• Posted by : Testarossa domingo, 28 de julho de 2019


    Jogos sempre foram um forte concorrente contra os animes na minha infância, você pode até dizer que essa mídia teve maior prioridade para mim até o final da década passada. Graças a isso, eu colecionei um repertório de centenas de jogos jogados ao longo dos meus primeiros 18 anos de vida. Mesmo assim, embora conhecesse devido a sua enorme fama, eu nunca realmente cheguei a jogar o tão conhecido Final Fantasy VII até recentemente. Mas isso mudou, e por mais oportuno que seja o momento, decidi dedicar uma review ao jogo. Mais uma, dentre as milhares que já existem.
    Eu nunca fui um fã da série de Final Fantasy, dá para contar nos dedos de uma das mãos quantos jogos da franquia eu joguei. Estou certo de que tanto o fato de eu não ser um fã da franquia quanto o fato de eu estar começando a jogá-los na atualidade afeta bastante minha perspectiva sobre essas obras, seja para o "bem", seja para o "mal". Mas poder ser mais neutro nas análises supostamente é algo bom, certo? Então vamos lá.


    Eu comecei a jogar FFVII em 2018, mas a princípio não me engajei tanto com a história ou os personagens, o que resultou em eu parar de jogar após algumas longas horas de jogo. Há algum tempo, no entanto, eu decidi voltar a jogar e para minha surpresa as coisas foram ficando bem mais interessantes, o que me animou a terminar o jogo em duas semanas, em um total de 35 horas de jogo.
    Apesar de ter começado com o pé esquerdo, FFVII começa em um cenário bastante chamativo para quem está acostumado com os clássicos mundos de fantasia que os RPGs costumam ter. Abrindo o jogo em um universo cyberpunk, nas favelas de Midgar, o game mostra ambição, principalmente na abordagem de temas, coisa que falarei sobre mais à frente. A princípio o jogo é bem convincente em mostrar lugares realmente pobres e/ou abandonados, não a toa Midgar é pra mim o lugar mais interessante e melhor pensado de FFVII.
    A história começa com um conflito entre um grupo terrorista chamado AVALANCHE do qual o protagonista, Cloud, foi contratado como um mercenário para ajudar na missão de combater a super poderosa corporação Shinra. Toda a primeira parte do jogo, que soma um total de 5 ou 6 horas de duração, gira em torno desse conflito. Apesar dos cenários muito interessantes, a história e os personagens não conseguem acompanhar o mesmo nível de interesse, o que resultou no que falei no início desse parágrafo. Com o remake vindo aí na promessa de transformar essas 5~6 horas em 30~40, me pareceu que a Square Enix também se sentiu de forma similar. O que eu achei a parte mais fraca do jogo pode vir a ser um grande ótimo arco em 2020.


    Mas o jogo se torna muito mais interessante após essa primeira parte, e ainda consegue reter os temas já apresentados nela. A história e o universo de FFVII se expandem bastante após a fase inicial, além de chegar no mundo aberto, que embora não seja uma exigência minha, é algo que muitos fãs de RPG acham essencial em seus jogos. Com um gameplay dinâmico e divertido, é fácil passar horas jogando. As mecânicas de FFVII são bem legais, o sistema de Materias foi algo que achei bastante criativo, além de ser relevante na trama. Poder equipar as magias/técnicas/invocações que você quiser nos personagens que você quiser torna o jogo bem mais controlável e agradável do que a clássica divisão por classes/raças. É interessante que você pode treinar seus personagens da maneira que achar melhor, como você só pode usar 3 personagens por vez e existe um total de 9 para pegar no jogo (2 opcionais), pra mim é sempre gratificante poder jogar com os que eu mais gosto, ao invés dos mais "úteis", e ainda assim conseguir zerar o jogo sem problemas. O dinamismo das batalhas, onde se você não agir rápido, o inimigo pode continuar te atacando, incentiva bastante o pensamento rápido, o que considero um ponto positivo até. Apesar da câmera do jogo atrapalhar às vezes dependendo do ângulo. Ainda assim, foram poucos casos onde isso ocorreu ao longo de incontáveis batalhas travadas.
    Graças a um sistema de batalha bem divertido, eu me vi quase nunca fugindo de batalhas durante o jogo inteiro, o que certamente me ajudou bastante a longo prazo.


    Nem toda a parte do gameplay foi agradável, no entanto. Ao longo da história, há várias instâncias onde você terá que passar por diferentes mini-games para prosseguir, e na grande maioria das vezes esses mini-games são mais irritantes do que divertidos. Como aconteceu com alguma frequência e era obrigatório, foi algo que me incomodou. Mas tirando essa exceção, não tenho mais o que reclamar do gameplay em si, FFVII cumpre seu papel não só como um jogo bom para gastar suas horas vagas até chegar ao fim da história, como também certamente é um jogo que qualquer fã conseguiria ficar rejogando sem realmente enjoar. Após 35 horas de jogo e tendo finalizado, embora a sensação de ter concluído uma história tenha me feito parar de jogar por aí, eu em nenhum momento cansei de jogar FFVII. Tanto que, como eu disse antes, eu não fugia das batalhas em nenhum momento, era sempre divertido, além do jogo se manter atualizado até o último instante, permitindo você continuar evoluindo suas Materias, melhorando seus equipamentos ou simplesmente mudando as bases e focos dos seus personagens.
    Eu não sei o quanto a dificuldade é relevante para você em um jogo, principalmente RPG, mas eu achei FFVII relativamente fácil, poucos desafios reais. Como eu particularmente não ligo muito para isso, não me incomodou. Dificuldade pode variar de pessoa para pessoa, no entanto, e eu não sou nenhum mestre dos RPGs, então você pode achar mais fácil ou mais difícil que eu. Talvez não ter fugido das batalhas tenha sido uma das principais causas para facilitar minha vida também.


    Voltando a história, ela não é algo surpreendente ou impressionante, nem nada do tipo. Porém, é muito bem executado e soube inserir a maior parte dos seus personagens na trama de maneira convincente, o que é bem importante. Não é tão bacana quando o jogo só coloca personagens sem relevância só por colocar, e é muito mais difícil torná-los memoráveis dessa forma. No decorrer da história, você verá pelo menos um mini-arco envolvendo cada um deles, com sua devida caracterização, criando um grupo de personagens consistentes e bem construídos. Infelizmente a maioria peca em desenvolvimento e/ou profundidade, com exceção do protagonista, Cloud, que tem uma das sequências mais legais do jogo, ocasionando não só em uma boa profundidade, como também um bom desenvolvimento. A Tifa, por estar diretamente envolvida, felizmente também leva um pouco disso. Mesmo assim, a base dos personagens é muito bem feita, a ponto que eu posso dizer que eu gostei bastante do cast de personagens, Vincent que é dos meus favoritos do jogo é um ótimo exemplo. Você descobre sobre a história dele, mas é só isso, não vai muito além (Ao menos não no FFVII), porém a caracterização fez dele um personagem memorável como alguns outros também são, como a Aerith.


    Eu consegui, de alguma forma, vir jogar FFVII quase às cegas. Sabia muito pouco, e embora a história não tenha surpreendido, uma das principais temáticas abordadas sim, foi algo que não esperava e foi algo consistente do início ao fim do jogo.
    O que me refiro, no caso, é sobre a preservação do meio ambiente, algo recorrente no jogo. A AVANLANCHE luta para preservar o planeta, afinal. Constantemente você vê referências ao estado do planeta através de diálogos com NPCs e no próprio desenrolar da história, como em uma cidade você ficar sabendo sobre a poluição das águas, ou em outro local receber um pedido de ajuda para defender uma ave com um ovo que está sendo alvo da corporação Shinra. Esse que é um tema tão interessante, é devidamente abordado no jogo, sendo um dos principais pontos da história no geral, que muito fala da tecnologia estar destruindo a natureza.
    Mas, apesar dessa temática ser consistente ao longo da narrativa, alguns outros pontos importantes não são. Pior ainda, alguns são até deixados de lado. As ações da AVALANCHE, por exemplo, são relembradas em um momento só do jogo, como o fardo que precisam carregar, e depois é esquecido de vez. Os vilões deixam a desejar, o mais icônicos deles, Sephiroth, não sendo exceção a isso. Eu pessoalmente gostei muito dele, por sua existência ser um fator tão crucial em todo o jogo, mas por outro lado, achei que ele teve pouca presença de fato. Do jeito que as coisas foram feitas, acredito que era possível explorá-lo melhor.


    Muito dos problemas de FFVII são consequências da época que o jogo foi lançado, tendo jogado outros RPGs dos anos 90, eles compartilham de problemas similares. Que na verdade são problemas hoje em dia, mas na época eram das coisas mais incríveis. Eu acho importante levar a época em consideração, a questão é que, como dito bem lá em cima, FFVII é um jogo ambicioso. Logo, muitos dos problemas citados acabam afetando a experiência. Claro, não vai ser igual para todo mundo, mas para mim, por exemplo, o jogo não impactou emocionalmente em nenhum momento, mesmo tentando em vários deles. Não ter conseguido me atingir emocionalmente não foi algo que eu considerasse um defeito per se, mas impediu a obra de ser mais do que ela já era.
    Eu acho que a melhor forma de definir Final Fantasy VII, é a de um jogo que consegue executar bem a maioria das suas características, um jogo que é bom em todas as áreas, mas que não se sobressai em nenhuma delas. É um jogo muito bom, que não conseguiu ser mais que isso pelos problemas que vieram acorrentados em todas as suas qualidades. Foi a sensação que eu tive quando terminei, a de que faltou um passo a mais para chegar lá, mas que nunca foi dado. Mesmo a trilha sonora, composta pelo mestre Nobuo Uematsu, consegue ser muito boa, mas poucas faixas realmente chegaram a me marcar. Isso porque muitos dos jogos dessa época tiveram trilhas sonoras incríveis que eu lembrarei eternamente, então a expectativa era que o mesmo ocorresse aqui.
    Se eu recomendo Final Fantasy VII? Com certeza. É um bom jogo. Bom gameplay, boa história, bons personagens, boa trilha sonora, mesmo os gráficos eu não achei ruins considerando a época. E no caso das minhas ressalvas não te incomodarem ou não concordar com elas, terá uma ótima experiência lhe aguardando. Então sim, caso ainda não tenha jogado FFVII, faça-o. Vale a pena. Saraba Da!

    Nota Final: 7.0 / 10

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