• Posted by : Testarossa quinta-feira, 28 de julho de 2022


    Extreme Hearts é um anime que tem me passado uma certa segurança, pois o seu criador, Tsuzuki Masaki, parece ter o roteiro da obra sob controle. No intervalo de uma partida de futebol movimentada que começou no episódio anterior (Quase 30 gols só no primeiro tempo! E olha que não é um placar exagerado, visto que na vida real já aconteceu coisa pior em um campo muito maior), as meninas do time adversário levantam justamente a pergunta que nos fazemos no final do primeiro episódio: "Essas duas estão realmente registradas na partida? Não tem nada ilegal rolando aí não?", e o anime deixa bem claro que, como eu havia sugerido, já estava tudo de acordo com os planos da Sumika, que confirma isso ao dizer que sugeriu até a bio delas para os organizadores do evento. Ter um roteiro bem amarrado ajuda muito a obra a se manter consistente, mas também impede que nós, o público, nos distraiamos com possíveis furos de roteiro ou falta de lógica de alguma cena (Como a "substituição surpresa" de antes). Claro, se o roteiro for ruim ou do meramente do desagrado do público, não vai adiantar muita coisa, mas não parece ser o caso de Extreme Hearts até aqui.



    Algo que eu gostei bastante é que essa primeira partida em específico foi muito bem elaborada. Eles podiam ter simplesmente cortado a cena bem mais cedo e mostrar que as protagonistas venceram, mas preferiram até destacar que o time adversário não era ruim, muito pelo contrário. O técnico das garotas dava as instruções ideais para tentarem vencer a partida, e taticamente a equipe até funcionou bem, mas o talento individual da Sumika e, sobretudo, da Saki, acabou pesando demais no resultado. O gol da virada, e da vitória, veio no último lance com um passe longo da Sumika que apostou no que parece ser a principal característica da Hiyori, que é a velocidade. Ela não é particularmente talentosa para os esportes, mas é muito privilegiada fisicamente e, porque não, psicologicamente. Ao longo desse episódio (E provavelmente do anime todo?), é notável que a principal característica da Hiyori é a sua resiliência. Essa palavra definiria bem o que é observado nesse episódio 2, até acabei de defini-la como o título dessa análise. No mais, foi bem legal ver a conexão das três personagens principais se fortalecendo ali no fim, nas bonitas palavras da Hiyori que foram até surpreendentes por um lado, pelo quão emocionalmente expressiva ela se mostrou ser, mas nem tanto por um outro lado, visto que ela é também uma compositora. 




    Saber mais informações sobre o Hyper Sports foi um ótimo adendo de construção de mundo para a série. Informações às vezes até mundanas, mas que tornam tudo um pouco mais crível. Por exemplo, saber que todo o evento é feito por uma grande empresa de música dá bem mais sentido ao evento, o que consequentemente faz a explicação da Sumika sobre ser uma regra subentendida as participantes estarem visando uma carreira na música uma informação muito bem colocada ali no contexto. A Hiyori tentou participar só ela e os androides alugados justamente porque o objetivo era algo muito pessoal dela e ela não iria querer impor isso nas outras meninas. E aí entra uma sacada bem inteligente do anime, se por um lado a Hiyori precisa da Sumika e da Saki para treinar os esportes, as duas também precisam da Hiyori para praticarem seus cantos. A cena do karaokê foi refrescante nesse sentido, pois tirou a Hiyori da posição da aprendiz e a colocou na posição de mestre. E digo isso principalmente porque o anime teve o tato de mostrar que a Sumika e a Saki não são grandes cantoras através do tom da voz delas, é bem perceptível até para um leigo como eu que as dubladoras Miho Okasaki e Kana Yuuki interpretaram alguém que não é tão habituado a cantar, visto que as duas inclusive já cantaram músicas em trabalhos anteriores a esse. 




    A cena toda em si é bem agradável pelo teor dócil que ela passa, com as três garotas realmente criando um laço mais forte conforme elas praticam juntas. Acho inclusive muito bom como a Hiyori demonstra um real conhecimento mais profundo sobre música e explica para as amigas, e para nós também, o motivo de não ser tão preocupante duas garotas inexperientes tentarem a sorte no ramo da música. Quando tá todo mundo cantando junto, no mesmo tom, o talento pessoal acaba sendo menos exigido porque o trabalho em equipe se sobrepõe a isso. E vejam só que curioso, é literalmente a mesma coisa com o esporte (Os de equipe, ao menos). Vimos nesse mesmo episódio que a equipe de futebol que elas enfrentaram deram um grande trabalho ao ponto do gol da vitória ter saído no último lance, mesmo sendo um jogo de figurantes vs protagonistas. O talento pode ser vital em muitas circunstâncias, mas um trabalho em equipe bem feito é eficiente o bastante para esconder falhas. Talvez um detalhe pequeno, mas a grande demonstração de confiança que nos foi dada nesse episódio foi a Hiyori dar uma cópia da chave do seu apartamento para a Saki e a Sumika. Achei até meio chocante, mas eu moro no Rio de Janeiro, numa realidade onde é preciso suspeitar até da sua própria sombra.




    Algo que comentei na análise passada foi sobre os outros esportes. Pensei que o anime talvez tentasse um esporte por episódio ou algo parecido, mas já pulamos vários deles. O que não corta essa possibilidade, visto que há esportes de sobra. O Hyper Sports é um evento bem longo, com muitas fases e que é tanto regional quanto nacional. Uma jornada gigantesca, cheia de esforço e sacrifício, em busca de uma possibilidade de alavancar sua carreira dos sonhos, é praticamente o que é a criação de conteúdo na internet trazido para vida real. Mas não teria como explorar todos os esportes, então acho que eles vão selecionar só alguns e investir neles. Apesar de não ligar muito para beisebol, admito que até gostaria de ver uma partida de handebol e badminton, mas entendo que não são esportes tão populares quanto futebol e basquete. Um detalhe que me chamou a atenção, entretanto, é que o time das nossas protagonistas, RISE, parece estar cada vez mais sólido. De uma virada épica no futebol, as partidas começaram a ficar cada vez menos disputadas. Pode ser só impressão, mas visto que as três são fisicamente muito acima da média, há a tendência de que elas não só não percam o ímpeto, mas também resistam ao desgaste.




    Falando em desgaste, Saki e Sumika se preocupam com o desgaste físico da Hiyori com motivos, pois lá estava ela virando a noite não só treinando basquete, mas praticando canto também. Como eu disse, é uma garota de uma resiliência incrível, que é também beneficiada pela sua condição física favorável. Os monólogos dela são muito construtivos para a personagem da Hiyori, que faz toda uma introspecção dessa situação em que ela se enfiou. Que antes olhávamos para ela com um pensamento de: "O quão longe ela consegue ir para tentar conquistar os seus sonhos?", mas que agora ganhou uma camada a mais, pois não é mais só sobre ela realizar o seu sonho, como também não desapontar as amigas que se prontificaram a participar de algo taxativo e que pode definir um futuro para elas na intenção de ajudar a Hiyori a alcançar seu grande sonho. O peso dessa responsabilidade é reconhecido pela protagonista, que sabe que como atleta ela está muito atrás da Saki e da Sumika, por isso tem que trabalhar dobrado para compensar o que ela não tem. Veremos onde isso dará. Saraba Da!


    Subscribe to Posts | Subscribe to Comments

  • Copyright © - Canal Testarossa

    Canal Testarossa - Powered by Blogger - Designed by Johanes Djogan