Claro, nesse meio temos um apanhado de cenas bem divertidas, sobretudo a guerra de travesseiros que permite as garotas se abrirem emocionalmente umas com as outras. Momentos assim talvez não sirvam para progressão da história, mas definitivamente ajuda muito a construir um carisma e uma simpatia em cima do grupo. 



    O ponto vital dessa boa cena fica para a história da Mint como pessoa. É um absurdo a sociedade esperar que você termine o ensino médio já certo do que você vai querer fazer para o resto da vida, isso não acontece na maioria absoluta dos casos. Então é natural que, conversando sobre os seus futuros, as meninas não saibam ou tenham respostas vagas sobre o que querem fazer da vida. Porém, muito pior do que isso é ter seu futuro definido por terceiros e antes de sequer atingir a maioridade, como é o caso da Mint. Na mente da sua família, ela é muito nova para ter opiniões próprias, então eles decidem por ela. Essa é uma mentalidade que, no fim das contas, acaba desconsiderando a pessoa como seu próprio ser. A pessoa não passa só a ter sonhos, sentimentos e ideais quando chega na fase adulta, ela tem essas coisas desde a infância. É natural a frustração da Mint, é natural idolatrar a Zakuro, uma jovem da sua idade que já é (aparentemente) plenamente independente e é natural ela não se abrir com ninguém. Afinal, se nem na sua família te leva em consideração, porque um estranho levaria?



    Fazer parte do projeto Mew Mew faz com que a Mint sinta que suas ações e emoções sejam relevantes, em uma comparação bem deslocada, é como ter sua própria banda, sem o apoio dos seus parentes, onde você compõe músicas que carreguem seus ideais que todos ignoram. E, vejam só, é mais ou menos isso que aconteceu. Pois, no fim das contas, a Mint conseguiu um grupo de amigas que levam a sua opinião em consideração e se importam com o que ela sente. Chegamos no ponto onde ela tem com quem compartilhar seus pensamentos, logo no final da guerra de travesseiros. A união das quatro se tornou mais palpável, o que inevitavelmente reflete no progresso delas como uma equipe de Mew Mews. A não ser que usem alguma tática suja para pará-las, claro.



    E é aí que entra o Kish, que não satisfeito em tratar a Ichigo da pior forma possível, também resolve atacar o Mickey, o fofíssimo cachorro da Mint, e transformá-lo em uma fera descontrolada, também conhecida como "monstro da semana" em alguns recintos. Apesar de ser um alien, o Kish já está bem humano, pelo visto. O Mickey consegue trazer um apelo emocional para essa batalha pois, pouco antes, se mostrou ser o único em quem a Mint se sentia confortável o bastante para se expor emocionalmente. Apesar de tudo, a Mint ainda precisava crescer como pessoa, e para isso precisava de coragem para salvar o Mickey da possessão alienígena. As palavras de encorajamento da Ichigo, como sempre, são precisas. Ela tem a capacidade de conseguir se superar, todos nós temos. Às vezes outras pessoas ou até contextos em si acabam nos desencorajando, mas se for algo que depende só da gente, somos sim capazes de conseguir nos superar. 



    A Mint enfim percebe que não dá para recrutar a Zakuro do seu imaginário, pois ela não existe. Elas precisam conversar olho a olho, como iguais. É uma casca dura que precisa ser quebrada para chegarem no ser humano que está por baixo dessa figura pública. Mas claro, não antes de impedir mais uma tentativa do Kish de prejudicar as Mew Mew. Os dois pontos abordados nesse episódio, tanto a relação de idolatria das pessoas com as figuras públicas quanto a forma que a sociedade lida com o futuro dos jovens são tópicos bem quentes nos dias de hoje, o que tornam o episódio mais interessante do que ele já é. Que, inclusive, foi realmente um bom episódio. Saraba Da!

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