• Posted by : Testarossa quarta-feira, 14 de julho de 2021

     



    Aviso: Essa análise conterá alguns spoilers leves sobre a história!


    Apesar de não falar muito sobre a série, o que é um erro por si só, eu sou um grande fã de Ys. A franquia da Falcom, que vem sendo lançada desde 1987, já conta, desde spin-offs à remakes, com 16 jogos. Dentre eles, 9 fazem parte do que é canônico para a série (Do 1 ao 9 + o Origin, sendo que o 1 e 2 fazem parte de um jogo só). Todo jogo de Ys busca renovar a franquia de alguma forma, seja na história, seja na jogabilidade, embora ainda mantenham certos padrões que são o que tornam essa série especial. Com exceção do Origin, todos os jogos contam as crônicas do aventureiro Adol Christin, então, para quem nunca jogou um jogo de Ys, você pode começar por literalmente qualquer um deles, pois todos funcionam perfeitamente de forma isolada.


    Uma das belíssimas artes oficiais do jogo!

    Ys IX, lançado em 2019 para o PS4 e 2021 para PC e Nintendo Switch, vem com uma proposta diferente dos demais jogos, com uma premissa de uma fantasia urbana com uma roupagem meio gótica, apresentando uma atmosfera única que revitaliza bastante a franquia, embora sua jogabilidade seja essencialmente a mesma do seu antecessor, Ys VIII: Lacrimosa of Dana. Cidades em RPGs raramente são o palco principal do jogo, mas Balduq, a cidade prisão, ganha merecidamente todos os holofotes. Balduq é genuinamente muito grande, com muito a se explorar tanto no jogo quanto na história, e graças as novas mecânicas específicas de Ys IX, nunca fica entediante viajar pela cidade. O gameplay é fácil de aprender, quase intuitivo, porém requer prática para se masterizar, principalmente por exigir timing na hora de bloquear ou esquivar dos ataques. Os níveis de dificuldade mais baixos (Fácil, normal e difícil) são bem acessíveis para qualquer um, mas ainda há outros três níveis acima para quem quiser algo mais desafiador. É um jogo gostoso de se jogar, que não enjoa e que diverte um bocado! Isso sem contar com a grande quantidade de coisas extras que você pode fazer, como buscar os coletáveis ou tentar liberar 100% do mapa ou tesouros, é uma alta quantidade de exploração que impede o jogo de estagnar. Ys IX tem um dinamismo natural muito agradável e, melhor ainda, todos os 6 personagens jogáveis são diferentes o bastante na sua jogabilidade para te fazer sentir que vale a pena jogar com todos eles (Você só pode usar 3 ao mesmo tempo). Claro, você também pode mexer um pouco na construção de atributos deles através dos equipamentos e criar seus próprios meios de montar sua equipe. 



    Mas vamos falar da trama. Ys IX usa de referência grandes eventos da idade média, como a guerra de cem anos, as guerras da Gália, a história da Joana D'Arc e etc. Se passando em um mundo fictício, essas referências são usadas apenas como forma de explorar temáticas importantes e adicionar contextos necessários na trama. A premissa de uma cidade prisão por si só já automaticamente trás uma bagagem temática muito óbvia, esta mesma cidade ser uma antiga fortaleza que foi dominada por outro país durante a guerra também é. Inclusive, diria que o imperialismo é um dos temas mais recorrentes da narrativa, além de encarceramento em massa, desigualdade social, significado de família e outros bem legais em menor escala. É importante ressaltar que você aprende muito sobre o que o jogo quer dizer através das missões secundárias, por lidar com a população da cidade e conseguir enxergar de perto as consequências deixadas pela guerra. Claro, a história principal surpreende e é muito bem elaborada, além de ser, vendo por certo ângulo, um tanto quanto realista, mesmo sendo uma franquia de fantasia. Durante boa parte da história, a parte mais fantasiosa vem de uma dimensão alternativa das luas vermelhas onde os personagens precisam lidar com uma miríade de monstros exóticos (Que, admitidamente, parecem ter absorvido a maior a parte criativa de design de monstros do jogo, uma vez que os monstros comuns são, em sua maioria, extremamente inexpressivos) em uma missão que eles estão sendo obrigados a cumprir. Essa missão começa quando esses 6 personagens recebem um poder, também chamado de maldição, de uma misteriosa mulher de alcunha "Aprilis", que os permitia se transformar em uma forma conhecida como "Monstrum". E, claro, os designs deles transformados são memoráveis, únicos e muito agradáveis aos olhos.



    Mas, não é só nos designs que os personagens se superam. Eles são, em sua maioria, ricos tanto em construção quanto em desenvolvimento. Isso inclui nosso protagonista de longa data, Adol Christin, que, mesmo seguindo o antigo padrão de protagonista silencioso, consegue entregar uma das suas apresentações mais profundas da franquia inteira. Os demais personagens, salvo um ou outro mais previsíveis, costumam ser complexos o bastante para terem um desenvolvimento surpreendente e, mais importante, são todos muito relevantes dentro da trama, seja para o roteiro ou para a temática em si.  Os personagens não-jogáveis evidentemente não tem o mesmo nível de profundidade dos principais, mas mesmo assim, eles são bem trabalhados o bastante para você se importar, ou até se lembrar deles após terminar o jogo. Os vilões, por outro lado, não se destacam muito como personagens, mas ainda são funcionais tematicamente. Basicamente, o jogo não mantém o alto nível de escrita de personagens no cast inteiro, mas consegue evitar que algum personagem fique esquecido ou mal feito, então fica um cenário muito positivo de personagens que no pior dos casos são aceitáveis e no melhor são excelentes. 



    Falando de outros aspectos técnicos, o jogo não tem gráficos impressionantes e vê uma evolução muito pequena em comparação ao Ys VIII. Ou seja, o jogo está bonito, não vai te encantar, mas está bonito. Acho que estrategicamente a Falcom preferiu não fazer um super investimento na produção do jogo pois ele foi lançado bem próximo do fim da geração PS4. É bem provável que o próximo jogo será mais de encher os olhos. Ainda assim, o jogo tem uma série de artes muito bonitas, assim como os jogos anteriores, com o adendo de também ter um bocado de CGs lindas que são apresentadas em sua maioria no final. As animações estão muito boas também, as técnicas dos personagens são chamativas e atraentes, sem ser visualmente poluído. 

    E não dá para falar de Ys sem falar da trilha sonora. Assim como literalmente todos os jogos da franquia, Ys IX tem uma série de músicas incríveis. Você nunca sai de um jogo de Ys sem ter várias das suas músicas tocando repetidamente na sua cabeça. Pessoalmente falando, acredito que a música faz toda a diferença em qualquer obra audiovisual, pois é uma das peças fundamentais para causar as mais diversas emoções na gente, fora nos deixar imersos ou dar uma ambientação mais impactante no jogo. Não exagero quando digo que algumas introduções de calabouços (Tem uma breve cutscene quando você entra pela primeira vez) ficam muito mais empolgantes por causa da música e aí você já fica inspirado a continuar jogando por mais tempo.



    Fechando essa análise: Ys IX é um excelente jogo. Um dos melhores jogos de Ys, na minha opinião. É um feito difícil, pois essa série tem bons jogos de sobra. É um jogo que consegue agradar o público casual, os fãs da série ou mesmo pessoas que gostam de uma boa história com temáticas profundas. Sua versão de PC, que foi a que eu joguei, é muito bem otimizada e tem suas melhorias em relação a versão original de PS4. Apesar do que eu falei lá no início, acredito que seja mais interessante jogar os outros jogos de Ys antes de jogar o Ys IX, pois o jogo trás uma série de referências dos jogos antigos e utiliza de toda a experiência do Adol como aventureiro dentro da narrativa. Mas isso é só a minha opinião pessoal, o jogo foi feito pensando em ser acessível para quem está conhecendo a série agora, então façam o que acharem melhor, não há caminho ruim quando se trata de Ys. Gostaria também de agradecer a NIS America por ter disponibilizado uma cópia do jogo para mim, como um fã da série fiquei realmente muito feliz. É isso, Ys IX é definitivamente uma experiência que vale a pena, tal qual são os outros jogos da franquia, então só posso recomendar que joguem Ys! Saraba Da!

    Definindo o jogo em uma palavra!


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