• Posted by : Testarossa quinta-feira, 22 de setembro de 2022


    Chega o grande clímax dessa primeira parte de Tokyo Mew Mew New e dá para dizer que aqui eles fizeram tudo muito certo. Não falo nem em questão de qualidade do roteiro, mas sim a condução da narrativa, junto ao fato de que, sim, teremos mais Tokyo Mew Mew New em 2023! A notícia foi dada logo após o término do anime e muito provavelmente teremos mais 12 episódios para fechar a história. Com essa preocupação fora do caminho, é natural observar que a narrativa dessa nova adaptação está sendo trabalhada por gente que entende o que a obra precisa fazer. O que é algo que me deixa contente pois fazer desse projeto algo digno era o mínimo que poderiam fazer em homenagem a Mia Ikumi, que infelizmente não está mais entre nós, mas tenho certeza que ela também ficaria feliz com o anime.


    Dito isso, falando do que aconteceu dentro dos 20 minutos do episódio, aqui é notável o quão "passo-a-passo" a obra fez o seu clímax. Da grande batalha "final" ao momento de desespero, do momento da renovação da esperança até a solução para o conflito, da resolução do arco até a realização do grande objetivo da protagonista. A grande calamidade do casulo, de onde saiu uma mariposa alienígena gigante, apesar de não ter sido necessariamente um oponente direto para as Mew Mew, serviu narrativamente para mostrar uma real calamidade na trama. O pólen tóxico que iria se espalhar por toda Tóquio se não fizessem nada e se espalharia ainda mais rápido se tentassem atacar a mariposa foi quase um "xeque-mate" para nossas heroínas. 


    Aí entra um fator essencial: A presença e liderança da Ichigo. Colocar a protagonista como líder da equipe de um mahou shoujo é padrão, mas dar motivos convincentes para ela assumir esse posto é um detalhe que nem sempre as obras dão o devido destaque. A equipe só se completou no episódio 6 e, de lá para cá, a Ichigo vem amadurecendo esse lado dela. Ela foi a que primeiro entendeu a posição que ocupava como uma Mew Mew e dali surgiu uma convicção que também é algo que molda um caminho pelo qual as outras garotas se sentem confortáveis em seguir. Aqui a gente vê como ela comanda a equipe e o fato dela buscar alternativas mesmo quando tudo parecia perdido é um motivador muito forte para manter o espírito de luta das outras aceso. 


    O que ela não contava é que a Mint estava em uma sinuca de bico na sua vida pessoal e que essa mentalidade da Ichigo, de buscar caminhos que vão de encontro com o que ela acredita, seria o empurrão que a Mint precisava para se reencontrar consigo mesma. Consequentemente isso levou a Mint a encontrar o Mew Aqua, o que é uma resolução muito inteligente pois é um vício muito comum de mahou shoujos desse tipo de fazer só a protagonista ser aquela que vai resolver tudo no final. Então é muito bom ver que é a Mint que encontra o Mew Aqua e salva a cidade, enfraquecendo a mariposa, ainda que tenha sido a determinação da Ichigo que levou a Mint para esse caminho. Mas bem, conhecemos isso como "trabalho em equipe", certo? E as Mew Mew certamente se provaram como uma, sobretudo nesse episódio, lutando juntas, se ajudando e, porque não, completando umas as outras.


    Vale destacar os vilões que conseguem sair um pouco do modelo básico de estrutura narrativa de um mahou shoujo do monstro da semana e oferecem ameaças alternativas que realmente consegue forçar as protagonistas a buscarem soluções alternativas para esses novos desafios. Não foi só nesse episódio, mas sim desde que o Tart e o Pie começaram a participar da trama. E é bom ver como o Kish é retratado quando em relação a sua obsessão com a Ichigo, pois é ali que ele realmente mais parece um vilão, devido a suas expressões e seus diálogos, além das suas ações. Após os fracassos consecutivos, já ali bem no pós-créditos do episódio, o anime enfim resolve inserir a presença do grande vilão da história. A existência por trás dos três alienígenas e de todo o plano de tomar a Terra. Com isso, temos todas as peças na mesa para uma continuação promissora em 2023.


    E, no fim, o anime termina com a consolidação da relação da Ichigo com o Masaya. Uma jornada longa e cheia de imprevistos. Eu não esperava uma cena tão emocionante depois de montarem um palco tão óbvio para tentar te emocionar: A Ichigo achando que a relação deles iria acabar, convenientemente começar a chover e ainda usar a abertura do anime de 2002 como insert song. É tipo um filme falar que vai jogar um jumpscare para te assustar e, logo em seguida, fazer exatamente isso. E mesmo assim a cena me impactou. Incrível! Mas foi um momento bem tocante, ainda mais quando as duas partes envolvidas estão tão emocionalmente expostas. A Ichigo chorando porque tudo deu certo no final é recompensador pelo próprio trajeto dela até aqui, mas o Masaya também chorando porque tudo deu certo no final mostra que ele também estava sentindo muito aquele momento. Que bom que o anime fez ser possível nos sentir felizes pela felicidade dos dois. Certamente o encerramento que essa primeira metade precisava.


    Vamos lá, considerações finais: Tokyo Mew Mew New foi um grande acerto da equipe de produção. Um dos maiores desafios de fazer esse tipo de nova adaptação de um mangá clássico e tentar ser moderno e ser fiel ao que o mangá representa. Trazer coisas do passado para o presente mantendo o nível de qualidade que tal obra tinha naquela época só que hoje em dia é muito complicado e vai sempre encontrar barreiras, seja com um novo público ou com fãs antigos que vão estar presos em um imaginário nostálgico onde o que é antigo é sempre melhor. Mas, como alguém que leu o mangá da Reiko Yoshida e da Mia Ikumi, eu posso dizer que Tokyo Mew Mew New fez o seu melhor para ser tão bom quanto o original. Claro, algumas barreiras eram inevitáveis, tipo a limitação da animação ou o fato de não estar trazendo nada de novo para a mesa (É adaptação de um mangá de 2000 de um gênero que existe desde meados do século 20, afinal de contas). Mas eu sempre gosto de frisar que o que importa é a execução, não o que está sendo feito. E TMMN é uma obra que tem suas ideias mais bem executadas do que mal. 


    É uma obra com vários pequenos deslizes, seja em conveniências de roteiro ou a falta de um trabalho melhor elaborado em cima de alguns personagens ou tópicos, mas que no todo acabam sendo mais arranhões do que buracos em si. Quero dizer com isso que, apesar da obra ainda não estar completa, ela é bem inteira. É um título relevante para o gênero mahou shoujo, mas acima de tudo é o resultado da culminação de um apreço muito forte pelo gênero. Com isso, sem dúvidas é uma obra que funcionaria muito mais para quem já gosta de mahou shoujo do que para quem não gosta tanto. Porém, é também uma obra que conversa bem com fãs de mangás shoujo ou romances no geral. Foi um bom anime que abordou temáticas importantes em alguns episódios e definitivamente me divertiu um bocado com sua liberdade criativa para caretas e outras expressões faciais. Estarei no aguardo para a segunda metade em Abril de 2023, sem dúvidas. Saraba Da!

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