• Posted by : Testarossa quarta-feira, 5 de abril de 2017

    Então, eu decidi reler Asterisk desde o primeiro livro, só que dessa vez comprando a versão da Yen Press.
    Como já fazia uns 2 anos desde que eu li o primeiro livro pela primeira vez, não havia muita coisa que eu lembrava além dos eventos principais. Vale dizer que isso me deu uma falsa impressão de que o anime estava adaptando a light novel até que bem, mas ao reler o primeiro volume eu notei muitos aspectos gritantes que foram perdidos na adaptação, além de pontos fortes da LN que existiam desde o começo.
    Asterisk começa bem equilibrado em termos de pontos positivos e negativos, saber notar direito os pontos positivos é essencial pra tirar o melhor do volume, que no final deixa uma impressão levemente positiva e que não te desanima de ir atrás do segundo volume. Mas vamos tirar logo as coisas ruins do caminho pra poder falar sobre o que há de bom.
    Capa do volume 1, muito bonita por sinal.
    Esse primeiro volume é muito "padronizado". Vendo os rumos que a história toma futuramente, algo me diz que todos esses repetidos padrões que esse tipo de história costuma ter só foram usados em Asterisk por desejo da editora em si, algo tipo "Sua história tem potencial, só coloca isso, isso e isso pra que o público compre mais o livro". Claro, isso é só um palpite, nunca saberemos como as coisas realmente foram feitas na hora, mas Asterisk tem algo além, queria me passar algo além, mas muitas coisas apontavam pra direção oposta daquilo. Vocês vão entender melhor em breve, e eu tentarei mostrar um lado o que o anime não falhou em mostrar.
    Como eu disse, o começo é repleto de clichês, seguindo padrões já pré-estabelecidos por esse tipo de obra. Antes de mais nada vale dizer que clichês não é algo ruim, se fosse, todo anime/mangá/LN/VN seria ruim, o que prejudica é quais clichês usados e como são usados, e nesse quesito Asterisk até que se sai bem. A LN em boa parte das vezes não força os clichês e até os usa de uma boa maneira, é claro que isso não ajuda muito no caso de você ser alguém que desgosta muito dos tipos de clichês comuns nesse tipo de obra, mas dá pra dar um desconto.
    A ação, que normalmente é um dos pontos mais importantes pra prender a pessoa em uma obra assim, não começa com nada tão especial. O "vilão" desse primeiro volume é completamente esquecível, e as lutas não passam nenhuma tensão pela falta de um "algo a mais" que deixasse as lutas mais apimentadas. Os clichês já mencionados deixam tudo mais previsível também, o que atrapalha um bocado.
    O fanservice pode ser um grande problema pra quem não gosta, eu particularmente não me importo tanto. O problema nesse caso é que, a maioria das ilustrações do volume 1 são de algum tipo de cena fanservice, ou seja, preferiram dar ênfase no fanservice do que em outros momentos mais importantes (Provavelmente uma tentativa de vender mais).
    Tirando os dois personagens principais (Ayato e Julis), todos os outros personagens ficam mais como plano de fundo, sem dizer muito sobre eles que não sejam momentos cômicos/fanservice. Esse último ponto obviamente é algo que muda com o avançar da história, então paciência acaba sendo importante também.
    Não fosse pelo epílogo do volume 1, ninguém teria muita ideia sobre quão suspeita a Claudia é.
    Por outro lado, o livro é muito bem escrito, o Yuu Miyazaki é um bom escritor, embora seja o primeiro trabalho dele. A boa tradução da Melissa Tanaka torna a leitura muito mais agradável e de fácil imersão.
    Os personagens serem inteligentes foi um grande extra pra mim, e o autor conseguiu usar isso muito bem pra reverter a má impressão que normalmente os clichês de sempre dariam. Esse acaba sendo o motivo pra eu achar que tais eventos foram a pedido da editora e não por vontade do autor, já que embora exista os clichês, eles foram bem explorados, o que faz Asterisk estar um passo a frente das demais obras de cenários similares. Exemplos como a Julis parando pra ouvir quaisquer explicações o Ayato tinha pra dar pra justificar o fato dele basicamente estar cometendo um crime (Invadir o dormitório feminino na hora que ela estava se trocando), o duelo entre os dois não acontece porque a Julis quer se vingar ou algo do tipo, mas sim porque ela notou que o Ayato não era qualquer um, e tentou força-lo a "mostrar as presas". O próprio Ayato propositalmente se porta como alguém desleixado pra não dar indícios do que ele guarda pra si, muito disso é mostrado através de monólogos que dão boas personalidades para os protagonistas.

    A construção do mundo de Asterisk é fantástica, e provavelmente o ponto mais forte desse volume. O mundo sofreu uma grande catástrofe chamada "Invertia" e no meio do caos a IEF (Integrated Enterprise Foundation) surgiu, a IEF tem basicamente controle sobre o mundo, de certa forma, e foi quem criou a ilha artificial "Rikka", também conhecida como Asterisk. O sistema monárquico foi reestabelecido em  vários países, que por sua vez estão sobre controle da IEF, usando os reis/rainhas como marionete política enquanto eles dão as ordens pelas sombras. Ainda indo mais a fundo, novos sistemas de engenharia nasceram, junto com a genética modificada de toda uma geração, onde a maioria desses jovens estudam na ilha artificial. Ilha essa que possui um total de 6 escolas diferentes, especializadas em estudos, estilos, políticas ou propósitos diferentes.

    O desenvolvimento do Ayato e da Julis durante o livro é muito bem feito e relativamente complexo. A Julis em especial foi bem diferente do que se esperava, sendo uma pessoa cujo pontos fortes são a honestidade, ela não hesita em falar o que vem a sua mente, uma personalidade forte e alguém que sempre tenta fazer tudo que está ao seu alcance sem depender de ninguém. Um quote dela fazendo uma crítica ácida ao que aquele mundo havia se tornado resume bem não só a personalidade dela, mas como as coisas de fato são naquele mundo:
    This worthless, despicable city. They have students fight each other and the world goes mad over it. Greed swirls in this place, swallowing up everything and fattening itself. It’s hideous and it only keeps getting bigger. But that’s exactly why this city lies closest to every possible desire. This is where I will make my wish come true. That’s my reason to fight.
    É algo bem fascinante ver uma light novel de escola de magia sair da zona de conforto e criticar a própria insanidade que é colocar estudantes para lutar uns com os outros. Muito embora em Asterisk existam regras rígidas para evitar acidentes graves, isso nem de perto é uma boa coisa ou algo "irrelevante". Ainda pesa como uma crítica para sociedade como um todo, onde muitos pagariam pra ver rostos jovens e bonitos envolvidos em algo violento ou perigoso. A obra mostra que o universo da obra não é legal, colocando seus protagonistas contra os ideais expostos nesse mundo.
    A personalidade e atitude da Julis moveu o Ayato de forma que o tirasse do caminho sem rumo que ele se encontrava. Ele que era alguém que depois de um evento traumático parou de seguir o que acreditava e correr atrás de um objetivo ou sonho, e passou a mentir para si mesmo a fim de se convencer que estava bom do jeito que estava. Essa base foi destruída, e um novo caminho para o protagonista se abriu, que por sua vez fez a sua parte mostrando também uma alternativa para a Julis, em que ela pode sim receber ajuda e tentar alcançar seus objetivos com algum auxílio seus amigos, que às vezes é melhor ter alguém do seu lado para te ajudar a superar dificuldades do que viver como "loba solitária".

    No mais, esse primeiro volume teve erros e acertos, mas realmente pende mais para o lado positivo, o que anima a continuar a leitura nos próximos livros, então sim, eu recomendo o investimento, vale a pena! Podem comprar na Amazon ou na Book Depository se a minha análise foi convincente o bastante. Na dúvida em onde comprar, dê uma olhada nesse post onde eu expliquei as vantagens e desvantagens de cada um. Saraba Da!

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