• Posted by : Testarossa quinta-feira, 8 de setembro de 2022

     


    Michelle Jaeger definitivamente foi uma grande quebra de expectativa. Com um perfil visual que indicava uma figura mais rica, fria e estrategista, ela acabou se mostrando o completo oposto disso. De tudo que eu esperava da primeira interação entre ela e a Hiyori, eu muito definitivamente jamais imaginaria que veria as duas cantando juntas a música de estreia da Hiyori como cantora. Foi uma conexão forte entre as duas que eu não esperava, mas que complementa o que a narrativa do anime já havia feito no episódio anterior ao reviver as origens profissionais da Hiyori. As duas ali, no "lugar especial" onde a Hiyori tocava, com uma música que significava o ponta pé inicial dela, mas que também é uma inspiração para uma Michelle que começa a ver um futuro diferente do que o que ela trilhava até então.




    Michelle e Ashley serem pobres parece uma grande surpresa, a princípio. Digo, elas trabalham em áreas que supostamente daria muito dinheiro, ainda mais em um universo como o de Extreme Hearts. Mas entende-se quando elas explicam terem vindo do exterior para estudar no Japão que, na verdade, elas são apenas estagiárias, o que explicaria bastante a situação de vida delas. Soma isso ao fato delas preferirem viver com só com o próprio dinheiro (Apesar de, supostamente, a empresa dos pais da Michelle não ser tão grande) e ainda precisarem comprar partes robóticas para os seus robôs. É uma escolha de vida que justifica chegar ao ponto de ter que vender um bem muito querido (Guitarra) para poder ter o que comer. Tudo isso em prol do objetivo de adentrar na carreira de desenvolvimento e manutenção de robôs... Ou será que tem algo a mais?




    Quando é revelado que as duas não pretendem participar de outro Extreme Hearts, uma vez que o foco da carreira delas é outro, é onde os paralelos entre a Michelle e a Hiyori vão se afastando. Até o ponto de viver contando os centavos as duas tinham muito em comum, mas ali era diferente. Tanto que a Michelle preferiu não contar para a Hiyori os seus planos. O foco da Hiyori é um só: O ascender da sua carreira musical. Para a Michelle e a Ashley, por outro lado, o Extreme Hearts, os esportes e a música nada mais são do que devaneios apaixonados. Não deixa de ser uma paixão, mas é aquilo, vai mudar sua rota para ir atrás dessa incerteza? Até esse ponto do episódio, a sensação que dá é a de que não, não irão mudar. Mas a Hiyori é uma estrela brilhante, daquelas que mais chamam a atenção do que ofuscam as demais. Da mesma forma que antes a Michelle e a Ashley "deram match" e isso as levou para a música e consequentemente para o Extreme Hearts, a Hiyori também atrai o melhor dos sentimentos de quem está ali competindo com ou contra ela.




    São 9 episódios, com muitas partidas longas ou curtas, e nenhuma teve esse peso emocional por trás como essa partida de vôlei teve. É compreensível, em todo esporte existe uma mudança de chave mental e emocional quando você consegue chegar em uma semifinal. Porque é ali que você começa a vislumbrar a disputa pelo título. A tração entre a Michelle e a Hiyori faz com que o adversário da vez seja mais significativo, até pela ideia de que será o primeiro e último Extreme Hearts da dupla da Snow Wolf. E a RiN, da Banshee, faz uma leitura certeira do estado mental da RISE. A RISE é um grupo que surgiu com o objetivo de elevar a carreira da Hiyori para outro patamar, daí o nome, e agora elas estão a um passo da grande final. O problema é que elas estão visando a linha de chegada quando ainda estão na penúltima volta. Isso é um fator psicológico comum nos esportes, desatenção em uma semifinal pela própria pressão que se põe ao se imaginar na final já custou muitas eliminações por aí, por mais contraditório que seja. 



    É uma partida muito acalorada, mas a RISE é mais time que a Snow Wolf pois, por mais que os robôs da Snow Wolf sejam aprimorados, ainda não são bons o suficiente para se comparar a grandes talentos esportivos. Ainda assim, é bom ver que se atentaram a detalhes como a Lise não ter tido tempo para treinar o bastante já que também precisava praticar canto e atender a outras tarefas sendo que havia acabado de entrar na equipe. A grande sacada é que, assim como a Hiyori não chegaria a lugar algum sem as demais membras da RISE, para elas a Hiyori também é um símbolo de estabilidade do grupo, o laço que une a todas e também a que tem o mental mais preparado do time. Como eu dizia lá atrás, é perseverança, não se dar por vencida nas adversidades e, óbvio, ter uma condição física extremamente privilegiada. Pode faltar talento, mas não falta vontade, nem disposição. Inclusive para (mais uma vez) elevar a moral do seu time e trazê-las para o "aqui e agora" que é a partida da semifinal.




    É a representação visual da Michelle chorando antes de reiniciar o jogo no que poderia ser o ponto da vitória da RISE que levanta a dúvida sobre o futuro da dupla da Snow Wolf. A excitação, a tensão e o desabrochar da alma que passam pelo corpo na hora decisiva de estar fazendo o que ama, da competitividade de não querer perder e da eventual frustração da derrota, da ideia de que aquele seria o último jogo e que aquele momento especial jamais se repetiria. Tudo isso me trás a dúvida de que o grande objetivo de carreira delas realmente vai continuar firme ou se essa experiência abalaria essa convicção. É provável que iremos descobrir no próximo episódio e eu realmente espero que tenha sim uma boa resolução, seja lá qual for a escolha delas, pois, no caso da Michelle, é a primeira personagem de fora da RISE que realmente tem um trabalho de construção que nos permite ter uma conexão mais forte com a personagem. 




    Claro, que a RISE iria ganhar era evidente. O anime não surpreende, assim como boa parte dos animes de esporte. Porque o roteiro emocionante do esporte é um clichê até na vida real, o papel da ficção é criar histórias convincentes por trás desses roteiros clichês e esse episódio em específico seria uma dessas histórias. No mais, a direção estava caprichada, ainda que a animação seja limitada como sempre. Inclusive com o uso até excessivo de imagens estáticas. Em episódios como esse eu fico imaginando o quão impactante poderia ser se tivesse uma produção do nível de um Haikyuu da vida, por exemplo. Mas apesar das limitações, foi um episódio muito bom, terminando com a possível ótima notícia de que sim, teremos a oportunidade de ver um pouco da outra semifinal, mesmo sabendo que a May-Bee certamente irá ganhar. Saraba Da!

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