Archive for agosto 2018
A ascensão do semi-falso realismo
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Hoje é um bom dia para falar sobre algo que quase ninguém fala e que vai contra as crenças populares. Isso é algo que sempre me incomodou um pouco, porém ao mesmo tempo sempre foi algo que achei no mínimo curioso. O tema de hoje será o suposto realismo das obras.
"Quando se fala de realismo, qual a primeira coisa que te vem a cabeça?" Acho que essa é uma pergunta importante, antes de continuar o texto, pare e pense na resposta para essa pergunta..............
E aí? Pensou bem? Encontrou uma resposta? Muito bem, por hora vamos continuar o post.
O realismo tinha uma definição específica, tais definições sendo relativamente ambíguas, maleáveis e aplicáveis às mais diversas obras e situações. Porém, claro, nossa comunidade como sempre acha que termos assim você pode pegar e usar do jeito que bem entender. A nova versão do que é realista é muito menos realista do que muita obra não-realista por aí, o que já diz muita coisa sobre o quão problemático isso é. O fato é, tragédias são chamativas, coisas tristes são chamativas, coisas felizes e bonitas não. Foi implantada na cabeça das pessoas a ideia de que a realidade é unanimemente cruel, o que por si só já não é nada realista, para ser sincero. A realidade não é só o que passa em reportagens e notícias. Esse cinismo generalizado em relação a histórias felizes está cada vez mais longe da realidade, e como um relógio que uma hora está no 12 e outra está no 6, mas em ambos casos está no meio, ironicamente os comentários que essas pessoas faziam sobre quem vive "em um mar de rosas", agora pode ser aplicado a eles mesmos que vivem "em um mar de sangue".
Os dois lados estão errados, pois a realidade não é e nunca será uniforme, cada pessoa vive uma realidade diferente e adivinha só? O que não faltam são pessoas vivendo vidas felizes por aí. A maioria das pessoas que associam realismo a coisas ruins nunca realmente passaram por nenhuma grande tragédia, o que faz toda essa mentalidade cair por terra. É por isso que se a sua resposta para "Quando se fala de realismo, qual a primeira coisa que te vem a cabeça?" é dar alguma definição específica de como a realidade é, isso significa que você está inventando uma realidade fixa e tentando aplicar isso a todo o mundo, o que é um absurdo.
Definir o que é ou não é realista é muito mais complicado que isso, e me choca saber que muitas pessoas realmente acreditam que a realidade ao seu redor é a única realidade possível. Pensar que só porque seu primeiro relacionamento não deu certo, significa que nenhum primeiro relacionamento realmente dá certo. Pensar que alguém que sofreu um ferimento grave conseguir sobreviver não é realista. Pensar que alguns diálogos diferentes não são realistas. E por aí vai.
O mundo não gira em torno de você, nem de mim, nem de ninguém, cada um vive a sua realidade e nem por isso ela deixa de ser realista. A realidade não é feita de tragédias, embora elas façam sim parte da nossa realidade, então tudo depende da história que estamos acompanhando. Se é de alguém que vive uma vida feliz e tranquila no campo ou de alguém que sofreu a vida toda em campos de guerra e morreu no final, são duas realidades que podem sim coexistir e serem igualmente realistas. No fim você precisa é analisar o contexto mais minuciosamente. Uma guerra onde um dos lados não tem baixas, por exemplo, seria algo irreal até demais.
Meu ponto é que as pessoas precisam ser mais positivas, e é exatamente isso mesmo, sejam mais otimistas, pois da mesma forma que ser otimista demais é péssimo, ser pessimista demais também é. Para a realidade em si, um copo com água até a metade não é um copo meio cheio, nem um copo meio vazio, é um copo com água até a metade. Saraba Da!
Hoje é um bom dia para falar sobre algo que quase ninguém fala e que vai contra as crenças populares. Isso é algo que sempre me incomodou um pouco, porém ao mesmo tempo sempre foi algo que achei no mínimo curioso. O tema de hoje será o suposto realismo das obras.
"Quando se fala de realismo, qual a primeira coisa que te vem a cabeça?" Acho que essa é uma pergunta importante, antes de continuar o texto, pare e pense na resposta para essa pergunta..............
E aí? Pensou bem? Encontrou uma resposta? Muito bem, por hora vamos continuar o post.
O realismo tinha uma definição específica, tais definições sendo relativamente ambíguas, maleáveis e aplicáveis às mais diversas obras e situações. Porém, claro, nossa comunidade como sempre acha que termos assim você pode pegar e usar do jeito que bem entender. A nova versão do que é realista é muito menos realista do que muita obra não-realista por aí, o que já diz muita coisa sobre o quão problemático isso é. O fato é, tragédias são chamativas, coisas tristes são chamativas, coisas felizes e bonitas não. Foi implantada na cabeça das pessoas a ideia de que a realidade é unanimemente cruel, o que por si só já não é nada realista, para ser sincero. A realidade não é só o que passa em reportagens e notícias. Esse cinismo generalizado em relação a histórias felizes está cada vez mais longe da realidade, e como um relógio que uma hora está no 12 e outra está no 6, mas em ambos casos está no meio, ironicamente os comentários que essas pessoas faziam sobre quem vive "em um mar de rosas", agora pode ser aplicado a eles mesmos que vivem "em um mar de sangue".
Os dois lados estão errados, pois a realidade não é e nunca será uniforme, cada pessoa vive uma realidade diferente e adivinha só? O que não faltam são pessoas vivendo vidas felizes por aí. A maioria das pessoas que associam realismo a coisas ruins nunca realmente passaram por nenhuma grande tragédia, o que faz toda essa mentalidade cair por terra. É por isso que se a sua resposta para "Quando se fala de realismo, qual a primeira coisa que te vem a cabeça?" é dar alguma definição específica de como a realidade é, isso significa que você está inventando uma realidade fixa e tentando aplicar isso a todo o mundo, o que é um absurdo.
Definir o que é ou não é realista é muito mais complicado que isso, e me choca saber que muitas pessoas realmente acreditam que a realidade ao seu redor é a única realidade possível. Pensar que só porque seu primeiro relacionamento não deu certo, significa que nenhum primeiro relacionamento realmente dá certo. Pensar que alguém que sofreu um ferimento grave conseguir sobreviver não é realista. Pensar que alguns diálogos diferentes não são realistas. E por aí vai.
O mundo não gira em torno de você, nem de mim, nem de ninguém, cada um vive a sua realidade e nem por isso ela deixa de ser realista. A realidade não é feita de tragédias, embora elas façam sim parte da nossa realidade, então tudo depende da história que estamos acompanhando. Se é de alguém que vive uma vida feliz e tranquila no campo ou de alguém que sofreu a vida toda em campos de guerra e morreu no final, são duas realidades que podem sim coexistir e serem igualmente realistas. No fim você precisa é analisar o contexto mais minuciosamente. Uma guerra onde um dos lados não tem baixas, por exemplo, seria algo irreal até demais.
Meu ponto é que as pessoas precisam ser mais positivas, e é exatamente isso mesmo, sejam mais otimistas, pois da mesma forma que ser otimista demais é péssimo, ser pessimista demais também é. Para a realidade em si, um copo com água até a metade não é um copo meio cheio, nem um copo meio vazio, é um copo com água até a metade. Saraba Da!
By : Testarossa
Koiken Otome - A beleza e limitações do esforço sob as expectativas injustas
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Koiken Otome é uma grande quebra de expectativas---expectativas positivas, nesse caso---o que normalmente é o motivo para a maioria das críticas negativas que eu vejo em relação a obra. Porém, tudo isso nada mais são que críticas infundadas na minha visão. Estamos falando de pessoas que ignoram o que a obra quer e a taxam de ruim por não ser do jeito que queriam que ela fosse. Agora, por outro lado, ela consegue acertar naquilo que ela se propõe a fazer? Eu diria que, majoritariamente, sim. Hoje irei falar um pouco sobre Koiken Otome.
Nome da Visual Novel: Koiken Otome / 恋剣乙女
Duração: Média (Cerca de 25 horas)
Desenvolvedora: Eufonie
Lançamento: 21/12/2012
Idioma Original: Japonês
Tradução: Inglês e Chinês
Aviso: Essa review conterá spoilers mínimos, como tal, a não ser que queira ir jogar totalmente às cegas, pode ler a review sem preocupações.
Koiken Otome é uma Visual Novel de romance com ação. É importante frisar que ela é uma VN de "romance com ação" e não de "ação com romance", pode não parecer mas faz uma enorme diferença na hora de criar expectativas. Dependendo do ponto de vista com que você olha a obra, você pode até pensar que "tem algo errado nesse roteiro", mas eu particularmente achei que passaram muito bem o que queriam passar.
Você provavelmente já viu alguma história que se passa em uma "escola de magia" onde o protagonista é taxado de fraco por todos, quando secretamente na verdade é forte, certo? Em Koiken Otome nós temos o completo oposto, o protagonista, Seiichi, nem sequer sabe o que é o seu poder, mas todos acreditam que ele é forte por terem medido seu poder e descoberto que ele era do maior nível possível. Da mesma forma, a heroína principal, Akane, é descendente de uma famosa família cuja fama vem de um grande herói do passado, e por isso acreditavam que ela seria de alto nível, quando na verdade seu nível de poder é minimamente aceitável para a turma dela.
Os temas tratados na obra giram em torno dessa ideia, e ela consegue ser bem realista nesse aspecto. Se você não tiver esquecido do pequeno prólogo que escrevi no início desse post, saiba que ele foi premeditado, pois o que disse no começo reflete bem um dos principais temas da VN, que é o que eu chamo de "expectativas egoístas". Graças a algo que está fora do controle dos protagonistas, as pessoas ao redor deles decidem como eles deveriam ser, e não podendo cumprir realmente o que esperam deles, acabam sofrendo sendo excluídos e ignorados pela maioria. Mas isso ainda é feito de uma forma mais natural, sem exageros, as pessoas tem esse comportamento errado, mas sem realmente terem más intenções.
Com a Akane tendo o grande objetivo de vencer um importante torneio (Que necessita de equipes de 3, já que as lutas são de 3 contra 3), os problemas acima acabam sendo muito mais visíveis, e fica ainda mais importante quando Seiichi tenta estender a mão para ela, mesmo sabendo que ele seria um "peso morto".
A história tenta seguir essa perspectiva, com os personagens começando a fazer treinamentos intensivos, o que leva ao outro grande tema da novel: Os limites de uma pessoa sem talento. A busca incessante do protagonista para conseguir superar esse estigma de "sem talento" é mostrada em detalhes na obra. Não seria exagero dizer que você passa mais tempo lendo sobre os treinamentos dos protagonistas do que lendo as lutas em si, o que para muitos pode ser um fator negativo, e é por isso que eu falei sobre a VN ser de "romance com ação". Ação não é nem de perto o foco, os personagens que são, e através deles vemos ideias bem mais interessantes que "muitas lutas no torneio da escola de magia", na minha opinião.
Os personagens são muito bem construídos ao longo da obra, o que é uma necessidade não só para uma obra com temas como esses já citados, mas para uma obra de romance no geral. Com exceção da amiga de infância, Yuzu, cujo ambos personagem e rota são bem desinteressantes e superficiais, e o protagonista que é muito "acerto ou erro".
Uma coisa que eu apreciei bastante na Visual Novel é que vemos de perto todo o esforço e dedicação dos personagens e mesmo assim nunca acaba sendo o bastante para cobrir suas próprias fraquezas. A obra mostra que é possível sim melhorar, mas por outro lado é impossível conseguir milagres. E é aí que entra a importância da amizade, pois no fim das contas o que te falta pode ser preenchido por outras pessoas. A VN trabalha bem esse fator, tão bem que no fim todos os personagens preenchem as lacunas uns dos outros, e vemos um grupo de personagens muito bem fechado, onde a ausência de qualquer um deles faria toda a diferença.
Essa característica dá um peso a mais na relação deles, não só como amigos, mas eventualmente como casais. Isso para não citar algumas relações mais ambíguas, como a presença da Touko no grupo e as motivações por trás das suas ações, ou a relação da Yves com a Akane, o que tornam as coisas mais interessantes.
O humor da obra é bem padrão, do tipo que as piadas normalmente acabam sendo as que você já viu várias outras vezes. Durante a maior parte do tempo é até funcional devido o carisma dos personagens em si, mas tem algumas ocasiões que pode incomodar ou ser simplesmente desnecessário, felizmente é realmente raras ocasiões ao longo das 25-30 horas de duração. Eu pessoalmente a colocaria mais na caixa do "divertida" do que do "engraçada", mas nem vale muito a pena gastar muito tempo nesse aspecto, já que varia muito de pessoa para pessoa. Vale citar o humor já que, apesar do que escrevi até então nessa review, a obra é bem "pra cima" durante a maior parte, vamos dizer assim. Os dramas da obra são normalmente bem encaixados, sem parecerem forçados ou exagerados, embora tenha alguns deslizes aqui e ali.
A rota da Yuzu é como eu falei antes: Superficial. A personagem não tem nada demais para oferecer, logo a rota em si deveria ser bem vazia, um romance básico para agradar quem gostar da personagem. A Yuzu é a amiga de infância, cabeça de vento, atrapalhada, emocional e gentil. Ela não tem muito para onde ir e seu maior conflito é resolvido ainda na Rota Comum. No entanto, talvez o escritor tenha percebido isso, pois existem certos elementos extras na rota da Yuzu, coisas que vão além da própria personagem e que envolvem alguns personagens secundários. Nesse caso, dá para dizer que a rota dela tem algum valor, já que desenvolve personagens que aparecem pouco na obra.
Por fim, a rota da Yves é um caso interessante. Por não ser uma personagem do núcleo de protagonistas e ter uma personalidade arrogante, confiante e egoísta, curiosamente ela é uma personagem que sofre de pré-julgamentos. No entanto, a rota dela foi a segunda melhor para mim, além da mais surpreendente, e mostra que se você não conhecesse a pessoa, julgá-la pelo pouco que viu é uma enorme bobagem. Ela não é a típica personagem que de longe parece de um jeito, mas quando a conhece melhor descobre que não é bem assim, muito pelo contrário, ela é realmente do jeito que parece, só que por ser bem trabalhada tanto em profundidade quanto em personalidade, ela se torna muito mais interessante justamente por isso. Um jeito de mostrar isso foi logo no início da rota dela, embora tenham usado o protagonista para isso e feito um drama bem irritante em cima da situação. Mas como um mal necessário, dá para compreender melhor a personagem, e ver que toda essa confiança e até arrogância não só tem um motivo para existirem, como é uma motivação válida e que adiciona muito a personagem que ela é.
Vale mencionar também a produção da Visual Novel, a arte é realmente muito bonita, o que torna um pouco frustrante o fato de ter tão poucas CGs, mesmo para uma novel de duração média. Acharia muito bem vindo umas 4 ou 5 CGs na Rota Comum, e outras 2 ou 3 por rota. Tem algumas inconsistências no design dos personagens em algumas CGs e até pequenos erros aqui e ali, porém nada realmente muito agravante. Os cenários são bem feitos e os menus são bem únicos, modernos e agradáveis mesmo nos dias atuais.
A trilha sonora é muito boa, principalmente as de drama e ação, embora algumas de slice of life também se destaquem. Elas complementam muito bem as boas cenas da obra, ajudando na atmosfera, na tensão ou nos momentos dramáticos. Algumas talvez você até queira ouvir novamente após terminar. A dublagem é decente o suficiente, nenhuma atuação estelar, mas não há o que reclamar.
No fim, sinto que querer falar de história em Koiken Otome seria tão justo quanto querer cobrar história de uma obra de romance. Não ajuda muito o fato de existir uma certa construção de mundo na VN, a obra se dá ao trabalho de dar um contexto para os poderes dos personagens e a existência da escola, mas muitos assumem que isso é feito para ter uma grande história depois. Por isso eu pouco me importei com a simplicidade da história, já que não era nem de perto o foco da novel. Se o que você busca é uma história profunda e/ou épica, recomendo fortemente que ignore esse título. Caso o que você busque seja uma boa obra de romance, então sim, essa seria uma boa escolha. A VN dá alguns deslizes na comédia e no drama sem duvidas, mas vale a pena pelos temas e personagens.
Ordem Recomendada de Rotas: Touko>As outras (Na ordem que quiser). Recomendo a rota da Touko primeiro por ter elementos da rota revelados ou mencionados em outras rotas, é a única rota que entregam spoilers em outras rotas, então é preferível que faça a dela primeiro e depois escolha a ordem que quiser.
Koiken Otome é uma grande quebra de expectativas---expectativas positivas, nesse caso---o que normalmente é o motivo para a maioria das críticas negativas que eu vejo em relação a obra. Porém, tudo isso nada mais são que críticas infundadas na minha visão. Estamos falando de pessoas que ignoram o que a obra quer e a taxam de ruim por não ser do jeito que queriam que ela fosse. Agora, por outro lado, ela consegue acertar naquilo que ela se propõe a fazer? Eu diria que, majoritariamente, sim. Hoje irei falar um pouco sobre Koiken Otome.
Nome da Visual Novel: Koiken Otome / 恋剣乙女
Duração: Média (Cerca de 25 horas)
Desenvolvedora: Eufonie
Lançamento: 21/12/2012
Idioma Original: Japonês
Tradução: Inglês e Chinês
Aviso: Essa review conterá spoilers mínimos, como tal, a não ser que queira ir jogar totalmente às cegas, pode ler a review sem preocupações.
Koiken Otome é uma Visual Novel de romance com ação. É importante frisar que ela é uma VN de "romance com ação" e não de "ação com romance", pode não parecer mas faz uma enorme diferença na hora de criar expectativas. Dependendo do ponto de vista com que você olha a obra, você pode até pensar que "tem algo errado nesse roteiro", mas eu particularmente achei que passaram muito bem o que queriam passar.
Você provavelmente já viu alguma história que se passa em uma "escola de magia" onde o protagonista é taxado de fraco por todos, quando secretamente na verdade é forte, certo? Em Koiken Otome nós temos o completo oposto, o protagonista, Seiichi, nem sequer sabe o que é o seu poder, mas todos acreditam que ele é forte por terem medido seu poder e descoberto que ele era do maior nível possível. Da mesma forma, a heroína principal, Akane, é descendente de uma famosa família cuja fama vem de um grande herói do passado, e por isso acreditavam que ela seria de alto nível, quando na verdade seu nível de poder é minimamente aceitável para a turma dela.
Os temas tratados na obra giram em torno dessa ideia, e ela consegue ser bem realista nesse aspecto. Se você não tiver esquecido do pequeno prólogo que escrevi no início desse post, saiba que ele foi premeditado, pois o que disse no começo reflete bem um dos principais temas da VN, que é o que eu chamo de "expectativas egoístas". Graças a algo que está fora do controle dos protagonistas, as pessoas ao redor deles decidem como eles deveriam ser, e não podendo cumprir realmente o que esperam deles, acabam sofrendo sendo excluídos e ignorados pela maioria. Mas isso ainda é feito de uma forma mais natural, sem exageros, as pessoas tem esse comportamento errado, mas sem realmente terem más intenções.
Com a Akane tendo o grande objetivo de vencer um importante torneio (Que necessita de equipes de 3, já que as lutas são de 3 contra 3), os problemas acima acabam sendo muito mais visíveis, e fica ainda mais importante quando Seiichi tenta estender a mão para ela, mesmo sabendo que ele seria um "peso morto".
A história tenta seguir essa perspectiva, com os personagens começando a fazer treinamentos intensivos, o que leva ao outro grande tema da novel: Os limites de uma pessoa sem talento. A busca incessante do protagonista para conseguir superar esse estigma de "sem talento" é mostrada em detalhes na obra. Não seria exagero dizer que você passa mais tempo lendo sobre os treinamentos dos protagonistas do que lendo as lutas em si, o que para muitos pode ser um fator negativo, e é por isso que eu falei sobre a VN ser de "romance com ação". Ação não é nem de perto o foco, os personagens que são, e através deles vemos ideias bem mais interessantes que "muitas lutas no torneio da escola de magia", na minha opinião.
Os personagens são muito bem construídos ao longo da obra, o que é uma necessidade não só para uma obra com temas como esses já citados, mas para uma obra de romance no geral. Com exceção da amiga de infância, Yuzu, cujo ambos personagem e rota são bem desinteressantes e superficiais, e o protagonista que é muito "acerto ou erro".
Uma coisa que eu apreciei bastante na Visual Novel é que vemos de perto todo o esforço e dedicação dos personagens e mesmo assim nunca acaba sendo o bastante para cobrir suas próprias fraquezas. A obra mostra que é possível sim melhorar, mas por outro lado é impossível conseguir milagres. E é aí que entra a importância da amizade, pois no fim das contas o que te falta pode ser preenchido por outras pessoas. A VN trabalha bem esse fator, tão bem que no fim todos os personagens preenchem as lacunas uns dos outros, e vemos um grupo de personagens muito bem fechado, onde a ausência de qualquer um deles faria toda a diferença.
Essa característica dá um peso a mais na relação deles, não só como amigos, mas eventualmente como casais. Isso para não citar algumas relações mais ambíguas, como a presença da Touko no grupo e as motivações por trás das suas ações, ou a relação da Yves com a Akane, o que tornam as coisas mais interessantes.
O humor da obra é bem padrão, do tipo que as piadas normalmente acabam sendo as que você já viu várias outras vezes. Durante a maior parte do tempo é até funcional devido o carisma dos personagens em si, mas tem algumas ocasiões que pode incomodar ou ser simplesmente desnecessário, felizmente é realmente raras ocasiões ao longo das 25-30 horas de duração. Eu pessoalmente a colocaria mais na caixa do "divertida" do que do "engraçada", mas nem vale muito a pena gastar muito tempo nesse aspecto, já que varia muito de pessoa para pessoa. Vale citar o humor já que, apesar do que escrevi até então nessa review, a obra é bem "pra cima" durante a maior parte, vamos dizer assim. Os dramas da obra são normalmente bem encaixados, sem parecerem forçados ou exagerados, embora tenha alguns deslizes aqui e ali.
Existe uma certa oscilação quando se trata de drama pois por um lado eu posso dizer que a novel tem algumas cenas dramáticas bem impactantes ou até mesmo surpreendentes, do tipo que se fosse algo mais frequente na obra eu certamente daria uma nota maior do que a que eu dei. Por outro lado, como se estivesse ali para pesar na balança, a VN também tem algumas cenas de drama bem bobas ou até mesmo irritantes. Apesar disso, posso dizer que tem mais acertos do que erros nesse quesito.
E claro, o humor e o drama da obra servem de auxílio para o elemento mais importante, que seria o romance. Como uma obra de romance, Koiken Otome de fato entrega ótimos resultados, isso provavelmente pela química e construção dos personagens, o que já deixa meio caminho andado.
Claro, se formos considerar uma personagem como a Yuzu, talvez mesmo com uma boa química ainda seja chato acompanhar um romance com ela. Os personagens se encaixam muito bem sim (No bom sentido... Se bem que nesse caso, é válido em ambos), mas no fim das contas se a escrita não acompanhar, o resultado final acaba não sendo tão positivo assim.
Falando das rotas em si, a rota da Akane é a mais simples de todas se eu tivesse que escolher. Ela é bem executada, mas dificilmente vai te surpreender. Pelo que eu me lembro, ao menos, a rota da Akane não deixou nenhuma impressão muito forte, mas por outro lado também não deixou nenhuma impressão negativa. Se gostou da personagem, sem duvidas não ficará decepcionado com a rota da mesma, até por ser um "arco de personagem" legal para ela mesma e ter um final realmente completo. O romance dela com o Seiichi é bem o que se esperaria, mas é agradável já que é uma relação que vem sendo construída desde os primeiros momentos da novel.
A Akane é uma boa personagem, ela é uma personagem amigável, porém ambiciosa, sensível, porém séria, esses contrastes da sua personalidade auxiliam na sua rota, já que também acaba existindo um contraste entre o romance e seus objetivos, fazendo a sua rota ser bem interessante apesar de simples.
A rota da Touko (A.k.a. melhor personagem) é previsivelmente a melhor rota! Brincadeiras à parte--apesar de realmente pensar assim--a rota da Touko é a mais consistente das quatro, mantendo um alto nível do início ao fim. Além disso, o romance é muito mais gratificante considerando os eventos da rota em si, tal como o drama é também muito bom. Olhando de uma maneira geral, ela é a personagem mais profunda da obra, a que mais tem coisas para entregar devido a sua personalidade e os segredos que ela guarda. A rota dela surpreende bastante e o romance realmente tem um significado maior aqui (Por isso mais gratificante), o desenvolvimento da Touko somado a história da rota em si faz com que tenham acertos em todos os âmbitos. Eu me arriscaria a dizer que mesmo que as outras 3 rotas fossem péssimas, se essa rota continuasse como é, ainda valeria a pena.A rota da Yuzu é como eu falei antes: Superficial. A personagem não tem nada demais para oferecer, logo a rota em si deveria ser bem vazia, um romance básico para agradar quem gostar da personagem. A Yuzu é a amiga de infância, cabeça de vento, atrapalhada, emocional e gentil. Ela não tem muito para onde ir e seu maior conflito é resolvido ainda na Rota Comum. No entanto, talvez o escritor tenha percebido isso, pois existem certos elementos extras na rota da Yuzu, coisas que vão além da própria personagem e que envolvem alguns personagens secundários. Nesse caso, dá para dizer que a rota dela tem algum valor, já que desenvolve personagens que aparecem pouco na obra.
Por fim, a rota da Yves é um caso interessante. Por não ser uma personagem do núcleo de protagonistas e ter uma personalidade arrogante, confiante e egoísta, curiosamente ela é uma personagem que sofre de pré-julgamentos. No entanto, a rota dela foi a segunda melhor para mim, além da mais surpreendente, e mostra que se você não conhecesse a pessoa, julgá-la pelo pouco que viu é uma enorme bobagem. Ela não é a típica personagem que de longe parece de um jeito, mas quando a conhece melhor descobre que não é bem assim, muito pelo contrário, ela é realmente do jeito que parece, só que por ser bem trabalhada tanto em profundidade quanto em personalidade, ela se torna muito mais interessante justamente por isso. Um jeito de mostrar isso foi logo no início da rota dela, embora tenham usado o protagonista para isso e feito um drama bem irritante em cima da situação. Mas como um mal necessário, dá para compreender melhor a personagem, e ver que toda essa confiança e até arrogância não só tem um motivo para existirem, como é uma motivação válida e que adiciona muito a personagem que ela é.
Vale mencionar também a produção da Visual Novel, a arte é realmente muito bonita, o que torna um pouco frustrante o fato de ter tão poucas CGs, mesmo para uma novel de duração média. Acharia muito bem vindo umas 4 ou 5 CGs na Rota Comum, e outras 2 ou 3 por rota. Tem algumas inconsistências no design dos personagens em algumas CGs e até pequenos erros aqui e ali, porém nada realmente muito agravante. Os cenários são bem feitos e os menus são bem únicos, modernos e agradáveis mesmo nos dias atuais.
A trilha sonora é muito boa, principalmente as de drama e ação, embora algumas de slice of life também se destaquem. Elas complementam muito bem as boas cenas da obra, ajudando na atmosfera, na tensão ou nos momentos dramáticos. Algumas talvez você até queira ouvir novamente após terminar. A dublagem é decente o suficiente, nenhuma atuação estelar, mas não há o que reclamar.
No fim, sinto que querer falar de história em Koiken Otome seria tão justo quanto querer cobrar história de uma obra de romance. Não ajuda muito o fato de existir uma certa construção de mundo na VN, a obra se dá ao trabalho de dar um contexto para os poderes dos personagens e a existência da escola, mas muitos assumem que isso é feito para ter uma grande história depois. Por isso eu pouco me importei com a simplicidade da história, já que não era nem de perto o foco da novel. Se o que você busca é uma história profunda e/ou épica, recomendo fortemente que ignore esse título. Caso o que você busque seja uma boa obra de romance, então sim, essa seria uma boa escolha. A VN dá alguns deslizes na comédia e no drama sem duvidas, mas vale a pena pelos temas e personagens.
Ordem Recomendada de Rotas: Touko>As outras (Na ordem que quiser). Recomendo a rota da Touko primeiro por ter elementos da rota revelados ou mencionados em outras rotas, é a única rota que entregam spoilers em outras rotas, então é preferível que faça a dela primeiro e depois escolha a ordem que quiser.
By : Testarossa
Hanashi #02 - Quando a pressão dos números me calava
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(Caso não saiba o que é o quadro Hanashi, dê uma olhada no primeiro post: aqui.)
Eu comecei a perceber que eu tinha uma boa capacidade interpretativa justamente com animes, mangás e novels. Eu não tinha dificuldade em entender as obras, embora durante um bom tempo eu assistia animes com uma mentalidade que fazia eu evitar olhar com mais profundidades para eles. Mas quando eu passei dessa fase, eu notei o quão longe eu conseguia enxergar as obras, e isso me fez começar a ler as opiniões dos outros principalmente em sites como o MyAnimeList. Começar a me importar com os outros nessa fase de transição e novidade foi um grande erro.
Números podem ser assustadores, não acha? Eles te manipulam, te oprimem, te iludem ou mesmo te transformam. Isso tudo acontece debaixo do nosso nariz e muitas vezes não percebemos. Vocês sabem o que é ter sua credibilidade questionada porque não assistiram/leram uma obra muito popular? Afinal... "milhares e milhares de pessoas estão assistindo/lendo, mas você não? Por que? É um hater? Hipster? Que frescura, se tantas pessoas gostam é porque é bom."
Eu já ouvi muitas vezes isso até mesmo de amigos, ou então alguém me achar estranho ou errado por não me importar mais se X pessoas gostam ou assistiram/leram uma obra.
Um simples número é capaz de invalidar seu espaço como individuo. Ou pior, pode te manipular a desacreditar em si mesmo. Imagine uma sala com 10 pessoas, você sendo uma delas, e em uma determinada situação os 10 precisam opinar sobre um determinado assunto, você é o último. Imagine que precisam escolher entre X ou Y, na sua mente o ideal seria o Y, porém, as outras 9 pessoas escolhem X, o que você faz? Talvez 9 pessoas não seja algo tão complicado de se lidar, mas e se fossem 90? 900? Basicamente quanto maior o número, maior o peso de ter uma opinião contrária e expressá-la.
Conectando as duas partes desse texto, imagine estar diante de uma obra com um final interpretativo, você consegue tirar uma interpretação que faça bastante sentido no que foi mostrado na obra. No entanto, ao ir atrás da opinião dos outros, se depara com uma multidão de comentários negativos. Ninguém quer lutar uma guerra sozinho, seria suicídio. Quando me deparei com essa situação pela primeira vez, eu preferi me calar, guardar aquela opinião para mim. Mas cada vez que isso acontecia, minha frustração crescia. Eu pensava "isso não está certo", pensava "não falar nada só piora a situação". O mundo não funciona diante de um único ponto de vista, o medo de agir pela repreensão dos números não pode ser maior que o medo dos números ganharem relevância.
Nós como indivíduos temos uma grande vantagem sobre os números que não costumamos aproveitar, que é a complexidade de podermos gerar as mais diversas ideias. Os "números" estão sempre representando uma ideia fixa e imutável, você não tem que se sentir oprimido por causa dos números.
"Você não é todo mundo" é uma frase que, ironicamente, todo mundo já ouviu, e ela é realmente válida para todo mundo. Cada um é cada um, não é porque um maior número de pessoas está indo para uma direção que faz dessa a direção correta.
Eu não quero ser mais um número, eu prezo minha individualidade e eu recomendo muito que façam o mesmo. Não importa se você tem uma opinião impopular, você deve expressá-la. Ignore o que os números tentam impor, foque nas pessoas que ainda retém suas individualidades, apenas dessa forma você poderá encontrar um ponto de vista que possa te dizer se você está certo ou errado, caso seja uma questão que possa ser enquadrada em um desses dois.
No fim, as obras que eu fui omisso na hora de expor o que pensava sobre elas provaram que eu estava de fato, correto nas minhas interpretações, mas no fim das contas de nada serviu, pois eu não me expressei quando deveria. Os números me fizeram desacreditar em mim mesmo, eu acreditei que se a maioria pensava de um jeito diferente, talvez o errado fosse eu.
Confie mais em si mesmo, se arrisque, se você estiver errado alguém eventualmente irá te corrigir dando motivos válidos para justificar que você, de fato, está errado, e aí você terá que admitir o erro, dessa forma aprendendo e evoluindo. Enquanto tivermos nossa individualidade, acertaremos e erraremos, evoluiremos e aprenderemos. Números não podem alcançar essa complexidade. O caminho de enfrentar um grande número é árduo sem dúvidas, uma grande dor de cabeça, mas estamos acima disso. É uma luta para tirar a relevância dos números da mente das pessoas, mostrar que não é porque uma obra tem nota X que ela é boa, mostrar que não é porque uma pessoa com X inscritos no YouTube disse que é certo, mostrar que não é porque X pessoas estão acompanhando algo que você também é obrigado a acompanhar.
Eu não tenho mais tanto medo de dar uma opinião que eu sei que será apedrejada pelos números, se é algo que eu acho certo, ou ao menos algo que eu ache que valha a pena ser debatido, eu provavelmente falarei. Sim, "mais tanto medo" e "provavelmente". Esse é um receio que ainda existe dentro de mim apesar de tudo, e imagino que exista dentro de todos nós dependendo do tema ou ocasião. Mas falando das mídias de entretenimento, eu certamente não terei mais medo de ter uma opinião por muitas pessoas pensarem diferente e se você tem esse medo, relaxe e opine sim, pois números não contra-argumentam, apenas tentam te obrigar a pensar igual, eles são muitos, mas são inofensivos. Saraba Da!
(Caso não saiba o que é o quadro Hanashi, dê uma olhada no primeiro post: aqui.)
Quando a pressão dos números me calava
Apesar de achar a língua portuguesa desnecessariamente complicada e cansativa com todos os tempos verbais e tudo mais, essa sempre foi uma matéria que eu me saia bem. Eu lembro que quando bem jovem, havia achado fantástico quando a professora começou a ensinar pela primeira vez sobre as figuras de linguagem e claro, também realmente gostava de ler e escrever (Quando era coisas do meu interesse). Talvez por isso, eu desenvolvi uma boa capacidade interpretativa da qual durante boa parte da vida eu sequer tinha consciência sobre.Eu comecei a perceber que eu tinha uma boa capacidade interpretativa justamente com animes, mangás e novels. Eu não tinha dificuldade em entender as obras, embora durante um bom tempo eu assistia animes com uma mentalidade que fazia eu evitar olhar com mais profundidades para eles. Mas quando eu passei dessa fase, eu notei o quão longe eu conseguia enxergar as obras, e isso me fez começar a ler as opiniões dos outros principalmente em sites como o MyAnimeList. Começar a me importar com os outros nessa fase de transição e novidade foi um grande erro.
Números podem ser assustadores, não acha? Eles te manipulam, te oprimem, te iludem ou mesmo te transformam. Isso tudo acontece debaixo do nosso nariz e muitas vezes não percebemos. Vocês sabem o que é ter sua credibilidade questionada porque não assistiram/leram uma obra muito popular? Afinal... "milhares e milhares de pessoas estão assistindo/lendo, mas você não? Por que? É um hater? Hipster? Que frescura, se tantas pessoas gostam é porque é bom."
Eu já ouvi muitas vezes isso até mesmo de amigos, ou então alguém me achar estranho ou errado por não me importar mais se X pessoas gostam ou assistiram/leram uma obra.
Um simples número é capaz de invalidar seu espaço como individuo. Ou pior, pode te manipular a desacreditar em si mesmo. Imagine uma sala com 10 pessoas, você sendo uma delas, e em uma determinada situação os 10 precisam opinar sobre um determinado assunto, você é o último. Imagine que precisam escolher entre X ou Y, na sua mente o ideal seria o Y, porém, as outras 9 pessoas escolhem X, o que você faz? Talvez 9 pessoas não seja algo tão complicado de se lidar, mas e se fossem 90? 900? Basicamente quanto maior o número, maior o peso de ter uma opinião contrária e expressá-la.
Conectando as duas partes desse texto, imagine estar diante de uma obra com um final interpretativo, você consegue tirar uma interpretação que faça bastante sentido no que foi mostrado na obra. No entanto, ao ir atrás da opinião dos outros, se depara com uma multidão de comentários negativos. Ninguém quer lutar uma guerra sozinho, seria suicídio. Quando me deparei com essa situação pela primeira vez, eu preferi me calar, guardar aquela opinião para mim. Mas cada vez que isso acontecia, minha frustração crescia. Eu pensava "isso não está certo", pensava "não falar nada só piora a situação". O mundo não funciona diante de um único ponto de vista, o medo de agir pela repreensão dos números não pode ser maior que o medo dos números ganharem relevância.
Nós como indivíduos temos uma grande vantagem sobre os números que não costumamos aproveitar, que é a complexidade de podermos gerar as mais diversas ideias. Os "números" estão sempre representando uma ideia fixa e imutável, você não tem que se sentir oprimido por causa dos números.
"Você não é todo mundo" é uma frase que, ironicamente, todo mundo já ouviu, e ela é realmente válida para todo mundo. Cada um é cada um, não é porque um maior número de pessoas está indo para uma direção que faz dessa a direção correta.
Eu não quero ser mais um número, eu prezo minha individualidade e eu recomendo muito que façam o mesmo. Não importa se você tem uma opinião impopular, você deve expressá-la. Ignore o que os números tentam impor, foque nas pessoas que ainda retém suas individualidades, apenas dessa forma você poderá encontrar um ponto de vista que possa te dizer se você está certo ou errado, caso seja uma questão que possa ser enquadrada em um desses dois.
No fim, as obras que eu fui omisso na hora de expor o que pensava sobre elas provaram que eu estava de fato, correto nas minhas interpretações, mas no fim das contas de nada serviu, pois eu não me expressei quando deveria. Os números me fizeram desacreditar em mim mesmo, eu acreditei que se a maioria pensava de um jeito diferente, talvez o errado fosse eu.
Confie mais em si mesmo, se arrisque, se você estiver errado alguém eventualmente irá te corrigir dando motivos válidos para justificar que você, de fato, está errado, e aí você terá que admitir o erro, dessa forma aprendendo e evoluindo. Enquanto tivermos nossa individualidade, acertaremos e erraremos, evoluiremos e aprenderemos. Números não podem alcançar essa complexidade. O caminho de enfrentar um grande número é árduo sem dúvidas, uma grande dor de cabeça, mas estamos acima disso. É uma luta para tirar a relevância dos números da mente das pessoas, mostrar que não é porque uma obra tem nota X que ela é boa, mostrar que não é porque uma pessoa com X inscritos no YouTube disse que é certo, mostrar que não é porque X pessoas estão acompanhando algo que você também é obrigado a acompanhar.
Eu não tenho mais tanto medo de dar uma opinião que eu sei que será apedrejada pelos números, se é algo que eu acho certo, ou ao menos algo que eu ache que valha a pena ser debatido, eu provavelmente falarei. Sim, "mais tanto medo" e "provavelmente". Esse é um receio que ainda existe dentro de mim apesar de tudo, e imagino que exista dentro de todos nós dependendo do tema ou ocasião. Mas falando das mídias de entretenimento, eu certamente não terei mais medo de ter uma opinião por muitas pessoas pensarem diferente e se você tem esse medo, relaxe e opine sim, pois números não contra-argumentam, apenas tentam te obrigar a pensar igual, eles são muitos, mas são inofensivos. Saraba Da!
By : Testarossa
Quando o entretenimento é caçado pelo egocentrismo
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Chegou um momento em que, vendo comentários sobre algum anime, mangá, novel, jogo, filme ou qualquer outra mídia de entretenimento, eu acabava me perguntando: "Como e quando a mentalidade das pessoas desceu a esse nível?"
O entretenimento, mais especificadamente os que mencionei acima, sempre foi feito com um interesse amplo, visando atingir o máximo de pessoas possível dentro desse interesse específico. Por exemplo, shounens costumam seguir certas ideias que apetecem ao seu público e isso obviamente não é nenhum problema, só seria um problema se fosse mal feito. Outros gêneros, subgêneros ou mesmo ideias e certos elementos no geral estão sobre buscando atingir o máximo de pessoas possíveis dentro de um grupo específico. Eu colocaria o entretenimento, nesse caso, como algo "geral".
Mas existe também uma outra forma de se fazer o entretenimento, que é buscar dar vida a certas ambições e crenças. As obras que vão por esse caminho normalmente não se importam muito com padrões ou clichês, só querem dar vida a uma obra da forma mais pura possível, o que gera muitas obras diferenciadas e/ou experimentais. Esses dois grupos conseguem coexistir e se misturar, e isso acontece porque ambos tem um objetivo em comum.
Por isso é importante estar olhando para a obra para então considerá-la da melhor maneira possível.
Tudo o que eu disse até então é basicamente um ponto de vista básico que de alguma forma está se tornando cada vez mais raro nos dias de hoje. Existem muitos que adotam a narrativa do "antigamente era bom, hoje só tem coisa ruim", o que é um absurdo pois seja no passado, no presente ou no futuro, sempre terão coisas boas e coisas ruins. Mas é possível ver uma possível fonte dessa e outras mentalidades similares.
Apesar de acreditar que isso seja algo que esteja dentro de todos nós, a internet talvez tenha sido uma grande influência nesse problema, principalmente se considerar as bolhas em que as pessoas escolhem se prender, alimentando essa sensação de auto-importância que por não ser contrariada acaba crescendo como uma bola de neve, o que leva a criação do egocentrismo, que por sua vez distorce o próprio entretenimento e o ponto de vista básico citado um pouco acima nesse texto.
Histórias, ideias, conceitos, mensagens, não importa o que o criador de uma obra possa ter em mente quando decide criá-la. O egocentrismo impede que qualquer coisa seja realmente relevante, e o motivo é bem simples. Há pouco, eu citei que: "Por isso é importante estar olhando para a obra para então considerá-la da melhor maneira possível." e essa citação foi proposital para facilitar o entendimento da situação. A pessoa egocêntrica jamais olha para a obra, ela sempre olha fixamente para o seu próprio umbigo. O mundo gira ao seu redor, logo, a ideia de um entretenimento feito para um certo público ou de uma certa forma específica não é algo bom para uma pessoa assim. O entretenimento deveria ser feito especificadamente para ela, certo? Criarem uma obra pensando em um único individuo, no que ele acredita ser o ideal, e o que ele acredita ser o ideal é um fato, o único caminho correto. As obras são definidas, então, entre aquelas que conseguem entreter esse individuo (Consideradas boas) e as que não conseguem (Consideradas ruins).
---Mas isso é problemático! Afinal, agradar um único individuo totalmente é muito complicado e mesmo o número de coisas produzidas por ano sendo muito grande, ainda falham. Oh, quanta incompetência. Logo, os tipos de obras mais desagradáveis para esse único individuo específico precisam deixar de existir, é claro. Somente as obras que seguem o grande ideal de uma pessoa devem seguir sendo produzidas, ah a utopia, o mundo perfeito.
O rei se senta em sua cadeira, começa a assistir/ler/jogar uma obra e espera a mesma fazer todas as suas vontades. Caso contrário, tirania neles! É um plano simplesmente genial. Estar preso dentro da sua bolha, só se alimentando dos seus próprios ideais, mas inevitavelmente você irá querer algo ou alguém que está fora da sua bolha, o que fazer nesse caso? Simples. Expanda a bolha até tudo ser consumido pelo o que você acredita ser o único caminho certo, derrube o que tentar estourar essa bolha. Só há espaço para um nesse mundo. Você.
Meio insano, não?
Mesmo a arte se tornou um campo de guerra político, sustentado pelo ego alheio. O desejo de limitar o entretenimento ao que te apetece, passando por cima dos gostos, opiniões e crenças de outras pessoas, passando por cima das próprias obras.
Porém, essa é uma visão extremamente limitada. De fato, são obras de entretenimento, mas isso é apenas a ponta do iceberg. Toda obra quer ser algo a mais do que apenas uma "obra de entretenimento", ela não deve ser limitada ao ponto de vista de um único sujeito. Um jogo ser criticado por tentar ser muito mais profundo que apenas um gameplay divertido, um anime ser criticado por adotar uma narrativa mais complexa e subjetiva ao invés de ser simplório, um mangá ser criticado por fazer um final interpretativo ao invés de explicar tudo à dedo, uma novel ser criticada por não ter uma narrativa linear fácil de entender. E claro, poderia ser muito bem o oposto de tudo que disse antes, uma obra ser criticada pela simplicidade. Isso tudo é fruto de uma mentalidade que diz que uma boa obra é aquela que segue os seus ideais do que é uma boa obra, automaticamente assumindo que a possibilidade desse ideal estar errado não existe.
O que define uma obra boa ou ruim vai muito além do que ela é, ela ser algo que te desagrada só significa que... Ela não é do seu agrado. Quando uma obra força a pessoa para fora da sua bolha, a reação imediata é uma forte rejeição e desprezo, por isso acredito que será difícil mudar pessoas assim. No entanto, ainda posso tentar alertar quem está do lado de fora para que não caiam no mesmo erro.
Você deve se entreter com essas mídias de entretenimento e não elas te entreterem. Percebe a diferença?
Tem que ser menos sobre você, e mais sobre o que está ao seu redor, caso contrário você não será capaz nem de se divertir sentado em um computador em um quarto fechado, quem dirá conviver em sociedade, afinal, quem anda sempre olhando para baixo há de trombar em alguém ou alguma coisa em algum momento, certo?
Eu aprendi a coexistir com coisas que realmente desgosto, não tenho problemas com quem gosta ou com obras que desgosto fazendo sucesso, se eu consigo, você sem duvidas consegue também. O direito de se divertir não é privado, da mesma forma que você quer algo que te agrade, outras pessoas também querem algo que agradem elas. Se incomodar porque estão produzindo conteúdo do agrado de pessoas que não são você é lamentável. Que tal abrir um pouco a mente para tentar criar um ambiente mais agradável para todo mundo? Parece mais interessante e mais fácil do que uma utopia onde seus ideais são absolutos, não?
Em todo caso, eu precisava expor esse problema que vejo em todo canto atualmente, mesmo em uma comunidade de nicho como essa. Então espero que ao menos sirva para fazer as pessoas olharem menos para si mesma e um pouco mais para a obra diante dela. Pois quem sabe aquele anime "confuso" não esteja tentando trazer uma boa reflexão com respostas ocultas? Ou então quem sabe aquele jogo cheio de cutscenes esteja tentando contar uma história incrível e marcante? De repente aquele mangá simples esteja tentando passar uma mensagem importante para você? Talvez, e só talvez, deixar esses ideais de "certo e errado"/"bom e ruim" de lado e analisar cada obra da maneira que ela tem que ser analisada possa ser uma opção muito melhor para todos nós, você incluso. Afinal, o número de obras que podem ser analisadas sobre um mesmo ponto de vista e/ou ideal fixo é extremamente limitado, só não é mais limitado que as pessoas que tem essa mentalidade. Saraba Da!
Chegou um momento em que, vendo comentários sobre algum anime, mangá, novel, jogo, filme ou qualquer outra mídia de entretenimento, eu acabava me perguntando: "Como e quando a mentalidade das pessoas desceu a esse nível?"
O entretenimento, mais especificadamente os que mencionei acima, sempre foi feito com um interesse amplo, visando atingir o máximo de pessoas possível dentro desse interesse específico. Por exemplo, shounens costumam seguir certas ideias que apetecem ao seu público e isso obviamente não é nenhum problema, só seria um problema se fosse mal feito. Outros gêneros, subgêneros ou mesmo ideias e certos elementos no geral estão sobre buscando atingir o máximo de pessoas possíveis dentro de um grupo específico. Eu colocaria o entretenimento, nesse caso, como algo "geral".
Mas existe também uma outra forma de se fazer o entretenimento, que é buscar dar vida a certas ambições e crenças. As obras que vão por esse caminho normalmente não se importam muito com padrões ou clichês, só querem dar vida a uma obra da forma mais pura possível, o que gera muitas obras diferenciadas e/ou experimentais. Esses dois grupos conseguem coexistir e se misturar, e isso acontece porque ambos tem um objetivo em comum.
Por isso é importante estar olhando para a obra para então considerá-la da melhor maneira possível.
Tudo o que eu disse até então é basicamente um ponto de vista básico que de alguma forma está se tornando cada vez mais raro nos dias de hoje. Existem muitos que adotam a narrativa do "antigamente era bom, hoje só tem coisa ruim", o que é um absurdo pois seja no passado, no presente ou no futuro, sempre terão coisas boas e coisas ruins. Mas é possível ver uma possível fonte dessa e outras mentalidades similares.
Apesar de acreditar que isso seja algo que esteja dentro de todos nós, a internet talvez tenha sido uma grande influência nesse problema, principalmente se considerar as bolhas em que as pessoas escolhem se prender, alimentando essa sensação de auto-importância que por não ser contrariada acaba crescendo como uma bola de neve, o que leva a criação do egocentrismo, que por sua vez distorce o próprio entretenimento e o ponto de vista básico citado um pouco acima nesse texto.
Histórias, ideias, conceitos, mensagens, não importa o que o criador de uma obra possa ter em mente quando decide criá-la. O egocentrismo impede que qualquer coisa seja realmente relevante, e o motivo é bem simples. Há pouco, eu citei que: "Por isso é importante estar olhando para a obra para então considerá-la da melhor maneira possível." e essa citação foi proposital para facilitar o entendimento da situação. A pessoa egocêntrica jamais olha para a obra, ela sempre olha fixamente para o seu próprio umbigo. O mundo gira ao seu redor, logo, a ideia de um entretenimento feito para um certo público ou de uma certa forma específica não é algo bom para uma pessoa assim. O entretenimento deveria ser feito especificadamente para ela, certo? Criarem uma obra pensando em um único individuo, no que ele acredita ser o ideal, e o que ele acredita ser o ideal é um fato, o único caminho correto. As obras são definidas, então, entre aquelas que conseguem entreter esse individuo (Consideradas boas) e as que não conseguem (Consideradas ruins).
---Mas isso é problemático! Afinal, agradar um único individuo totalmente é muito complicado e mesmo o número de coisas produzidas por ano sendo muito grande, ainda falham. Oh, quanta incompetência. Logo, os tipos de obras mais desagradáveis para esse único individuo específico precisam deixar de existir, é claro. Somente as obras que seguem o grande ideal de uma pessoa devem seguir sendo produzidas, ah a utopia, o mundo perfeito.
O rei se senta em sua cadeira, começa a assistir/ler/jogar uma obra e espera a mesma fazer todas as suas vontades. Caso contrário, tirania neles! É um plano simplesmente genial. Estar preso dentro da sua bolha, só se alimentando dos seus próprios ideais, mas inevitavelmente você irá querer algo ou alguém que está fora da sua bolha, o que fazer nesse caso? Simples. Expanda a bolha até tudo ser consumido pelo o que você acredita ser o único caminho certo, derrube o que tentar estourar essa bolha. Só há espaço para um nesse mundo. Você.
Meio insano, não?
Mesmo a arte se tornou um campo de guerra político, sustentado pelo ego alheio. O desejo de limitar o entretenimento ao que te apetece, passando por cima dos gostos, opiniões e crenças de outras pessoas, passando por cima das próprias obras.
Porém, essa é uma visão extremamente limitada. De fato, são obras de entretenimento, mas isso é apenas a ponta do iceberg. Toda obra quer ser algo a mais do que apenas uma "obra de entretenimento", ela não deve ser limitada ao ponto de vista de um único sujeito. Um jogo ser criticado por tentar ser muito mais profundo que apenas um gameplay divertido, um anime ser criticado por adotar uma narrativa mais complexa e subjetiva ao invés de ser simplório, um mangá ser criticado por fazer um final interpretativo ao invés de explicar tudo à dedo, uma novel ser criticada por não ter uma narrativa linear fácil de entender. E claro, poderia ser muito bem o oposto de tudo que disse antes, uma obra ser criticada pela simplicidade. Isso tudo é fruto de uma mentalidade que diz que uma boa obra é aquela que segue os seus ideais do que é uma boa obra, automaticamente assumindo que a possibilidade desse ideal estar errado não existe.
O que define uma obra boa ou ruim vai muito além do que ela é, ela ser algo que te desagrada só significa que... Ela não é do seu agrado. Quando uma obra força a pessoa para fora da sua bolha, a reação imediata é uma forte rejeição e desprezo, por isso acredito que será difícil mudar pessoas assim. No entanto, ainda posso tentar alertar quem está do lado de fora para que não caiam no mesmo erro.
Você deve se entreter com essas mídias de entretenimento e não elas te entreterem. Percebe a diferença?
Tem que ser menos sobre você, e mais sobre o que está ao seu redor, caso contrário você não será capaz nem de se divertir sentado em um computador em um quarto fechado, quem dirá conviver em sociedade, afinal, quem anda sempre olhando para baixo há de trombar em alguém ou alguma coisa em algum momento, certo?
Eu aprendi a coexistir com coisas que realmente desgosto, não tenho problemas com quem gosta ou com obras que desgosto fazendo sucesso, se eu consigo, você sem duvidas consegue também. O direito de se divertir não é privado, da mesma forma que você quer algo que te agrade, outras pessoas também querem algo que agradem elas. Se incomodar porque estão produzindo conteúdo do agrado de pessoas que não são você é lamentável. Que tal abrir um pouco a mente para tentar criar um ambiente mais agradável para todo mundo? Parece mais interessante e mais fácil do que uma utopia onde seus ideais são absolutos, não?
Em todo caso, eu precisava expor esse problema que vejo em todo canto atualmente, mesmo em uma comunidade de nicho como essa. Então espero que ao menos sirva para fazer as pessoas olharem menos para si mesma e um pouco mais para a obra diante dela. Pois quem sabe aquele anime "confuso" não esteja tentando trazer uma boa reflexão com respostas ocultas? Ou então quem sabe aquele jogo cheio de cutscenes esteja tentando contar uma história incrível e marcante? De repente aquele mangá simples esteja tentando passar uma mensagem importante para você? Talvez, e só talvez, deixar esses ideais de "certo e errado"/"bom e ruim" de lado e analisar cada obra da maneira que ela tem que ser analisada possa ser uma opção muito melhor para todos nós, você incluso. Afinal, o número de obras que podem ser analisadas sobre um mesmo ponto de vista e/ou ideal fixo é extremamente limitado, só não é mais limitado que as pessoas que tem essa mentalidade. Saraba Da!
By : Testarossa
Discussão #07 - O quão relevante os gêneros são?
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Não tem jeito, quando se trata de gosto pessoal mesmo a lógica pode acabar caindo por terra. Todos nós gostamos e desgostamos de diversas coisas e o único que pode mudar esses gostos somos nós mesmos.
Dizer que não nos guiamos pelos gêneros, mesmo que parcialmente, seria uma baita mentira. Todo mundo tem gêneros que gostam mais e gêneros que gostam menos, isso é quase uma lei universal, e mesmo o cara que está lá, assistindo de tudo quanto é gênero, ainda tem suas preferências.
Você gosta do que você gosta, você desgosta do que você desgosta. Não tem como ser mais óbvio que isso. Mas e se formos um pouco além no que isso realmente significa?
Os gêneros das obras existem justamente para ser um guia, você que gosta do gênero X, ao ver uma obra do gênero X provavelmente se interessará em dar uma chance para a mesma, o mesmo vale para gêneros que não gosta. Como mídias de entretenimento, tudo é construído visando a facilidade e conforto dos consumidores. Mas para variar, os consumidores são pessoas que muitas vezes são extremamente tendenciosas, egoístas e sem sentido, e muitos acabam tornando esse mero guia em um grande representante.
Pessoas começam a ser mais e mais extremas nos seus pontos de vista, o que gera muitos conflitos absurdamente inúteis e obtusos. Mas no fim, a realidade é que os gêneros nada mais são que um ótimo guia do tipo de conteúdo que uma obra vai ter, e que pode ou não decidir se ela é do seu interesse, e é só. Mas ao invés disso, essas pessoas extremas querem implicar que os gêneros tem correlação direta com a história, narrativa, personagens, execução e qualquer outro elemento da obra, o que é uma grande bobagem.
Você não pode colocar K-On! e Mushishi na mesma caixa só porque os dois são Slice of Life, assim como você não pode colocar Seirei no Moribito e Touken Ranbu na mesma caixa por ambos serem animes históricos, ou Kekkou Kamen e To Love-Ru por serem ecchis.
Convenhamos, a não ser que você seja um amante ou um odiador de um gênero específico, misturar obras apenas pelo gênero é uma decisão muito equivocada. Eu ao menos vou achar muito mais inteligente o cara que compara Code Geass com Death Note pelas ideias similares colocadas na narrativa de ambas as obras, do que o cara que compara Code Geass com Aldnoah.Zero porque os dois são do gênero mecha.
Então na minha concepção os gêneros não são tão relevantes assim, eles são importantes para te guiar para coisas da sua preferência, sem duvidas, mas nunca, jamais dizem absolutamente nada sobre como a história e os personagens vão ser trabalhados e desenvolvidos. Se para você não interessa a história, personagens e afins, pois você odeia o gênero X, ótimo, é perfeitamente válido. Mas não queira colocar opinião no que não conhece, porque sim, só o seu desgosto por um gênero não diz nada sobre o resto da obra (Pois aparentemente muita gente tem ataques de nervos se não der opiniões negativas sobre todas as obras de um determinado gênero, mesmo sem conhecer). Da mesma forma, não importa o quão fascinante você ache um determinado gênero, isso não te dá o direito de tentar atropelar o gosto e ponto de vista dos outros porque você acha inaceitável pensarem diferente, ninguém é obrigado a aturar algo que não gosta pois você acha bom. O mundo é grande o bastante para ter espaço para todo mundo.
Eu acredito que as pessoas deveriam fazer menos, bem menos, pré-julgamentos sobre obras desconhecidas baseadas apenas nos gêneros, mas acredito que eles ainda são relevantes o bastante para ser válido você evitar uma obra por ser de determinado gênero, independente dos elogios alheios. Mas é uma discussão que certamente trás muitos pontos de vistas diferentes, então digam vocês: O quão relevante vocês acham que os gêneros são para uma obra? Saraba Da!
Não tem jeito, quando se trata de gosto pessoal mesmo a lógica pode acabar caindo por terra. Todos nós gostamos e desgostamos de diversas coisas e o único que pode mudar esses gostos somos nós mesmos.
Dizer que não nos guiamos pelos gêneros, mesmo que parcialmente, seria uma baita mentira. Todo mundo tem gêneros que gostam mais e gêneros que gostam menos, isso é quase uma lei universal, e mesmo o cara que está lá, assistindo de tudo quanto é gênero, ainda tem suas preferências.
Você gosta do que você gosta, você desgosta do que você desgosta. Não tem como ser mais óbvio que isso. Mas e se formos um pouco além no que isso realmente significa?
Os gêneros das obras existem justamente para ser um guia, você que gosta do gênero X, ao ver uma obra do gênero X provavelmente se interessará em dar uma chance para a mesma, o mesmo vale para gêneros que não gosta. Como mídias de entretenimento, tudo é construído visando a facilidade e conforto dos consumidores. Mas para variar, os consumidores são pessoas que muitas vezes são extremamente tendenciosas, egoístas e sem sentido, e muitos acabam tornando esse mero guia em um grande representante.
Pessoas começam a ser mais e mais extremas nos seus pontos de vista, o que gera muitos conflitos absurdamente inúteis e obtusos. Mas no fim, a realidade é que os gêneros nada mais são que um ótimo guia do tipo de conteúdo que uma obra vai ter, e que pode ou não decidir se ela é do seu interesse, e é só. Mas ao invés disso, essas pessoas extremas querem implicar que os gêneros tem correlação direta com a história, narrativa, personagens, execução e qualquer outro elemento da obra, o que é uma grande bobagem.
Você não pode colocar K-On! e Mushishi na mesma caixa só porque os dois são Slice of Life, assim como você não pode colocar Seirei no Moribito e Touken Ranbu na mesma caixa por ambos serem animes históricos, ou Kekkou Kamen e To Love-Ru por serem ecchis.
Convenhamos, a não ser que você seja um amante ou um odiador de um gênero específico, misturar obras apenas pelo gênero é uma decisão muito equivocada. Eu ao menos vou achar muito mais inteligente o cara que compara Code Geass com Death Note pelas ideias similares colocadas na narrativa de ambas as obras, do que o cara que compara Code Geass com Aldnoah.Zero porque os dois são do gênero mecha.
Então na minha concepção os gêneros não são tão relevantes assim, eles são importantes para te guiar para coisas da sua preferência, sem duvidas, mas nunca, jamais dizem absolutamente nada sobre como a história e os personagens vão ser trabalhados e desenvolvidos. Se para você não interessa a história, personagens e afins, pois você odeia o gênero X, ótimo, é perfeitamente válido. Mas não queira colocar opinião no que não conhece, porque sim, só o seu desgosto por um gênero não diz nada sobre o resto da obra (Pois aparentemente muita gente tem ataques de nervos se não der opiniões negativas sobre todas as obras de um determinado gênero, mesmo sem conhecer). Da mesma forma, não importa o quão fascinante você ache um determinado gênero, isso não te dá o direito de tentar atropelar o gosto e ponto de vista dos outros porque você acha inaceitável pensarem diferente, ninguém é obrigado a aturar algo que não gosta pois você acha bom. O mundo é grande o bastante para ter espaço para todo mundo.
Eu acredito que as pessoas deveriam fazer menos, bem menos, pré-julgamentos sobre obras desconhecidas baseadas apenas nos gêneros, mas acredito que eles ainda são relevantes o bastante para ser válido você evitar uma obra por ser de determinado gênero, independente dos elogios alheios. Mas é uma discussão que certamente trás muitos pontos de vistas diferentes, então digam vocês: O quão relevante vocês acham que os gêneros são para uma obra? Saraba Da!
By : Testarossa
Chousen #02 - Descreva os prós das suas 5 obras favoritas!
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Fazer desafios que tenham cara de desafios mesmo é bem difícil, achei que eu tivesse ideias de sobra, mas logo notei que muitas delas não eram realmente desafios, mas sim apenas questões a se pensar. Se tiver alguma sugestão, não hesite em oferecê-la nos comentários, afinal, não tem que ser só eu a desafiar vocês, certo? Podemos desafiar uns aos outros.
O tema de hoje talvez seja mais difícil que o primeiro, porém, acredito que seja muito mais interessante de se fazer do que o anterior. Hoje estaremos começando no mundo dos negócios da cultura japonesa! A ideia é vocês escolherem 5 obras do seu agrado e tentar explicar o porque às pessoas deveriam dar uma chance para ela.
Talvez você esteja se perguntando: "Mas espera, isso é basicamente fazer uma review, não? Como uma coisa simples dessas teria graça como um desafio?"
Hah, de fato. Não há como negar isso, e é justamente por essa razão que terá uma regra extra! Vocês devem fazer comentários convincentes sobre 5 obras sem usar em momento algum a história, personagens, arte, sonoplastia ou entretenimento como argumento no seu comentário. Esse é o real desafio!
Vale dizer que você ainda pode usar os 5 elementos citados acima se for criativo o bastante, só uma dica. Embora eu tenha dito "favoritas", sinta-se livre para falar sobre qualquer obra que quiser, tal como embora eu tenha dito "cultura japonesa", pode falar sobre qualquer mídia, o importante é o desafio em si e não as obras, por isso é uma boa opção também falar o que a obra é para você a nível pessoal, uma escolha válida. Vamos a minha lista:
Fazer desafios que tenham cara de desafios mesmo é bem difícil, achei que eu tivesse ideias de sobra, mas logo notei que muitas delas não eram realmente desafios, mas sim apenas questões a se pensar. Se tiver alguma sugestão, não hesite em oferecê-la nos comentários, afinal, não tem que ser só eu a desafiar vocês, certo? Podemos desafiar uns aos outros.
O tema de hoje talvez seja mais difícil que o primeiro, porém, acredito que seja muito mais interessante de se fazer do que o anterior. Hoje estaremos começando no mundo dos negócios da cultura japonesa! A ideia é vocês escolherem 5 obras do seu agrado e tentar explicar o porque às pessoas deveriam dar uma chance para ela.
Talvez você esteja se perguntando: "Mas espera, isso é basicamente fazer uma review, não? Como uma coisa simples dessas teria graça como um desafio?"
Hah, de fato. Não há como negar isso, e é justamente por essa razão que terá uma regra extra! Vocês devem fazer comentários convincentes sobre 5 obras sem usar em momento algum a história, personagens, arte, sonoplastia ou entretenimento como argumento no seu comentário. Esse é o real desafio!
Vale dizer que você ainda pode usar os 5 elementos citados acima se for criativo o bastante, só uma dica. Embora eu tenha dito "favoritas", sinta-se livre para falar sobre qualquer obra que quiser, tal como embora eu tenha dito "cultura japonesa", pode falar sobre qualquer mídia, o importante é o desafio em si e não as obras, por isso é uma boa opção também falar o que a obra é para você a nível pessoal, uma escolha válida. Vamos a minha lista:
1. Non Non Biyori
Eu sempre gostei bastante de slice of life, iyashikei em especial sempre foi algo que tive muito apreço. No entanto, Non Non Biyori foi bem além do que eu esperaria, e bem rapidamente se tornou muito mais que "um anime que eu assisto semanalmente". Toda semana havia uma alta expectativa, pois eu sabia que independente de como eu estava me sentindo, ao terminar de assistir um episódio de Non Non Biyori, eu já estaria diferente---positivamente falando. É um anime que me remete a tempos bons. Uma das coisas que mais gosto nele é o quão bem construída é a sua ambientação, desde cenários e sons até as próprias atitudes das personagens e isso influência muito na sua experiência, principalmente pelo cenário da obra se passar em uma área rural. Um dos meus animes favoritos e eu o recomendo para qualquer um!
2. Touhou Ibara Kasen: Wild and Horned Hermit.
Touhou está entre minhas obras favoritas de todas as mídias, porém o que mais me encanta em Wild and Horned Hermit vai muito além de apenas ser uma das várias obras de uma das minhas franquias favoritas. O quanto você vai gostar desse mangá vai depender muito do quanto você gosta de cultura, folclore e mitologia. Eu gosto muito dos três, por isso ler esse mangá me proporciona excelentes aulas sobre a cultura japonesa. Não bastasse, isso ainda é auxiliado com muitos diálogos e eventos mais filosoficamente carregados, o que o torna realmente um mangá muito único.
3. Majo no Tabitabi
Como alguém que não só gosta de criar, mas também de contar histórias, Majo no Tabitabi funcionou muito bem comigo. A light novel trás à tona tanto os altos quanto os baixos de obras episódicas, mas acima de tudo mostra o quão fascinante esse estilo narrativo pode ser. Uma boa descrição para cada livro de Majo no Tabitabi seria "uma coleção de diferentes experiências", é como se você sentasse em uma mesa com uma pessoa e ouvisse as incontáveis histórias que ela tem para contar. Algumas são interessantes, algumas são chatas, algumas são incríveis, e no final de cada livro você se sente realmente satisfeito.
4. Koiken Otome
Koiken Otome é uma Visual Novel que dependendo da sua perspectiva e expectativas pode não ser uma experiência muito positiva. O que valeu a obra para mim foi como ela gira em torno de objetivos de uma maneira bastante relacionável. Quem aí já não teve dúvidas se realmente conseguiria alcançar um objetivo complicado? Quem aí já não foi injustiçado pelas expectativas egoístas que outras pessoas colocavam em você? Quem aí já não teve que lidar com a descrença dos outros em relação a um objetivo que você decidiu seguir? Koiken Otome trás umas perspectivas bem legais e trabalha em cima delas muito bem, apesar de alguns deslizes.
5. Amayui Castle Meister
Para finalizar, nada melhor do que falar de Amayui Castle Meister. Se eu tivesse que citar um tipo de história que eu goste bastante, esse tipo seria as Odisseias. Amayui é uma excelente odisseia pelo que a jornada representa e pelo mundo que a obra se passa. Um dos principais temas da Visual Novel é a religião, pois no universo da obra a maior parte do continente crê na mesma religião. Graças a isso vemos uma implicação direta dos protagonistas buscando a terra sagrada em busca da verdade, querendo se livrar das amarras que a religião impõe nas pessoas. Não o bastante ainda existe política e terrorismo envolvidos no meio, fazendo a jornada ser uma experiência realmente inesquecível e a Visual Novel ser uma das minhas favoritas de todas.
5. Amayui Castle Meister
Para finalizar, nada melhor do que falar de Amayui Castle Meister. Se eu tivesse que citar um tipo de história que eu goste bastante, esse tipo seria as Odisseias. Amayui é uma excelente odisseia pelo que a jornada representa e pelo mundo que a obra se passa. Um dos principais temas da Visual Novel é a religião, pois no universo da obra a maior parte do continente crê na mesma religião. Graças a isso vemos uma implicação direta dos protagonistas buscando a terra sagrada em busca da verdade, querendo se livrar das amarras que a religião impõe nas pessoas. Não o bastante ainda existe política e terrorismo envolvidos no meio, fazendo a jornada ser uma experiência realmente inesquecível e a Visual Novel ser uma das minhas favoritas de todas.
A ideia desse desafio, para dizer a verdade, é tentar tirar vocês um pouco dessa rotina criada pela comunidade de analisar absolutamente todas as obras sobre os mesmos critérios. Eu fortemente acredito que cada obra tem algo diferente para oferecer (Ou tenta) que não se restringe apenas aos critérios mais padronizados (História, personagens, arte, som e entretenimento). Por isso embora possa vir a ser importante analisar os critérios proibidos aqui, eu acredito que também possam existir outros fatores tão importantes quanto estes ou até mais, que possam ter uma influência sobre o porque alguém achar uma obra boa ou não. Em suma, acredito que você precise de uma lente diferente para cada obra, e não a mesma lente para todas elas. Por isso eu quero ler de vocês: Tirando os 5 fatores mais comuns, o que certas obras fizeram para te ganhar? Descrevam aí! Saraba Da!
By : Testarossa
Por que adaptações de Visual Novel costumam dar tão errado?
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Se você já leu o meu post que explica porque Visual Novel é a minha mídia favorita e acompanha as temporadas de anime de perto, deve conseguir ter uma ideia de como eu me sinto vendo o estado que nos encontramos atualmente em relação a adaptações em anime de VNs.
Caso não esteja entendendo o que quero dizer, nesse post tudo será esclarecido.
Há uma ou duas décadas atrás costumávamos ver mais adaptações de VNs, se pararmos para procurar hoje em dia tem muitas adaptações escondidas no meio da multidão de obras esquecidas pelo tempo. A maioria dessas adaptações, independente de boas ou ruins, foram muito inexpressivas, seja em popularidade, seja em vendas. Um dos possíveis motivos para isso acontecer foram provavelmente as VNs que foram adaptadas, sendo normalmente romances, dramas e comédias, a maioria das adaptações eram obras não muito chamativas para início de conversa. Mesmo as poucas que se destacaram não receberam tanta atenção assim.
Existia um motivo para isso, e esse motivo pode ser indiretamente visto em animes como Clannad e Da Capo. Visual Novel é uma mídia longa por natureza, uma história contada ao longo de 4-5 horas de texto é considerada curta, sendo que é exatamente esse o tempo que gastamos com um anime de 12 episódios.
Quando você tenta trazer uma obra com uma trama mais complexa para o formato de anime, a transição se torna muito mais delicada. Fazer de qualquer jeito acaba rendendo animes problemáticos como o primeiro Fate/Stay Night, Tsukihime ou 11Eyes. Todas essas eram Visual Novels longas com histórias complexas e simplesmente não vingaram ao serem adaptadas como anime (No quesito qualidade, ao menos, já que Fate e Tsukihime foram, na verdade, dois sucessos de vendas).
Quando adaptações em anime de VNs estavam em alta, isso é, há cerca de 10 anos atrás, eles jogavam seguro e tinham mais interesse em investir em animes do tipo. No entanto, com o passar do tempo a "febre" morreu e cada vez menos Visual Novels ganhavam adaptação para anime. Entrando em uma era muito mais comercial, começamos a ver um grande aumento de animes diferentes por temporada, e uma grande redução de animes com mais de 12 episódios ou continuações, esse foi um fator crucial para a "quase-morte" das adaptações de Visual Novels.
O sistema de adaptações para anime começou a se focar mais em fazer propaganda para o material original, tentando alavancar as vendas com adaptações em anime (Ou mangá, em casos de LNs e VNs), ou seja, a adaptação em si já era considerado como uma escada ao invés de tentar contar uma boa história em uma mídia diferente.
Mas isso nos leva a outro problema grave: Visual Novels quase sempre são lançadas já como uma história completa, não é o tipo de mídia que a mesma história continua sendo publicada ao longo dos anos. O que isso significa? Significa que VNs não estão aptas ao sistema de propaganda que as adaptações adotaram, fazer adaptações de VNs para o mercado de anime seria a mesma coisa ou pior ainda que adaptar algum mangá ou LN antigo, já finalizado há muitos anos.
Tendo isso em mente, o número de VNs que ganham adaptação em anime por ano desceu a ponto de dar para contar nos dedos, e todas as adaptações acabavam falhando miseravelmente. Isso porque dificilmente a VN ganharia um anime de 24 episódios ou mais, e por ser uma obra já finalizada, eles acabam preferindo adaptar todo o conteúdo da novel nos míseros 12 episódios que provavelmente a adaptação teria. E quando eu digo "todo o conteúdo", é realmente todo o conteúdo, no caso de uma história com múltiplas rotas, as chances da adaptação tentar enfiar todas as rotas em um único anime são altas. Nesse caso você acaba tendo dezenas de horas de conteúdo comprimidos em 12 episódios, em um anime provavelmente não tão bem produzido, o que resulta no desgosto do público, vendas minúsculas e mais uma obra indo para a vala.
A bola de neve ainda pode crescer um pouco mais... Como poucas VNs por ano ganham adaptação, eles escolhem com muito mais cuidado o que adaptar hoje em dia, o que significa que ou uma VN recém-lançada que chamou bastante atenção vai ganhar adaptação para tentar enquadrar ela no sistema de propaganda, ou uma VN antiga bastante popular ou de uma empresa grande (Exemplos: Key ou Type-Moon) ganha essa adaptação. Essas VNs costumam não só serem longas, mas também bem mais difíceis de adaptar, o que só garante ainda mais a provável falha que vai ser a adaptação.
O que não faltam são boas Visual Novels curtas que se encaixariam perfeitamente em um anime de 12 episódios ou menos, mas por outro lado, raramente elas ganham destaque o bastante para isso.
Resumindo essa bola de neve:
A fim de curiosidade, das poucas exceções ao que eu disse aqui nesse post, quase todas venderam muito bem e ficaram super populares (Exemplos: Steins;Gate, Clannad, Fate/Stay Night: Unlimited Blade Works).
Infelizmente a realidade é uma só, adaptações de Visual Novels dificilmente são boas, possíveis contra-medidas para isso seriam ter mais episódios, simplesmente adaptar apenas uma parte da obra com os episódios que vai ter ou escolher uma VN de duração curta. Mas enquanto não mudarem essa mentalidade de querer fazer dos animes (E mangás) meras propagandas para o original e lançar 50 animes de 12 episódios por temporada, dificilmente isso acontecerá.
Acho que fazer esse post era uma necessidade já que a essa altura muitas pessoas já criaram uma visão muito errada de uma mídia que não conhecem nada baseado em adaptações que não a representam. Steins;Gate e Clannad podem ser exceções nas adaptações em anime de VNs, porém estão longe de ser "grandes exceções" de qualidade na mídia em si, e pensar que a grande maioria das pessoas jamais conhecerão outras obras tão boas ou até melhores que essas é um pouco triste. Porém, ainda é melhor do que ter um anime horrível e criar uma visão errada, imagino. Saraba Da!
Se você já leu o meu post que explica porque Visual Novel é a minha mídia favorita e acompanha as temporadas de anime de perto, deve conseguir ter uma ideia de como eu me sinto vendo o estado que nos encontramos atualmente em relação a adaptações em anime de VNs.
Caso não esteja entendendo o que quero dizer, nesse post tudo será esclarecido.
Há uma ou duas décadas atrás costumávamos ver mais adaptações de VNs, se pararmos para procurar hoje em dia tem muitas adaptações escondidas no meio da multidão de obras esquecidas pelo tempo. A maioria dessas adaptações, independente de boas ou ruins, foram muito inexpressivas, seja em popularidade, seja em vendas. Um dos possíveis motivos para isso acontecer foram provavelmente as VNs que foram adaptadas, sendo normalmente romances, dramas e comédias, a maioria das adaptações eram obras não muito chamativas para início de conversa. Mesmo as poucas que se destacaram não receberam tanta atenção assim.
Existia um motivo para isso, e esse motivo pode ser indiretamente visto em animes como Clannad e Da Capo. Visual Novel é uma mídia longa por natureza, uma história contada ao longo de 4-5 horas de texto é considerada curta, sendo que é exatamente esse o tempo que gastamos com um anime de 12 episódios.
Quando você tenta trazer uma obra com uma trama mais complexa para o formato de anime, a transição se torna muito mais delicada. Fazer de qualquer jeito acaba rendendo animes problemáticos como o primeiro Fate/Stay Night, Tsukihime ou 11Eyes. Todas essas eram Visual Novels longas com histórias complexas e simplesmente não vingaram ao serem adaptadas como anime (No quesito qualidade, ao menos, já que Fate e Tsukihime foram, na verdade, dois sucessos de vendas).
Quando adaptações em anime de VNs estavam em alta, isso é, há cerca de 10 anos atrás, eles jogavam seguro e tinham mais interesse em investir em animes do tipo. No entanto, com o passar do tempo a "febre" morreu e cada vez menos Visual Novels ganhavam adaptação para anime. Entrando em uma era muito mais comercial, começamos a ver um grande aumento de animes diferentes por temporada, e uma grande redução de animes com mais de 12 episódios ou continuações, esse foi um fator crucial para a "quase-morte" das adaptações de Visual Novels.
O sistema de adaptações para anime começou a se focar mais em fazer propaganda para o material original, tentando alavancar as vendas com adaptações em anime (Ou mangá, em casos de LNs e VNs), ou seja, a adaptação em si já era considerado como uma escada ao invés de tentar contar uma boa história em uma mídia diferente.
Mas isso nos leva a outro problema grave: Visual Novels quase sempre são lançadas já como uma história completa, não é o tipo de mídia que a mesma história continua sendo publicada ao longo dos anos. O que isso significa? Significa que VNs não estão aptas ao sistema de propaganda que as adaptações adotaram, fazer adaptações de VNs para o mercado de anime seria a mesma coisa ou pior ainda que adaptar algum mangá ou LN antigo, já finalizado há muitos anos.
Tendo isso em mente, o número de VNs que ganham adaptação em anime por ano desceu a ponto de dar para contar nos dedos, e todas as adaptações acabavam falhando miseravelmente. Isso porque dificilmente a VN ganharia um anime de 24 episódios ou mais, e por ser uma obra já finalizada, eles acabam preferindo adaptar todo o conteúdo da novel nos míseros 12 episódios que provavelmente a adaptação teria. E quando eu digo "todo o conteúdo", é realmente todo o conteúdo, no caso de uma história com múltiplas rotas, as chances da adaptação tentar enfiar todas as rotas em um único anime são altas. Nesse caso você acaba tendo dezenas de horas de conteúdo comprimidos em 12 episódios, em um anime provavelmente não tão bem produzido, o que resulta no desgosto do público, vendas minúsculas e mais uma obra indo para a vala.
A bola de neve ainda pode crescer um pouco mais... Como poucas VNs por ano ganham adaptação, eles escolhem com muito mais cuidado o que adaptar hoje em dia, o que significa que ou uma VN recém-lançada que chamou bastante atenção vai ganhar adaptação para tentar enquadrar ela no sistema de propaganda, ou uma VN antiga bastante popular ou de uma empresa grande (Exemplos: Key ou Type-Moon) ganha essa adaptação. Essas VNs costumam não só serem longas, mas também bem mais difíceis de adaptar, o que só garante ainda mais a provável falha que vai ser a adaptação.
O que não faltam são boas Visual Novels curtas que se encaixariam perfeitamente em um anime de 12 episódios ou menos, mas por outro lado, raramente elas ganham destaque o bastante para isso.
Resumindo essa bola de neve:
- A única coisa que importa são os lucros
- A maioria das VNs com o suposto potencial para lucrar são longas
- Decidem adaptar VNs longas, mas não querem investir nelas e querem adaptar 100% da obra, o que resulta em um anime muito mal-sucedido e um grande prejuízo
- Veem que adaptações de VNs supostamente não rendem (Pois nem investem, nem adaptam as obras certas) e começam a adaptar menos e menos
A fim de curiosidade, das poucas exceções ao que eu disse aqui nesse post, quase todas venderam muito bem e ficaram super populares (Exemplos: Steins;Gate, Clannad, Fate/Stay Night: Unlimited Blade Works).
Infelizmente a realidade é uma só, adaptações de Visual Novels dificilmente são boas, possíveis contra-medidas para isso seriam ter mais episódios, simplesmente adaptar apenas uma parte da obra com os episódios que vai ter ou escolher uma VN de duração curta. Mas enquanto não mudarem essa mentalidade de querer fazer dos animes (E mangás) meras propagandas para o original e lançar 50 animes de 12 episódios por temporada, dificilmente isso acontecerá.
Acho que fazer esse post era uma necessidade já que a essa altura muitas pessoas já criaram uma visão muito errada de uma mídia que não conhecem nada baseado em adaptações que não a representam. Steins;Gate e Clannad podem ser exceções nas adaptações em anime de VNs, porém estão longe de ser "grandes exceções" de qualidade na mídia em si, e pensar que a grande maioria das pessoas jamais conhecerão outras obras tão boas ou até melhores que essas é um pouco triste. Porém, ainda é melhor do que ter um anime horrível e criar uma visão errada, imagino. Saraba Da!
By : Testarossa