• Posted by : Testarossa segunda-feira, 21 de outubro de 2019

    Capítulo 6 - Felicidade Em Um Jarro

    Parte 1
    Planícies calmas. O vento soprava ao longo das pastagens que pareciam pintadas em uma fraca cor verde. As flores brilhavam ao receber os raios solares, e balançavam com o vento tal como a superfície da água.

    Olhando para cima, uma nuvem tão pequena que parecia que poderia ser tocada com a mão estava casualmente nadando através dos céus.

    Junto com tal cenário de prender a respiração, uma Bruxa voava em cima de uma vassoura.

    Sua idade era próxima a duas dezenas. Ela estava vestida em um manto preto e um chapéu de três pontas preto, em seu peito havia um broche em formato de estrela. Não há necessidade de dizer quem era ela, certo? ---Isso mesmo, sou eu.

    Enquanto eu estava aproveitando o cenário agradável com uma visão que parecia limpar meu coração, eu vi a figura de uma pessoa de pé, sozinha no meio das pastagens. Quando aquela pessoa me viu, ela começou a acenar com a mão.

    Não havia sinais de hostilidade. Eu também acenei de volta. Com a maior elegância.

    "Eei! Eeeei!"

    A pessoa estava saltando e balançando as mãos para fazer sua existência ser notada... Venha, é isso que ela quer dizer?

    Eu levemente virei minha vassoura e me dirigi à sua direção.

    "Ohhh! Você veio!"

    A pessoa de pé ali era um simples garoto. Ele estava segurando um jarro em uma das mãos.

    "Olá."

    Eu desci da minha vassoura e o cumprimentei.

    "Olá. Moça, então você é uma Bruxa. Isso é incrível."

    O garoto olhou para o broche no meu peito e deu um grande sorriso.

    "O que você está fazendo aqui?"

    "Eu estou procurando por felicidade."

    "O que isso deveria significar?"

    "Procurar por felicidade é exatamente isso que parece ser," disse o garoto. "A propósito, moça, você tem algum tempo livre?"

    Ele está me chamando para um encontro? Nãonão, sem chance que é isso.

    "Se você está perguntando se eu tenho tempo livre, eu até tenho, mas se você perguntar se eu estou ocupada, eu estou."

    "Ah, então você tem tempo livre!"

    ...

    "Por sinal, não tem nenhuma vila ou cidade por aqui?" Se não tiver nenhum lugar onde eu possa ficar, eu terei que dormir nas pastagens.

    Não posso dizer se essa opção iria melhorar meu humor.

    "Se estiver procurando por uma vila, é logo ali."

    No lugar para onde ele estava apontando... Certamente parecia haver algo como uma vila ali.

    "Houhou"

    "Inclusive, aquela é a minha vila."

    "Então você é o líder da vila? Prazer em conhecê-lo. Eu me chamo Elaina. Uma viajante."

    "Ah, prazer te conhecer, eu sou Emil---Não é isso! Quero dizer, aquela é a vila onde eu vivo," Emil-san disse com as bochechas inchadas.

    "Eu sei. Estava brincando."

    Eu sorri.

    O mal-humorado Emil-san segurou o jarro com ambas as mãos e ficou em silêncio.

    Ao descer minha linha de visão para o jarro, eu vi algo se mover dentro dele. Focando meus olhos para olhar mais de perto, era uma neblina branca. Neblina branca parecia estar flutuando dentro do jarro como um ser vivo.

    "O que é isso?" Eu apontei para o jarro.

    Talvez ele quisesse que eu perguntasse isso. Emil-san respondeu com orgulho.

    "Esse é um jarro que coleta felicidade! Quando pessoas ou animais experienciam felicidade, ela se transforma em poder mágico e se reúne dentro do jarro."

    "Oh?..."

    Com magia, uma pessoa pode mover coisas, criar fogo ou gelo... E manipulá-la para todo tipo de coisa, então é possível reproduzir a coisa na minha frente. Usá-la para voar com a vassoura, mudar o vento, ou mudar sua aparência para de um rato é chamado de Magia.

    Coletar felicidade quando ela é experienciada, o que isso significa é que emoções são convertidas em poder mágico, huh?

    Parece ser um pouco interessante.

    "Posso abrir e dar uma olhada?"

    "Ó-Óbvio que você não pode!"

    Ao estender minha mão, Emil-san segurou firmemente o jarro com ambas as mãos e se afastou.

    Ele declarou com olhos claramente hostis.

    "Isso é algo feito para a pessoa que eu amo, então você não pode tocar nisso, moça!"

    "Houhou."

    "Vo-você está com raiva?"

    "Não, só fiquei impressionada."

    Eu lembrei de um livro que eu li há muito tempo.

    Era um conto sobre um marido, que pelo bem da esposa que não podia sair de casa por conta de uma doença, vagou mundo a fora, e voltou para casa para mostrar sua esposa os belos cenários que ele viu, recriando eles com Magia. Como aquela história acabou mesmo? É uma história de muito tempo atrás, pelo visto eu esqueci.

    "Quem é a garota que você gosta?"

    "Hm? É uma serva chamada Nino, que trabalha na minha casa. Seu rosto sempre parece melancólico, então eu quero trazer felicidade para ela."

    "É por isso que estou coletando felicidade em um jarro." -- Dizendo isso, ele levantou o jarro e o mostrou.

    Sua expressão olhando para o jarro como um amante era a própria felicidade encarnada. Em um nível que se suas emoções fossem reproduzidas com magia, seria capaz de facilmente encher o jarro de felicidade.

    Após isso, nós subimos na vassoura e nos dirigimos para a vila. Eu falei sobre como poder mágico funcionava agora há pouco, então nunca pude perguntar, mas ele era um Mago.

    Isso me lembra.

    O que exatamente Emil-san estava fazendo no meio das pastagens?

    "Eu estava testando se eu poderia extrair felicidade das plantas também."

    "E como foi?" Eu perguntei ao Emil-san que voava atrás de mim.

    "É complicado. Eu consegui reproduzir algo como as emoções das plantas, mas por alguma razão, sua coloração ficou impura, então eu deixei para lá."

    "Que pena."

    Bem, elas eram plantas afinal, huh. Se você perguntasse se plantas tinham emoções distintas, eu só iria inclinar minha cabeça, me perguntando. Se por um acaso eu descobrisse que elas tinham emoções, haveria uma chance de que eu não iria comer salada daquele momento em diante, então eu prefiro evitar me certificar disso o máximo possível.

    "Ah, é ali."

    Ele apontou para a vila que apareceu na nossa frente.

    Era uma vila minúscula. Tanto que se você caminhasse ao redor das cercas cheias de defeitos que estavam alinhadas ali ao invés de muros, você retornaria ao mesmo lugar em menos de uma hora.

    A quantidade de casas era mais ou menos várias dúzias. Casas de aparência similar estavam espalhadas, e como se para fechar as brechas, pequenos campos e poços estavam colocados entre elas.

    Bem, é assim que é.

    "É uma vila tranquila."

    "Não é?"

    Descendo da vassoura, nós passamos através de duas árvores que estavam ali, ao invés de um portão, e entramos da na vila.

    No fim da rua reta, havia uma bela mansão que era claramente maior se comparada com as outras casas. Eu disse maior, mas era no máximo do tamanho dos hotéis dos outros países.

    "Aquela é a casa do líder da vila?"

    Quando eu apontei para a mansão, ele assentiu.

    "Exato. E também é a minha casa."

    "Oh?"

    Então dizer que essa vila era do Emil-san não estava necessariamente errado.

    "...A reação foi bem fraca, moça."

    "Seria melhor se eu estivesse surpresa? Uau, incrível! Você é tão rico!"

    "É... tanto faz, deixa quieto..." Emil-san ficou para baixo, como se tivesse recebido um balde de água fria.

    "A propósito, Emil-san, quando você dará o jarro para ela?"

    Instantaneamente, seu rosto recuperou a animação. Ele é um menino interessante com saltos extremos de emoções.

    "Agora! Eu vou dar ele para ela após a refeição de hoje ao meio-dia. Ah, certo, moça, você também deveria vir comer. A comida feita pela Nino-chan é absolutamente deliciosa!"

    "Fico agradecida, mas eu já comi faz pouco tempo."

    "Então, ao menos experimente um pouco da comida da Nino-chan! Ah, você tem alguma comida que você não gosta? Vou pedi-la para evitar, caso tenha."

    Pelo visto terei de comer de qualquer jeito.

    No entanto, não tenho motivos para recusar, certo?

    "Não tem nada que eu desgoste, mas eu realmente comi agora há pouco, então só um pouco, ok?"

    "Deixa comigo! Eu vou te dar uma comida que é absolutamente deliciosa!"

    Não, quem vai fazer a comida não é você, mas a Nino-chan, certo?

    Parte 2
    E assim, eu acabei visitando a casa do líder da vila.

    Comparado a sua aparência externa que era bem grande, a parte interna era bem comum.

    Na sala de jantar para onde o Emil-san me guiou, havia móveis antigos alinhados. Assim como a situação modesta da vila, o líder da vila não parecia viver em prosperidade. Ou melhor dizendo, a impressão é que eles não conseguiam dar conta de um lugar tão grande.

    "Pois bem, vamos nos sentar."

    Emil-san puxou uma cadeira e insistiu que eu sentasse, então eu sentei.

    "Obrigada--A propósito, onde está a serva?"

    "Vai saber? Ela provavelmente virá logo."

    "E o líder da vila?"

    "Virá logo, eu acho?"

    "Qual é a da expressão despreocupada?"

    Era em um momento em que Emil-san e eu trocávamos tais palavras.

    Eu senti uma presença atrás de mim--Não, para ser precisa, eu só ouvi os sons vindo de trás.

    Em todo caso, eu me virei.

    "...Ah."

    Havia uma garota de pé ali. Assim que nossos olhos se encontraram, seus ombros saltaram, então eu a dei um pequeno aceno com a cabeça, como se ela estivesse com medo de alguma coisa. Era uma atitude bem inocente.

    A julgar pelas vestimentas, ela era uma serva. Ela vestia um vestido de avental um pouco grande demais (Roupa de empregada, em outras palavras) para sua estrutura física pequena.

    "Olá--Você por um acaso é uma pessoa com origens orientais?"

    Ela tinha um charmoso, listo cabelo negro e olhos marrom-escuros. Ela tinha uma aparência similar a aquela Aprendiz de Bruxa-san de origem oriental que eu conheci em algum país uma vez. O cabelo daquela Aprendiz de Bruxa-san era um pouco mais curto, no entanto.

    "Ehh? E-Err..."

    Perguntar sobre as origens de alguém era falta de educação, no fim das contas, huh---Como se estivesse pedindo por socorro, seu olhar se direcionou para o Emil-san.

    "Exatamente. Meu pai pegou a Nino-chan de um país oriental."

    "E então a fez trabalhar nessa casa como uma serva."

    A garota chamada Nino-chan acenou levemente com a cabeça. "Si-sim... Eu recebi uma grande quantidade de gentileza do líder da vila-sama."

    A resposta era tão mecânica que parecia que ela estava lendo um roteiro já preparado.

    "Onde está esse líder da vila-sama agora?"

    "Ah, erm... Agora, ele está no escritório, trabalhando..." Ela disse enquanto agarrava as bordas do seu vestido. "Uhm, você gostaria de pedir alguma coisa?"

    "Nada em especial" eu balancei minha cabeça.

    Em todo caso, parecia que eu iria encontrá-lo no jantar, e não havia necessidade de me apressar para encontrá-lo, também.

    Após ela terminar de falar comigo, ela olhou para baixo como se tentasse evitar me olhar nos olhos. Pelo visto falar com outras pessoas não é um dos seus pontos fortes.

    Entretanto, o garoto apaixonado não estava nem um pouco preocupado com isso. Caminhando como se estivesse saltitante, Emil-san correu para o lado dela e entrou na sua linha de visão.

    "Ei, ei, Nino-chan, o que temos para o almoço hoje?"

    Suas costas estavam viradas para mim, então eu não podia ver sua expressão, mas provavelmente não era nada tão diferente de um grande sorriso.

    "Ah, ho-hoje... Nós temos peixe grelhado como foi exigido do líder da vila-sama."

    "Ohh! Ei, se estiver tudo bem, você poderia preparar uma porção para ela também?"

    Emil-san apontou para mim, e Nino-san rapidamente olhou na minha direção e acenou de leve com a cabeça.

    "Que tal, moça?"

    "Sem problemas. Muito obrigada. Mas, eu não estou realmente com fome, então só um pouco será o suficiente."

    "...Si-sim."

    Tal como Emil-san disse, a expressão da Nino-san era realmente melancólica. A julgar pela sua expressão, era como se nós estivéssemos debochando dela.

    "Ah, verdade. Nino-chan, eu tenho um presente para você após essa refeição."

    "Eh, pa-para mim...?"

    "Sim. Pode esperar ansiosamente."

    "Nã-não... Não precisa. Se você der um presente para uma serva como eu... o líder da vila-sama ficará com raiva..."

    Sua expressão mudou a um nível que foi além de humildade.

    "Relaxaaa, eu vou explicar direitinho para meu pai."

    "Mas..."

    Se cansando da indecisão da Nino-chan, Emil-san tomou uma ação forçada. "Então, essa é uma ordem minha. Que tal?"

    "..."

    Seus sentimentos honestos devem ter alcançado ela, sem dúvidas. Nino-chan lentamente acenou com a cabeça dizendo, "Se for uma ordem..." e sorriu levemente.

    Olhando para ela, eu senti que ele também sorriu.

    Após isso, eu fiquei muito entediada.

    Emil-san foi dar uma mãozinha para a Nino-san e me deixou, a convidada, sozinha na sala de jantar. Eu também me dirigi para a cozinha para ajudar, mas ele recusou com um rosto sorridente dizendo "Moça, só espere sentada! Nós dois vamos fazer a comida!"

    Não havia ninguém para conversar, nem nada para fazer, só o tempo que passava e passava. Ou seja, foi extremamente improdutivo. Eu não consegui melhorar meu humor. Eu queria ao menos ler um livro. Mas eu não estava carregando nenhum, então nem isso pude fazer.

    No fim, eu só fiquei sentada na cadeira e passei o tempo na ociosidade.

    Eu esperei vários minutos.

    "É incomum termos visitas."

    Dizendo isso, um homem gordo sentou do lado oposto de mim. Não dava para chamá-lo de velho, mas também não era novo, e sua idade parecia estar entre os 35 e 40 e poucos. Provavelmente. Talvez.

    "Olá. Você por um acaso seria o líder da vila?" Eu perguntei enquanto carregava a certeza de que sim.

    "Sou eu mesmo."

    Como eu pensei.

    "Eu sou amiga do seu filho, Elaina. Uma viajante. Prazer em conhecê-lo."

    "Você é bem educada. Eu sou pai do Emil."

    Eu sei.

    No entanto, ele apareceu em um ótimo momento. Eu tenho tempo livre demais, afinal.

    "Há quanto tempo você tem atuado como líder dessa vila?"

    "Eu sou líder da vila desde que essa vila foi construída."

    "É mesmo?"

    "Sim."

    "É uma vila amável."

    "Sim."

    "A propósito, existe alguma coisa de especial nessa vila?"

    "Não, nada."

    "Nadinha?"

    "Nada."

    "...É mesmo?"

    Eu acho que continuei o papo inútil com o líder da vila após isso, mas, honestamente, eu não lembro de nada do que nós falamos.

    Em suma, foi mais ou menos uma conversa legal.

    Então, após pouco tempo, Nino-san e Emil-san voltaram carregando a refeição.

    Enquanto os dois estavam colocando a mesa, junto com um leve senso de fome, eu me senti inquieta por aquilo que não podia ser visto.

    "..."

    Eu acho que eu pedi por uma pequena porção de comida, mas...

    Parte 3
    "Eh? Você mediu direito minha porção pequena?" Para a minha questão, Emil-san respondeu confuso. "Veja, é um pequeno peixe, e a salada é pouca também."

    Bem, agora que ele falou, realmente parece ser pouco. Mas eu já ficaria satisfeita se fosse metade disso.

    "Uhm... Po-por um acaso eu coloquei demais...? Se você não puder comer tudo, está tudo bem deixar sobras..."

    "..."

    Eu fui silenciada. Próximo da Nino-san, Emil-san estava com os olhos cerrados como se tentando dizer "não deixe sobrar nada!"

    Então, no fim.

    Eu comi. Comi tudo sem deixar nenhuma sobra.

    Certamente foi uma comida deliciosa, mas eu só aproveitei no começo. E acabei empurrando todo resto no meu estomago. Tinha demais.

    "Obrigado pela comida! Estava uma delícia, Nino-chan."

    "Mu-muito...obrigada," Nino-san se curvou envergonhada. "Eu vou lavar a louça..."

    Então ela se levantou e coletou os pratos e copos. Emil-san também ajudou como se fosse o normal a se fazer.

    Nesse caso, eu também vou ajudar---Pensando nisso, eu me levantei, mas fui novamente parada por ele, com um sorriso, dizendo,"Moça, está tudo bem."

    Enquanto os dois foram para a cozinha, eu perguntei para o líder da vila "Onde você encontrou a Nino-san?"

    Após entornar o resto do copo de água na boca, o líder da vila, "No oriente, eu comprei ela," disse como se fosse a coisa mais normal do mundo.

    Comprou ela. Ou seja, isso significa: "Ela é uma escrava?"

    "Sim. Foi uma questão de alguns anos atrás. Era uma época que minha esposa havia saído de casa, e eu estava com problemas com as tarefas domésticas."

    "..."

    Havia coisas que eu gostaria de dizer, mas me segurei. Ficando em silêncio, eu o induzi a continuar.

    "Naquela época, eu estava a negócios em um país oriental e a encontrei lá. Ela foi um pouco cara, mas ela sabia fazer mais ou menos as tarefas domésticas, e mais ainda, ela tinha um rosto que demonstrava potencial para se tornar uma beldade no futuro. Por isso eu a comprei sem hesitar. Tal como antecipei, ela se tornou uma boa serva."

    O líder da vila riu indecentemente.

    "Emil-san tem noção disso?"

    "Eu deveria ter contado a ele, mas ele não parece que vai se importar muito com ela ser uma escrava."

    Emil-san disse que o líder da vila a encontrou, então há a probabilidade de que ele não tem noção dela ser uma escrava.

    Mesmo que a Nino-san tenha sido uma garota comprada como uma escrava, eu sinto que se for ele que não é duas caras, ele não iria mudar mesmo com isso.

    Nino-san, que voltou da cozinha silenciosamente enquanto nossa conversa estava parada, confirmou que nossos copos estavam vazios e coletou eles um por um. O fato de que ela estava constantemente olhando para baixo enquanto fazia isso significava que ela havia ouvido nossa conversa.

    "Nino-chan, onde nós deveríamos colocar o prato grande mesmo?"

    "Hii...!"

    Ela fez um som ensurdecedor.

    Emil-san, que subitamente saiu da cozinha, e Nino-san, colidiram diretamente um com o outro, e os copos que ela segurava caíram.

    Fragmentos de vários tamanhos se espalharam debaixo dos seus pés.

    "O que você está fazendo?!"

    Uma voz raivosa veio do meu lado oposto. O líder da vila rapidamente se levantou e agarrou a gola da Nino-san, ainda perplexa.

    "Limpe isso de uma vez! Você não consegue nem isso?! Quando você vai conseguir terminar algum trabalho com perfeição?!"

    "E-Eu sinto muito, sinto muito, sinto muito, sinto muito, sinto muito..."

    "Pare com isso, pai! Foi minha culpa, não?! Pare de culpar só a Nino-chan!"

    "Você fique quieto!"

    Recuando seus ombros, Emil-san abaixou a cabeça.

    Talvez ele estivesse cansado de gritar, ele soltou ela e apontou o seu queixo enquanto dizia, "Limpe isso!". Com lágrimas nos olhos, Nino-chan acenou com a cabeça repetidas vezes e se curvou para eles e para mim de novo e de novo, "Sinto muito, sinto muito, sinto muito..." enquanto repetia isso como um encantamento.

    Para ser honesta, eu não conseguia assistir.

    Era extremamente desagradável. Era revoltante.

    Eu puxei minha cadeira, me abaixei próxima aos pedaços de vidro, e peguei o meu cajado.

    "Se eu consertar os pedaços, não será necessário limpar."

    Magia de reversão temporal é conveniente para coisas como curar ferimentos ou reparar coisas. Algo branco como uma névoa tocou nos fragmentos gentilmente e retrocedeu o tempo deles para sua forma original.

    Eu dei o copo que havia se tornado o que era antes para a Nino-san. "Tome cuidado para não derrubá-lo daqui em diante, ok?"

    A garota em questão tinha uma expressão que dizia que ela não havia entendido o que havia acabado de acontecer.

    "Não, minha culpa. Eu acabei te mostrando algo vergonhoso e você até consertou o copo," se metendo na conversa, o líder da vila disse em um tom de voz calmo.

    "Ei, você agradeça ela apropriadamente também."

    Não, agradecer não é algo para se fazer forçadamente.

    "...Desculpa."

    Além disso, Nino-san, que havia sido interrompida, silenciosamente disse algo completamente diferente. Não está certo.

    "Não é 'Desculpa', é "Obrigado', Nino-san," Eu disse a ela.

    Então, Nino-san levantou seu rosto que parecia prestes a se debulhar em lágrimas em qualquer momento e forçou a voz para fora, "Muito, obrigada."

    Parte 4
    "Eu também consigo usar esse nível de Magia."

    Após o líder da vila ir para a sala de leitura, e Nino-san voltar a lavar a louça, o rosto de Emil-san ficou sombrio.

    Mesmo que estivesse tudo bem se ele parasse de fingir dureza forçadamente.

    "Ah, céus. Desculpa. Fiz algo desnecessário?"

    "Não, eu não fui capaz de fazer nada, afinal. Obrigado, moça."

    "Disponha."

    "Mas, mesmo eu conseguiria fazer isso."

    "..."

    Era provavelmente humilhante mostrar uma visão tão vergonhoso para a garota que ele ama.

    "Você não deveria se preocupar com isso," eu atingi os ombros dele com ambas as mãos. "Por sinal, Nino-san está para baixo agora, certo? Não é o melhor momento para dar a ela o presente?"

    "! Moça, seria você genial...?"

    "Fufufu. Você pode me elogiar mais um pouco."

    Emil-san, que encontrou esperança, teve seu humor facilmente elevado. Que criança simples. É bom ser assim.

    Emil-san, segurando o jarro por trás das costas, estava esperando a Nino-san terminar seu trabalho.

    "..."

    Nino-san, que saiu da cozinha com um rosto sombrio, se assustou com a súbita aparição do Emil-san. Foi uma reação parecida com a de um animal pequeno. Ela sem dúvidas se lembrou do momento que eles colidiram.

    Emil-san parou a um passo de distância.

    "Nino-chan. Eu disse que eu tinha um presente para você após a refeição, certo?"

    "...Si-sim."

    Nino-san respondeu hesitantemente.

    "Aqui. Esse é o presente."

    Emil-san pegou o jarro que ele escondia e o carregou para diante dos olhos dela. Não tendo ideia do que era aquilo, Nino-san encarou a neblina branca se movendo dentro dele com confusão no rosto.

    "Esse jarro está preenchido com felicidade."

    Emil-san tocou a tampa do jarro.

    "Dentro, está lotado de felicidade de várias pessoas que eu encontrei em vários lugares."

    "...Felicidade, das pessoas?"

    Nino-san inclinou sua cabeça e Emil-san sorriu.

    "Você não vai conseguir ver só com um olhar, então olhe atentamente."

    Com um som agradável, a tampa saiu.

    Do jarro que havia perdido a tampa, neblina branca saltou para fora e alcançou o teto. Então, ao cobrir o teto em branco como uma nuvem, começou a lentamente chover pequenas gotas.

    As gotas que pareciam vidro refletiam a luz solar e brilhavam, criando uma ilusão. Esses eram fragmentos da felicidade das pessoas. Os grãos de luz refletiam a felicidade que ele reuniu.

    A felicidade de dar a luz. A felicidade de ver uma linda cena. A felicidade de namorados caminhando juntos. A leve felicidade de descobrir flores bonitas. A felicidade que lembra o prazer sentido ao superar as dificuldades. A gentil felicidade sentida quando caindo no sono enquanto lia um livro no dia de folga, enquanto se banhava na luz solar.

    "Veja, o mundo lá fora é cheio de tais felicidades,"

    Emil-san disse enquanto segurava a mão da Nino-san.

    "Por isso, tire esse rosto melancólico. Porque eu vou te fazer feliz."

    Nino-san...

    Olhando para os grãos de luz com pura admiração, e logo em seguida começando a chorar em silêncio. Ela derramou lágrimas enquanto cobria a boca com a mão para que sua voz não escapasse.

    Emil-san, que ria como se não soubesse o que fazer, silenciosamente abraçou ela.

    As lágrimas fluindo...

    Saltaram e brilharam tal como os fragmentos de felicidade.

    Parte 5
    "Não teria problema se você quisesse ficar mais algum tempo."

    Um par de árvores alinhadas, ao invés de um portão. Emil-san, que apressadamente me escoltou para a saída da vila, se sentiu desolado como um cachorrinho abandonado.

    Próximo a ele estava a serva, Nino-san. Já que sua expressão não era boa desde o início, eu não conseguia ver se ela estava triste ou não em ter que se despedir de mim.

    Eu balancei minha cabeça.

    "Desculpa. Mas, eu não posso ficar muito tempo."

    Dizendo isso, eu peguei a vassoura.

    "...Venha e fique novamente, ok? Da próxima vez, Nino-chan e eu iremos servir refeições ainda mais deliciosas. Certo?"

    "Si-sim... Nós estaremos esperando."

    Nino-san se curvou.

    "Certo. Eu voltarei--Eu certamente irei, algum dia."

    Talvez quando eu terminar a jornada.

    Eles balançaram suas mãos enquanto eu me afastava. Emil-san balançava suas mãos em alto astral. Nino-san silenciosamente balançava só a parte acima do cotovelo.

    "...?"

    Subitamente, meus olhos se encontraram com os da Nino-san.

    Eles eram olhos de escuridão profunda. No entanto, não era só a cor escura, mas o tipo de escuro que parecia que essencialmente carregava a escuridão.

    Como se estivesse lotado com algum tipo de desespero. Tal como uma pessoa morta.

    Eles pareciam diferentes da primeira vez que eu os vi na residência do líder da vila.

    ...Como era mesmo?

    Enquanto me lembrava daquilo, a próxima vila se tornava visível.

    Era o fim do livro que eu li tempos trás.

    O conto do marido que pelo bem da esposa, que não podia sair de casa devido a uma doença, viajou mundo a fora, e voltou para casa para mostrá-la os belos cenários que ele viu, os reproduzindo com Magia.

    Mesmo tendo deixado um memórias ruins após a leitura, por que eu havia esquecido até então?

    A esposa, que desejava profundamente os cenários tão sonhados, irresponsavelmente moveu seu corpo que originalmente não poderia ser movido, e morreu muito mais cedo do que ela ainda tinha de tempo de vida---Esse foi o desfecho daquele conto. No fim, "Acreditar que você está fazendo algo por alguém, nem sempre significa que estará fazendo o certo," - Era uma história que tinha uma mensagem do tipo nas entrelinhas.

    Quando Nino-san viu o conteúdo do jarro, me pergunto o que ela sentiu.

    O que ela decidiu?

    Talvez...

    "..."

    Não, não pode ser. Não tem como, certo?

    Me virando, o vento soprava ao longo das pastagens que pareciam pintadas em uma fraca cor verde. As flores brilhavam ao receber os raios solares, e balançavam com o vento tal como a superfície da água.

    Era realmente um belo cenário.

    Mas eu nunca mais irei visitá-lo.

    Afinal, eu iria provavelmente só terminar sentindo nada além de tristeza, mesmo se eu voltar.

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