• Posted by : Testarossa terça-feira, 2 de julho de 2019


    Isekai é o 'boom' do momento, quando as pessoas já estavam achando "saturado" sair 3-4 animes isekai a cada 200 animes, o número subitamente subiu para 3-4 a cada 50. Basicamente cerca de 2% dos animes que saem anualmente eram isekais há 3~4 anos atrás, hoje esse número subiu para cerca de 7 ou 8%. Se já havia muitas pessoas que deliberadamente se incomodavam com meia dúzia de isekais por ano, imagina quase esse número chega a uma dúzia ou mais?
    Claro, esse não é um processo novo. Aconteceu o mesmo com slice of life moe muitos anos atrás, todo anime novo do tipo era duramente atacado simplesmente por existir, mas eventualmente as pessoas se aquietaram e ninguém mais fala nada mesmo quando sai cinco deles na mesma temporada.

    Porém, existe um grande problema, principalmente nos dias de hoje, em casos como esse, que é o motivo desse post para início de conversa. Nos últimos tempos há algo que eu venho observando com alguma frequência, e que me chamou ainda mais atenção nas duas últimas semanas ao ver um youtuber (Estrangeiro) de anime com mais de um milhão de inscritos e um artigo da ANN cometerem o mesmo erro. Isso é: Rotular como isekai algo que não é isekai.
    O artigo da ANN, intitulado "Os 6 grupos de Isekai mais atraentes do Verão/2019", já começa com o pé esquerdo uma vez que para ter "os 6 mais atraentes", precisaria ter um número maior que 6 para listá-los, o que não é o caso, o que trás à tona a velha necessidade de ser caça-cliques, por isso o título. No entanto, a pseudo-polêmica aconteceu mesmo quando a redatora erroneamente listou DanMachi nessa lista, o que fez muita gente reclamar disso. A redatora em questão já admitiu o erro e se desculpou (OBS: Na abertura do post a própria redatora "explica" a premissa de Isekai, premissa essa que DanMachi não se enquadra, então foi um erro bem esquisito), mas esse caso é só mais um de algo que vem ocorrendo recentemente, mas logo logo chego lá.
    Esse erro rendeu uma grande discussão nos posts desse artigo, o que pode explicar não haver alterações no artigo em si já que ter mais movimentação é bom para eles, de pessoas criticando o erro da redatora e pessoas criticando quem estava criticando o erro da redatora, tudo em cima da discussão do que é ou não é isekai, e o que é ou não aceitável chamar de isekai.

    Muitos se referem a isekai como um gênero, o que para mim não é uma boa ideia, por isso quase sempre me refiro a isekai como apenas um sub-gênero, mas talvez mesmo eu não esteja muito certo em usar esse termo. O fato mesmo é que isekai é um conceito, cuja definição em obras de ficção é "protagonista é transportado para outro mundo" e só. No meu Sou Nan Da! #03 eu falo mais a fundo sobre Isekai, caso queira uma abordagem mais extensa.
    A questão é que, por definição, para ser um Isekai antes de mais nada a obra precisa que o(a) protagonista seja transportado(a) para outro mundo. É isso, não tem muito segredo e é bem fácil de entender, certo? Bem, pelo visto não.

    "Definição é uma explicação clara e concisa de alguma coisa, é o significado.
    Definição é um substantivo feminino. Do latim “definitione” que significa uma exposição com precisão."
    "Explicação do sentido de uma palavra, vocábulo, expressão, pensamento, conceito"
    Às vezes o que me parece é que falta para as pessoas pararem e procurarem saber o que é ter uma definição, como mostrado acima. Mas na realidade o buraco é mais em baixo.
    Como eu disse antes, o post da ANN rendeu muita discussão sobre o que é ou não é Isekai, que é algo que não deveria acontecer, ou ao menos muito raramente em casos muito ambíguos. Isso porque você raramente vê as pessoas discutirem se uma obra é ou não é de gênero X ou Y, salvo uma ou duas exceções. O que me leva a refletir sobre o porquê disso acontecer nesse caso? Mas não precisa pensar muito para chegar lá... Mal-intencionado ou não, no fim isso é claramente causado por um desgosto ao conceito em si, o que é um problema que vai muito além de subgêneros de ficção. As pessoas estão criando o hábito de manipular definições para incluir/excluir o que lhes agrada/desagrada, é uma ação totalmente tendenciosa que só serve para espalhar desinformação.
    Existem pessoas que por gostar de certas obras, ao ver essas obras serem enquadradas como algo que detestam (Leia-se Isekai), se recusam a querer "misturar essa boa obra a essas coisas ruins", e também existem pessoas que acham "é parecido, logo, é a mesma coisa" quando, além de estar errado, muitas vezes nem parecido é.
    E sabe a quem isso ajuda? Exato, ninguém. Quem odeia Isekai vai deixar de ver obras que não fazem parte do subgênero porque pessoas ficam estupidamente rotulando obras aleatoriamente, e pessoas que gostam de Isekai vão assistir certos animes esperando ver o que gostam e vão ter as expectativas quebradas. Gêneros e subgêneros existem para guiar as pessoas para o que gostam ou permiti-las evitar o que não gostam, não para ficar manipulando e inventando suas próprias definições.

    Vale ressaltar: Isso só acontece com tipos de obras que muitos não gostam, não é algo normal, e é, muitas vezes, até desonesto. Existem casos discutíveis, as obras que se passam em realidades virtuais, por exemplo, são ou não são Isekais? Segundo o autor de Sword Art Online, sua obra não é um Isekai porque em nenhum momento os personagens saem do mundo em que estão. Ainda assim, existe a ideia do protagonista ser transportado para um outro mundo sendo instigada em obras do tipo. Esse tipo de caso é possível se ter uma discussão, e até aí é saudável. O que não pode é pegar uma obra onde é simplesmente uma obra de fantasia normal e rotulá-la como Isekai porque sim. Muitos cometem o maior erro que é querer dizer que algo faz ou não parte do subgênero baseado em clichês e afins, coisas que definitivamente não são parte do que definem o conceito. Clichês não definem nada, são apenas artifícios utilizados na narrativa de algumas obras, algo opcional para o autor. Por fim, não é porque muita gente compara Code Geass com Death Note que Death Note agora é um anime de mecha. Sei que é pedir demais para uma geração com tanto extremista na internet, mas meia dúzia de similaridades não torna uma obra igual a outra.

    O pedido que fica é que vocês se atenham as definições reais de cada gênero ou subgênero. Tem gente que até hoje acha que Isekai são obras de fantasia. Muita gente simplesmente não tem conhecimento sobre essas coisas, e podem ser vulneráveis a pessoas espalhando sua visão distorcida e tendenciosa sobre as coisas para desinformar os outros. Essas pessoas já conseguiram fazer isso com outro gênero, e com incontáveis obras, então não é algo impossível de acontecer. Tentar comprar briga contra desinformação pode ser um esforço inútil, mas não dá para dizer que não tentei. Saraba Da!

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