• Posted by : Testarossa segunda-feira, 26 de setembro de 2022

     


    Extreme Hearts chega ao seu fim da mesma forma que começou: Surpreendendo positivamente, mas deixando a sensação de que tinha o potencial para ser algo a mais. Diferente do primeiro episódio, que sofreu com o ritmo acelerado e a necessidade de apresentar muito do roteiro de uma vez só, esse episódio final foi bem trabalhado, de maneira geral. A sensação vem, no entanto, do potencial de franquia que a obra acaba apresentando, sobretudo para compensar algumas lacunas que acabaram ficando. No entanto, no que tange a nossa protagonista, Hiyori, não há absolutamente nada a reclamar, pois esse final foi a chave de ouro para encerrar o arco da personagem.




    O resultado da lesão foi o esperado, lesão muscular sem fratura óssea (Se tivesse fraturado algum osso, provavelmente nem conseguiria continuar jogando, afinal). O espírito esportivo e a camaradagem entre a RISE e a May-Bee é agradável de se ver. Até porque, apesar do grande título, todas ali, incluindo as outras semifinalistas, conseguiram muito destaque na mídia e certamente poderão seguir carreira com alguma tranquilidade se assim desejarem. A primeira parte do episódio é muito voltada a uma união geral de todos os grupos relevantes mostrados no anime, acho natural que não se tenha inimizades visto que o Extreme Hearts não é um torneio de 1 vencedor e vários perdedores. E foi bom terem mostrado o quão no limite a Hiyori foi para buscar o título, ao ponto de apagar pouco depois da partida e levar um bom tempo para se recuperar. 




    É bem legal ver como as garotas da RISE se aproximaram ainda mais após vencer o torneio, que acaba sendo um resultado inevitável de esportes coletivos, exceto quando algum atleta é ruim de grupo, o que não é o caso aqui. Mas pô, acho que passou da hora da Snow Wolf oficializar esse relacionamento e passar a fazer parte da RISE, hein? Eu particularmente achei uma excelente escolha ter feito a Michelle e a Ashley basicamente se tornarem parte do cast principal após a suas introduções. O mais curioso é que cada garota da RISE é representada por uma cor, sendo que a Michelle e a Ashley claramente são representadas pelas cores branco e preto, as duas pontas do espectro de cores. Na grande apresentação musical da RISE elas estavam presentes também, uma em cada ponta do palco. Cor é um negócio impressionante mesmo, né? Não é à toa que um objeto com led colorido fica muito mais valioso automaticamente.

     



    O ponto crucial do episódio certamente foi a conclusão do arco da Hiyori. A garota do sonho frustrado que ganha a oportunidade de buscar esse sonho através de muita, muita (muita, mesmo!) luta e só consegue chegar lá graças a amigas que estavam dispostas a embarcar nessa busca. Vamos lá, episódio 1, eu lembro de ter comentado sobre a postura da Hiyori em relação ao seu iminente fracasso como cantora. Ela sempre se postava como alguém otimista, que fazia contraponto aos seus monólogos melancólicos e momentos mais contemplativos. Quando estava em uma situação irreversível na primeira rodada do Extreme Hearts, antes da entrada da Saki e da Sumika, ela não se deixou abalar em nenhum momento. Essa foi uma das grandes marcas da personagem, que sempre teve uma casca emocional muito grossa. O que não significa que ela sentia menos cada momento, apenas que transparecia menos. A casca grossa impede elementos externos de atingirem ela, mas impede elementos internos de saírem. E quando esses vão se acumulando ali dentro, uma hora a pressão interna vai fazer essa casca quebrar. 



    No meio do espetáculo, cantando como a grande campeã do Extreme Hearts e com seu grande sonho sendo realizado, vendo todo seu esforço e sacrifício dando frutos, em um dos momentos em que é mais comum a pessoa se expor emocionalmente, que é cantando, acho que tá claro que é ali o momento em que todas as emoções acumuladas até então acabam transbordando. É o momento que você percebe que ela já estava na beira do penhasco no início, que pessoas estenderam a mão para ela e ela se viu na obrigação de não decepcionar aquelas que proporcionaram a chance dela realizar seu sonho. De ser a veterana que tem que conduzir as outras dentro da carreira musical, mas também ter que compensar sua inexperiência nos esportes para não ser um peso morto para a equipe. São três fardos, psicológico, emocional e físico, que ela vem carregando desde que a Saki e a Sumika entraram na competição. 




    E mesmo assim, no aperto no jogo contra a Snow Wolf, foi ela que precisou recolocar sua equipe mentalmente no jogo. E foi ela que precisou se sacrificar fisicamente para que pudesse equilibrar a partida contra a May-Bee. A logo da RISE, representada pelas cores de cada uma das personagens do time, tem um simbolismo muito forte que desenha bem esse contexto. O azul, cor que refere a Hiyori, não se sustentaria se não tivesse as outras quatro cores. Mas o todo não existiria se não houvesse o azul para completá-las. O anime, de forma bem inteligente, mostra isso na prática quando, enquanto a Hiyori está aos prantos, as outras quatro tomam a frente do espetáculo para cobri-la, basicamente recriando o formato da logo em si. Até que o palco e a plateia toda é tomada pelo azul, como uma óbvia mensagem de apoio. Inclusive, tem que elogiar a atuação da Ruriko Noguchi, dubladora da Hiyori, pois cantar enquanto chora é o tipo de situação muito difícil de replicar.




    O torneio de Kanagawa foi apenas o primeiro passo, há disputas ainda maiores pela frente. Mas nós provavelmente não iremos vê-las, infelizmente. Muita coisa ainda poderia ser explorada e trabalhada na obra, mas se tem uma coisa que esses 12 episódios fizeram com maestria, foi a protagonista. Essa sim, teve uma resolução bem completa. Personagens como a Yukino e a Lise até foram bem trabalhadas também, mas personagens como a Sumika e a Saki deixaram um pouco a desejar, de forma geral. A vantagem de obras de esporte é que, apesar disso, como um time a RISE acaba sendo memorável com a figura de todas elas. Se eventualmente houver algum tipo de continuação para Extreme Hearts, certamente será muito bem-vindo.




    Considerações finais: Tsuzuki Masaki continua invicto nos animes que detém autoria. Como bom fã de Nanoha, esperava uma experiência legal de Extreme Hearts, mesmo não sendo muito chegado a animes de idol, mas a experiência foi algo completamente fora do que eu imaginava que seria. Acho que os dois maiores problemas do anime foram o fato de serem 12 episódios e a produção de orçamento bem limitado. Senti que algumas partidas poderiam ser maiores, alguns momentos mais tranquilos poderiam ser mais presentes e algumas personagens poderiam ser melhor trabalhadas se tivesse mais episódios para isso. Dentro dessas duas limitações, o anime se saiu muito melhor do que eu imaginaria. De um lado, a baixa quantidade de episódios foi compensada com um roteiro bem organizado (Exceto o ritmo do episódio 1) e uma escrita que trouxe inúmeros momentos de reflexão que engradeceu muito tanto as personagens quanto o impacto do esporte em si em cada contexto.



    Do outro lado, a direção do Junji Nishimura compensou a animação limitada em inúmeros pontos do anime, fazendo com que muitas cenas, principalmente as que aconteciam durante as partidas, não perdessem tanto o impacto devido a falta de uma sequência de animação fluída de peso. Imagens estáticas eram usadas aos montes, mas muitas vezes com cenas muito bem enquadradas e pensadas para uma narrativa visual mais inteligente. O que eu sei é que foi feito tudo que estava ao alcance dos criadores para que Extreme Hearts fosse uma boa experiência. E eles conseguiram. Talvez seja meu anime de esporte favorito, mas que, assim como Nanoha ViVid (Que também é de esporte, só que de artes marciais), talvez caia no esquecimento. Nanoha ViVid ainda tem o mangá, já completo, Extreme Hearts nem isso. Maaas, no que depender de mim, farei questão de sempre lembrar do anime como a boa joia escondida que realmente acabou sendo (Referente ao título da análise do episódio 1). Saraba Da!



    Subscribe to Posts | Subscribe to Comments

  • Copyright © - Canal Testarossa

    Canal Testarossa - Powered by Blogger - Designed by Johanes Djogan