• Posted by : Testarossa segunda-feira, 25 de outubro de 2021

     


    A primeira vez que eu assisti Black Rock Shooter foi há muitos anos atrás. No meu AniList consta que eu terminei o anime no final de fevereiro de 2013(!), nessa época eu estava assistindo uns 20 animes da temporada e outros animes por fora, ao mesmo tempo. Sem repertório o suficiente para fazer uma análise decente, não consegui extrair mais do que "anime bonito, lutas legais" na época. Com o passar dos anos e o amadurecimento, notei que o anime tinha muito mais a dizer. Mas só agora em 2021 decidi, de fato, reassisti-lo. Devo dizer que esses mais de 8 anos realmente fizeram a diferença, pois esse primeiro episódio foi uma experiência seminova para mim. O eu de hoje ficaria empolgado com uma estreia dessas, caso fosse meu primeiro contato com a obra, tal como aconteceu na estreia de Shoujo Kageki Revue Starlight ou de Shoujo Kakumei Utena (Que não tenho documentado aqui no blog, infelizmente). Enfim, todo esse parágrafo de abertura é para explicar que, talvez por ser minha segunda vez assistindo ao anime, minha análise não seja fiel a de alguém sem conhecimento sobre o anime em si. Mas tentarei ao máximo me ater ao que acontece dentro dos 20 minutos de cada episódio!



    O episódio começa misterioso, com a garota da capa (E do título!) em um ambiente caótico, enfrentando um grande olho vermelho enquanto rola monólogos que soam como um poema. Então, a cena corta para uma realidade mais familiar, de uma escola comum onde a protagonista, Mato Kuroi parece viver uma vida comum. Essas duas realidades intercalam ao longo do episódio e a função narrativa disso é algo muito interessante de se observar, não só por ser bem criativo como, ao menos nesse primeiro episódio, bem, bem artístico. A protagonista de imediato (E ao longo do episódio inteiro) aparenta ser um tanto quanto hiperativa, desatenta, uma mente inquieta e de comportamento agitado, às vezes impulsivo. Ela também é inocente, fato apontado inclusive pela conselheira da escola, Saya Irino, ao dizer que ela tem os olhos de alguém que nunca experienciou ódio antes. Ao longo do episódio, vemos muitos lados da Mato: Amigável, porém, deslocada. Animada, porém, insegura. E também quem permite nosso primeiro real contato com o simbolismo das cores que esteve muito presente desde antes de percebermos que havia, de fato, um uso da linguagem das cores na narrativa.



    Logo após conhecer sua colega de classe que despertou sua curiosidade, Yomi Takanashi, a protagonista diz para sua (aparente) única amiga até então, Yuu Koutari, que a Yomi combina muito com vermelho e branco. Mais tardar no episódio, quando vemos o seu livro favorito, "Pequeno Pássaro e Muitas, Muitas Cores", percebemos que as cores são um fator relevante na narrativa. Isso é efetivado, de fato, na cena em que a Mato visita a casa da Yomi e conhece a esquisitíssima Kagari Izuriha. A garota, que parece ser ambos possessiva e ciumenta da Yomi, agride o psicológico da Mato de múltiplas formas, uma delas ao dividir uma caixa de Macaron dando todos os doces das "cores ruins" para a Mato (Um absurdo, roxo é a cor mais bela, afinal!), para a Yomi ela oferece o de cor rosa, enquanto ela fica com o vermelho. É uma simbologia bem óbvia, indicando o desprezo, o "amor" e a raiva, mas foi o que trouxe minha atenção para tudo o que envolvesse cores no episódio. Afinal, por que a Mato diz, de repente, que a Yomi combina muito com vermelho e branco?
    Enfim, após uma longa sessão de ataques psicológicos e, efetivamente o primeiro contato da Mato com o ódio de alguém, para qual ela mascarou seu estado emocional muito bem até sair daquela casa, e então vemos ela desmoronar no seu quarto. Logo após isso, voltamos para a outra realidade, onde a Black Rock Shooter é atraída por um rastro verde até sair do espaço onde se encontrava e chegar em um local bizarro de brinquedos gigantes destruídos. A partir daí, você começa a conseguir ligar os pontos.


    Explorando o local desconhecido, a Black Rock Shooter logo é brutalmente atacada por uma carruagem gigante, no final revelando uma figura similar a da Kagari, que jogava Macarons no rosto da Black Rock Shooter. Ali fica evidente que as duas realidades são conectadas de alguma maneira. O que eu pessoalmente tirei desse episódio 1, no entanto, é que a outra realidade, tal como seus habitantes e seus espaços, nada mais são que metáforas para o interior de cada uma, sendo as personagens como a Black Rock Shooter um reflexo da própria pessoa. Assim sendo, o rastro verde seria a presença da Yomi que tirou a Mato do seu próprio mundo e a levou até o espaço da Kagari e os ataques que a Black Rock Shooter sofreu foram apenas reflexo do que aconteceu entre a Mato e a Kagari. Quando a Mato busca conselhos com a Saya que, inteligentemente, diz que estamos fadados a fazer inimizades na vida, independente da nossa vontade, além de acalmá-la em relação a dor emocional que ela sentia, ela consegue se reerguer e se aproximar da Yomi novamente. Daí ao voltarmos para a outra realidade, vemos a Black Rock Shooter também se recuperando e conseguindo se igualar a sua oponente, antes de ser impedida por uma terceira figura, presumidamente a que representaria a própria Yomi (Vá lá, os designs das personagens deixa bem óbvio quem é quem).


    Vendo que a Yomi parece ser vítima de manipulação emocional, era de se imaginar que algo assim aconteceria. Depois de me surpreender reassistindo ao episódio 1, eu honestamente não sei se lembro muito do que vem a seguir, mas o anime me pareceu ser bem carregado emocionalmente (Mari Okada, né, é de se esperar) e tem potencial de fazer algo muito bom. Deu para tirar bastante de 20 minutos, pois o episódio se esforça para nos deixar cientes do que as personagens estão sentindo, ao mesmo tempo que apresenta sutilmente outros traços de personalidade delas. Voltando às cores, por exemplo, a Kagari é representada pela cor amarela, que entre outras emoções, simboliza o ciúme e a duplicidade. Já a Yomi é representada pela cor verde, que pode simbolizar tanto esperança, quanto inveja, além de toxicidade ou imaturidade. A Mato é representada pelo azul, e não ironicamente o verde fica entre o azul e o amarelo no espectro visível, que seriam as três principais figuras do episódio. Pelo que vi na ending (Ou opening?), as demais personagens serão representadas pelo laranja e pelo vermelho, realmente usando só as cores ali do espectro visível. 


    Eu imagino que os espaços que os alter egos das personagens lutam sejam também uma forma de contar mais sobre as personagens em si. Não dá para afirmar com certeza sem ver o desenrolar da trama e conhecer mais a fundo as garotas, mas me chamou a atenção o quão exóticos, criativos e caóticos são esses cenários. Fora que o episódio inteiro é muito bem animado e dirigido. Visualmente é um deleite, tanto que foi um dos principais motivos para o meu eu lá de 2013 ter gostado do anime. O CGI é surpreendentemente bom para uma animação de 2012, envelheceu muito bem. No mais, gostei muito desse episódio, não lembro se tem alguma grande história por trás ou se o anime é realmente um drama escolar que usa de toda uma ala mahou shoujos lutando como uma grande metáfora sobre os conflitos emocionais das relações entre jovens com problemas, mas mantendo esse nível de execução, acredito que ficarei satisfeito com o resultado final. Saraba Da! 

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