• Posted by : Testarossa sábado, 24 de setembro de 2022

     

    No final da análise que fiz do episódio 10, comentei que acharia forçado a RISE vencer a May-Bee dentro do contexto que tínhamos até então, mas que era melhor esperar para ver o desenrolar do jogo para tirar conclusões. O episódio 11, penúltimo do anime, passa muito pelo entendimento do que é o esporte, sobretudo o esporte coletivo. O início da final foi avassalador, com a May-Bee conseguindo abrir 28 a 0 em uma pressão inicial muito intensa. O fator psicológico tem sido algo que tem protagonizado os jogos desde as semifinais e aqui a RiN novamente externa como o mental é atingido pelo contexto do jogo. Para diferentes margens de diferenças de pontos, existem diferentes mentalidades. Quando o adversário se distancia demais no placar, é natural que o time comece a se sentir desmoralizado. No esporte, principalmente os de equipe, tudo é possível, exceto se você já desistiu do jogo antes dele ter acabado. E é exatamente aí que entra a figura da protagonista, Hiyori Hayama. 



    Lá atrás, no episódio 2, final de Julho, eu escrevi a análise do episódio e usei o título "Resiliência". Eu vou literalmente ir lá, copiar e colar o que eu comentei naquele texto: "Ela não é particularmente talentosa para os esportes, mas é muito privilegiada fisicamente e, porque não, psicologicamente. Ao longo desse episódio (E provavelmente do anime todo?), é notável que a principal característica da Hiyori é a sua resiliência." Esse comentário envelheceu como vinho, pois no fim das contas, todo esse episódio é simplesmente a síntese do personagem da Hiyori e do quão longe ela chegou. Vejam, literalmente todas as outras partidas do Extreme Hearts foram vencidas graças ao talento das outras quatro personagens principais e não poderia ser diferente, Saki, Sumika, Yukino e Lise são atletas de alto nível. A liderança da Hiyori foi sim fundamental para ganharem da Snow Wolf na semifinal, mas isso porque a Hiyori precisava do talento das amigas para chegar na final. Mas e quando o time adversário é mais talentoso, capaz e experiente que o seu?



    Ideias podem parecer boas ou ruins no papel, mas só a execução provará o quão funcional elas são. A lesão da Hiyori ocorre após ela ir além do limite para quebrar o ímpeto da May-Bee e conseguir fazer a RISE pontuar pela primeira vez. Saber disso muda muita coisa, principalmente porque é o que dita todo o resto do jogo. Privilegiada fisicamente e psicologicamente. Resiliência. O caminho para vencer um time melhor é, sem duvidas, ter a figura da improbabilidade ao seu lado. Admito que não entendo muito de basquete, só de tênis e futebol, mas mesmo sendo leigo você consegue entender a relevância da Hiyori no jogo. Sendo fisicamente superior a qualquer um e sendo uma jogadora de explosão, ela tá em todas as bolas e atua quase como que uma defesa impenetrável. Se o adversário não consegue pontuar, fica muito mais fácil de você conseguir a vitória. É histórico, no futebol, jogos entre times mais modestos contra times de alto escalão onde o goleiro do time mais fraco defende todas e isso acaba permitindo seu time ter uma vitória improvável. Faz parte da beleza do esporte, então mesmo sendo roteirizado para que a RISE vencesse, é tudo muito convincente dentro da lógica do que é o esporte.



    RISE vs May-Bee foi realmente um duelo digno de uma final. Até a metade do episódio, mais ou menos, eu até tinha dúvidas de quem realmente seria campeã, mas depois ficou bem óbvio qual caminho o roteiro iria seguir. O que não tira os méritos do confronto, da tensão de ver a Hiyori jogar no sacrifício, de ver como o time conseguiu evitar de perder a pequena diferença no placar enquanto a Hiyori fazia um tratamento provisório. A volta da heroína da partida que dava a alma no jogo enquanto tentava ignorar a dor (Mal sabe ela o estrago que virá quando baixar a adrenalina), os duelos individuais impactantes, até o finalzinho extremamente previsível e desnecessariamente longo para um resultado tão óbvio acaba não deixando um gosto tão amargo na boca porque foi realmente uma grande partida. A RISE é um grande time, que se sobressai na força de vontade e na competitividade. Tem quatro grandes talentos e uma líder absolutamente imparável. Mesmo não sendo melhores que a May-Bee, acho que o grande mérito do anime acaba sendo nos convencer de que foi sim uma vitória merecida.



    A animação estava mais ou menos do mesmo nível de sempre, ou melhor dizendo, até um pouco acima da média, que já é uma média bem baixa. É claramente um projeto de baixo orçamento, mas isso não os impede de tentarem. E o diretor Junji Nishimura, junto da direção de arte, fotografia e o storyboard, conseguiram entregar um excelente episódio. Digo, não tem absolutamente nada demais na animação do episódio mais importante do anime, mas o que me encantou foi o quanto esse episódio agrega na narrativa visual. Lógico que eu preferiria ver algo do nível de um Haikyuu ou Kuroko no Basket, mas o episódio conseguiu engrandecer muito o confronto, a dor da Hiyori, a força de vontade dela se sobressaindo em relação a lesão, a incredulidade das atletas da May-Bee vendo a reação da RISE no jogo. São os detalhes, amigos. A comemoração mais acintosa das meninas após conseguirem uma cesta ou um tiro direto, o tanto de suor que elas produziram simbolizando o quão no limite elas estavam indo, as mudanças de câmera mostrando as expressões faciais dos dois times, um animado com o momento do jogo e o outro conflitado sobre o que fazer. É um episódio que diz muito visualmente, mesmo a animação sendo meia boca. 



    A essa altura, o episódio 12 servirá mais como um epilogo, tendo a "final musical" também. Esse episódio 11 foi o grande clímax e é uma conclusão muito forte dessa jornada, que, claro, vou deixar para comentar mais à fundo nas considerações finais do anime. Em todo caso, foi um episódio incrível. Vai ser triste dar adeus à Extreme Hearts, ainda mais considerando que provavelmente não terá continuação nem nada extra que transforme a obra em uma franquia. Não sei nem se é cabível, visto que esse episódio foi, basicamente, o grande resultado por trás do desenvolvimento e caracterização da Hiyori. Enfim, agora é assistir ao episódio final e parar para refletir sobre o que foi o todo de Extreme Hearts. Saraba Da!

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